Carta-compromisso pelo direito à educação das meninas negras.

Pesquisa realizada por Geledés Instituto da Mulher Negra revela que meninas negras são as mais atingidas pelas desigualdades educacionais.

Destaque em Notícias Gênero e Educação. Em arte de colagem, é possível ver uma foto de uma criança negra olhando acenando

É notório que o direito à educação nunca foi realidade para todas as crianças e adolescentes no Brasil. Contudo, a pandemia de COVID-19 tem agravado ainda mais um cenário já bastante comprometido, causando impactos irreversíveis à educação no Brasil, onde a maioria das escolas não conta com o suporte necessário para o oferecimento do ensino remoto ou a distância. No que diz respeito às meninas negras, a pesquisa A educação de meninas negras em tempos de pandemia: o aprofundamento das desigualdades, realizada por Geledés Instituto da Mulher Negra no município de São Paulo, revela que elas são as mais atingidas pelas desigualdades educacionais.

Os impactos da pandemia na trajetória educacional das estudantes negras evidenciam que o encontro das opressões de gênero e raça determinam lugares e possibilidades distintas na vida em sociedade, limitam sua trajetória escolar e impactam negativamente suas perspectivas de futuro. Ao falarmos de crianças e adolescentes negros, estamos abordando sujeitos que enfrentam privações ainda mais densas no acesso à alimentação adequada, à moradia segura, à permanência na escola, dentre outras violações de direitos que assolam suas vidas.

Destacar a situação das meninas negras não é ignorar as violações que atingem as demais parcelas vulneráveis da sociedade brasileira, mas sim reconhecer que são elas as maiores vítimas do trabalho infantil doméstico, da exploração sexual infantil, da gravidez na adolescência, do casamento infantil, todas estas violações que se agravaram durante a pandemia.

Este cenário indica que quando todas as crianças estiverem preparadas para voltar à escola pós pandemia, as meninas negras não estarão lá, ou estarão em números ainda menores. Por isso, as entidades que subscrevem a presente “Carta-compromisso pelo direito à educação das meninas negras reconhecem a necessidade de olhar para a situação deste grupo específico a partir das suas especificidades e subjetividades, para que nenhuma menina negra fique ainda mais para trás nesta sociedade, já tão desigual onde as crianças e adolescentes negras são as últimas da fila depois de ninguém.

Mais vulnerabilidade, menos acesso

A pesquisa também revelou um efeito dominó causado pela pandemia: a ausência de um tipo de serviço na vida das pessoas ocasiona diversas outros tipos de violações, demonstrando que os direitos fundamentais são indivisíveis e interdependentes até mesmo na ausência – não é apenas na garantia dos direitos que eles se somam, mas a ausência de um dos direitos subtrai inclusive aquilo que estiver funcionando. Neste sentido, a criança sem acesso à escola está menos visível e mais vulnerável às situações de violência, têm menos refeições por dia a depender das condições de sua família e seus direitos de aprendizagem estão sendo violados.

As meninas negras, como grupo mais vulnerável, ao tomar medidas específicas para proteger seus direitos, em especial à educação, todas as outras crianças também serão protegidas, contudo, o contrário não garante a proteção de seus direitos. Desta forma, são urgentes as seguintes ações para a garantia e efetivação do direito à educação das meninas negras, e consequentemente de todas as crianças:

1 – Políticas de redistribuição de renda que garantam condições financeiras e segurança para que as famílias em contexto de vulnerabilidade possam cumprir o período de isolamento social;

2 – Acompanhamento e orientação das famílias para a realização das atividades escolares e garantia de outros direitos durante o período de isolamento social;

3 – Disponibilizar equipamentos e o acesso universal à Internet gratuito para estudantes da educação básica e profissionais da educação durante o período de ensino remoto;

4 – Busca ativa de estudantes que evadiram durante o período do ensino remoto, com recorte de raça e gênero, com a realização de pesquisa sobre as condições para o cumprimento das atividades escolares e elaboração de políticas públicas para a permanência desses grupos nas escolas;

5 – Criação de políticas e programas de ações afirmativas na educação voltados aos estudantes negros e às meninas negras, com metas de equalização para a redução das desigualdades educacionais;

6 – Formação de profissionais da educação em raça e gênero;

7 – Implementação de propostas pedagógicas que contemplem raça e gênero;

8 – Monitoramento das condições de vida das crianças e adolescentes nos territórios mais vulneráveis, e acompanhamento da aprendizagem.

CLIQUE AQUI PARA SUBSCREVER A CARTA-COMPROMISSO

Fonte: Portal Geledés

Defenda a Escola: 8 motivos para dizer não à educação domiciliar

Em 8 argumentos, material explica como a Escola é uma instituição insubstituível para a garantia do direito à educação e dos direitos de crianças.

Imagem de uma criança assustada com as mãos cobrindo os olhos. A Imagem é destaque da matéria8 motivos para dizer não à educação domiciliar

“A Escola é um espaço de proteção de crianças e adolescentes”.

É o que diz o material Defenda a Escola: 8 argumentos para dizer Não à educação domiciliar, realizado por uma aliança de organizações, redes e entidades da sociedade civil que atuam pela garantia do direito humano à educação de qualidade.

A aliança é composta por instituições acadêmicas, entidades sindicais, gestoras e gestores públicos, conselhos municipais de educação, organizações religiosas, juristas e movimentos sociais de mulheres, pessoas LGBTQI+ e pessoas negras.

A educação domiciliar aprofunda as desigualdades

Em 8 argumentos, o material explica como a educação domiciliar (conhecida como homeschooling) pode influenciar no aumento da violência doméstica, exploração sexual, evasão escolar, insegurança alimentar e demais problemas que ampliam a desobrigação do Estado com a garantia do direito humano à educação de qualidade para todas as pessoas.

ACESSE O MATERIAL COMPLETO

Contrários aos Projetos de Leis que visam a regulamentação da educação domiciliar e ao PL 3.262/2019 que descriminaliza a pratica, organizações, redes e entidades da sociedade civil afirmam que a escola exerce um papel insubstituível para a garantia do direito à educação de crianças e adolescentes.

Em manifesto público, assinado por mais de 300 entidades, as secretarias estaduais, distrital e municipais estão desamparadas tanto financeiramente para planejar o ensino remoto com tecnologias, o retorno às aulas presenciais e o enfrentamento da evasão escolar.

+ Saiba mais: 300 entidades organizam protestos contra os projetos de educação domiciliar que tramitam no Congresso Nacional

Além de não ser uma uma alternativa viável para a maioria da população brasileira, as entidades ainda destacam que a imposição do homeschooling de forma abrupta e unilateral, desconsidera inúmeras realidades sociais, fragiliza a condição docente e as demandas requeridas pela educação no Brasil, especialmente advindas da pandemia da Covid-19.

Projetos de lei tentam proibir “linguagem neutra” em espaços educacionais. Entenda o que está em jogo

As línguas são fruto das práticas, trocas, conflitos sociais e da diversidade humana, incluindo as de gênero.

Imagem com seis mãos erguidas em punho. Cada mão é colorida por uma cor. Da esquerda para direita, as cores de cada mão são: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul escuro e lilás. A sequência de cores representam o simbolo LGBTQI+. Acima das mãos a uma série de letras e símbolos como u, e, x, @. A imagem é destaque de matéria sobre linguagem inclusiva, língua e binarismo

Olá todos, todas e todes, vcs tão lendo no cel ou no note? Esta frase interrogativa não segue as normas da língua portuguesa, mesmo assim você a compreendeu. Por quê? Porque aprendemos a decodificar mensagens transmitidas por meio de diferentes formas de comunicação, seja seguindo regras ou incorporando gírias surgidas em determinados contextos ou grupos sociais.

O todes contido na frase inicial, com a vogal temática e, tem sido adotado recentemente, especialmente por jovens, ativistas e integrantes de movimentos sociais engajadas na defesa dos direitos das mulheres e da população LGBTQIA+. Estes grupos têm questionado o binarismo presente na língua portuguesa e criado novas linguagens que incluam mulheres e pessoas não-binárias.

Variações linguísticas não são um fenômeno novo porque constituem todas as línguas, dado que historicamente as sociedades e suas práticas linguísticas, sejam elas formais ou informais, se implicam mutuamente.

O português que conhecemos hoje nasceu da combinação entre línguas e práticas indígenas e africanas com o português europeu, vindo das línguas latinas. Para a Doutoranda em Linguística pela Universidade de São Paulo (USP), Monique Amaral de Freitas, “a mudança é inerente à lingua e sua mutabilidade vai acontecer, as pessoas queiram ou não. O discurso de que a língua é imutável é uma ficção absoluta, o português falado hoje não é igual ao dos nossos avós, muito menos dos bisavós e assim por diante”.

Essas mudanças podem ou não alterar regras, se consolidar socialmente, ficarem obsoletas – o chamado arcaísmo -, serem adotadas somente na oralidade ou ainda em um contexto social específico. Algumas dessas mudanças geram críticas e outras não. As variações consequentes de hábitos criados pela internet – presentes na abertura deste texto – aparentemente não mobilizam a criação de projetos de leis para sua proibição. Já o surgimento das linguagens neutra, não-binária e inclusiva têm incomodado bastante certos setores da sociedade. Por que?

Proibições são projeto político excludente

Desde 2020, têm surgido projetos de lei nas câmaras federal e estaduais que associam a linguagem neutra à “militância ideológica” de uma “minoria” e pretendem controlar o modo como se fala o português, além de proibir o uso de variações linguísticas nas escolas das redes pública e privada, assim como em materiais didáticos, concursos, atividades culturais e esportivas.

Ao pesquisarmos pelo termo linguagem neutra nos sites das casas legislativas, é possível localizar estes PLs e seus autores, em sua maioria homens que, em geral, se apresentam nas redes sociais como conservadores, religiosos, bolsonaristas, armamentistas etc. Curiosamente, a pesquisa evidencia a ausência de experiência deles no campo da educação.

Para a linguista Monique Amaral de Freitas, tais projetos seriam “filhos do movimento Escola Sem Partido e geram debates que não são muito diferentes do absurdo kit gay. São pretextos para perseguir e eliminar valores que eles condenam, ou seja, são projetos contrários à inclusão e à diversidade”.

Em 2020, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou como inconstitucionais projetos de leis inspirados no Escola Sem Partido (ESP), ratificando que educadoras e educadores têm seu direito à liberdade de expressão assegurada pela Constituição, e que os debates sobre gênero e sexualidade em sala de aula são deveres da gestão pública da educação. Apesar desta derrota, conservadores com cadeiras políticas “estão procurando outros caminhos para implantar esse pânico moral”, afirma Fernanda Moura, Doutoranda em Educação (PUC-RJ) e integrante do coletivo Professores Contra o Escola Sem Partido.

Para a especialista, os PLs contra linguagem neutra seguem as mesmas lógicas de outros que defendem a militarização e a educação domiciliar (homeschooling), pois “apresentam a escola e os professores como inimigos”.

“Para eles, escola é um lugar de violência, de doutrinação, de sexualização. Mas, na verdade, a escola é um local onde as crianças estão seguras, aprendendo o que são situações de violência, a se proteger e a pedir ajuda. São pessoas alheias à escola que querem mudar a opinião da população sobre a educação como um direito.”

Fernanda afirma ainda que esses projetos “tiram o foco da má gestão e fazem com o que o presidente apareça, pois quando Bolsonaro diz que tirou a ‘ideologia de gênero’ e Paulo Freire da escola, quando um ministro diz que uma criança de 9 anos não está alfabetizada, mas sabe usar camisinha, eles estão acenando para sua base eleitoral de direita e fundamentalista”.

O que quer e o que pode esta língua?

“Quando você não tem o pronome você não tem voz”. Este é um dos sentimentos da população LGBTQIA+ em relação ao binarismo presente na língua segundo o Doutorando em Letras pela Universidade Federal do Paraná, Heliton Diego Lau, que, em suas pesquisas, entrevistou pessoas não-binárias que não se identificam com uma linguagem que divide o mundo entre masculino e feminino, excluindo pessoas com outras expressões de gênero. Desde o mestrado, Heliton adotou e se tornou fluente na linguagem não-binária para “mexer com o ‘cistema’ e mostrar que pessoas não-binárias existem e resistem”.

Além do binarismo, a banalização do masculino como genérico mesmo em situações em que as mulheres são maioria é um dos fatores que motiva estas mudanças linguísticas conforme explica Monique Amaral: “falamos os enfermeiros que estão trabalhando na pandemia, mesmo sendo uma profissão em que 87,4% são mulheres. É um efeito discursivo de apagamento delas. A linguagem inclusiva é um passo importante para discutir a relação entre língua, binarismo, androcentrismo e sexismo”.

Para ambos pesquisadores, no campo da linguística, “nada é neutro”, por este motivo evitam a expressão linguagem neutra e defendem o uso de linguagem não-binária e linguagem inclusiva para se referir a essas novas práticas presentes no Brasil e no mundo. Lau afirma que, independentemente das críticas e debates, estas mudanças vão se atualizar a cada tempo e “se hoje falamos todes e elus, não sabemos como será daqui a alguns anos, pois podem surgir outras formas de se representar as pessoas”.

Lau descata que, apesar de recente, a própria a linguagem inclusiva vem sofrendo variações. Anteriormente, para se opor ao binarismo, as pessoas substituíam as vogais o e a pelo x ou @, mas, segundo o pesquisador, esta prática tem sido abandonada, pois dificulta a fala da população em geral e a leitura das pessoas com deficiência visual, dado que os softwares leitores de tela não compreendem estas grafias. Esta transformação denota que esses grupos estão preocupados com as necessidades e os direitos de todas as pessoas, não só com as questões de gênero ou das ditas minorias.

Glossário

Androcentrismo

Ainda predominante mundialmente, é a noção de que os homens e as referências masculinas são ideais e norteadoras da vida social, excluindo as especificidades das experiências das mulheres.

Sexismo

É a discriminação baseada no sexo biológico ou no gênero. Dada a dimensão do machismo nas sociedades, comumente aplica-se o termo para designar especificamente o preconceito e a desvalorização das mulheres, e não contra os homens.

300 entidades organizam protestos contra os projetos de educação domiciliar que tramitam no Congresso Nacional

Manifesto Público denuncia que a educação domiciliar é um risco para o direito à educação no país e cobra a urgente retomada de investimentos nas escolas públicas

Imagem destaca a cúpula do Congresso Nacional. A foto é de Marcello Casal Jr, da Agência Brasil e está como destaque na matéria "300 entidades organizam protestos contra os projetos de educação domiciliar que tramitam no Congresso Nacional"

A regulamentação da educação domiciliar (homeschooling) é fator de EXTREMO RISCO para o direito à educação no país como uma das garantias fundamentais da pessoa humana. É o que afirmam mais de 300 instituições acadêmicas, entidades sindicais, organizações e redes de educação e de defesa dos direitos humanos e entidades religiosas que assinam o documento “Manifesto Contra a Regulamentação da Educação Domiciliar e em Defesa do Investimento nas Escolas Públicas”, lançado nesta sexta-feira (21) às 11h.

As entidades signatárias são contrárias aos Projetos de Lei de regulamentação da matéria presentes no Congresso Nacional, ao texto original e aos apensados, bem como à proposta de substitutivo ao PL 3.179/2012, elaborada pela deputada Luísa Canziani, texto que reforça em vários aspectos o PL 2.401/2019, apresentado pelo governo Bolsonaro ao Parlamento, e acrescenta outros pontos controvertidos.

No Manifesto, as entidades também expressam grande preocupação com a tentativa de acelerar a votação do projeto de Lei 3.262/2019, com base um texto extremamente problemático: mais um risco à garantia do direito à educação no país.

Atualmente, a Lei Penal, em sintonia com preceitos constitucionais, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB e com o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, prevê o crime de abandono material aos pais que não mandarem seus filhos à escola. O Projeto de Lei 3.262/2019 visa descriminalizar a ausência de matrícula escolar de crianças e adolescentes de 4 a 17 anos para famílias que adotarem a educação domiciliar. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados está prestes a votar o PL, remetendo-o diretamente ao plenário da Casa.

No documento, as entidades afirmam as diversas razões pelas quais são contrárias à educação domiciliar no país. Entre elas, que a educação domiciliar fere o direito de crianças e adolescentes à convivência social e ao acesso a conhecimentos científicios e humanísticos, mesmo que estes confrontem doutrinas religiosas e políticas defendidas por suas famílias. Chamam a atenção que a regulamentação da educação domiciliar vai contribuir para o desmantelamento da política de educação inclusiva de estudantes com deficiência em escolas regulares.

Além disso, a escola pública cumpre importante papel na segurança alimentar de crianças e famílias de baixa renda e na denúncia de casos de violência doméstica e sexual, em especial contra meninas, mulheres e adolescentes LGBTI+. Destacam que a educação domiciliar desresponsabiliza o Estado pela garantia do direito à educação, ao mesmo tempo em que onera os cofres públicos com novas demandas de fiscalização e avaliação não previstas, sendo assim, inconstitucional.

Demandas da educação

As entidades apontam que há uma tentativa de acelerar a votação ao mesmo tempo em que a política educacional vem sofrendo inúmeros cortes orçamentários, ataques por parte do governo Bolsonaro e esvaziamento completo do Plano Nacional de Educação, lei aprovada pelo Congresso em 2014 que estabelece metas para a melhoria da oferta educacional até 2024.

No contexto da maior crise humanitária vivida pelo país nas últimas décadas, as secretarias de educação estão desamparadas financeiramente para planejar e implementar o ensino remoto com tecnologias, o retorno às aulas presenciais, o enfrentamento da evasão escolar e o apoio aos estudantes de famílias de baixa renda.

Entre as demandas ecoadas pelas entidades no Manifesto, constam: a vacinação dos profissionais da educação, a aquisição de equipamentos de proteção individual (EPIs) e demais condições de segurança sanitária. As escolas precisam de conectividade universal e gratuita para estudantes e profissionais da educação, pois o  ensino híbrido deverá se manter no pós-pandemia.

Votação do PL 3.262/2019 e mobilização

A votação do projeto que regulamenta o homeschooling está prevista para a próxima terça-feira (25) na Câmara dos Deputados. As entidades signatárias do Manifesto vão promover mobilizações nas redes sociais para denunciar os problemas deste PL, além de cobrar dos parlamentares prioridade para a aprovação de leis que garantam efetivamente o direito à educação.

Só para meninas: 600 vagas para mergulhar no mundo científico

Projeto Astrominas da USP recebe inscrições de alunas de 14 a 17 anos para imersão on-line em atividades sobre Astronomia, Física, Oceanografia, entre outros temas.

Imagem alaranjada destacando garota com mochilas nas costas vestindo uma camisa com a seguinte frase "faça ciência como uma garota". Há meninas circulando atrás da da garota com a camiseta..

Se você tem entre 14 e 17 anos, se identifica com o gênero feminino (cis e trans) e tem acesso à internet, pode se inscrever na segunda edição do Astrominas. Ao longo de três semanas, as meninas participarão de experimentos, elaboração de murais, rodas de conversa, debates sobre universidade e ainda palestras de Astronomia, Geofísica, Ciências Atmosféricas, Oceanografia, Matemática, Física, Geociência e Química.

Tudo com a supervisão de um time de fadas-madrinhas: alunas, pesquisadoras e professoras da USP. E o melhor, sem nenhum custo. As atividades serão totalmente on-line, de segunda a sexta-feira, e com duração média de três horas por dia. 

As inscrições vão até 7 de junho por meio deste formulário on-line. A previsão é para 600 vagas que serão assim distribuídas: 20% entre estudantes de grupos PPI (pretos, pardos e indígenas), 60% para alunos de escolas públicas (PPI e não PPI) e 20% para escolas privadas (PPI e não PPI).

A seleção ocorrerá por meio de um sorteio, no dia 11 de junho, que será transmitido ao vivo e as listas de sorteadas serão disponibilizadas no site do Astrominas.

O regulamento completo está disponível aqui. As atividades começam no dia 28 de junho e terminam em 23 de julho.

Astrominas

“Empoderando meninas através da ciência.” Esse é o lema do Astrominas, um projeto que nasceu do desejo de mulheres do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, em São Paulo, de atrair mais jovens alunas para a universidade. 

Atualmente, o projeto é coordenado pela professora Elysandra Figueredo Cypriano e tem na comissão organizadora a também professora Lilian Maria Soja e as alunas de graduação: Daniele Honorato, Ivanice Avolio Morgado, Marina Izabela e Pâmela Querido. E conta com a participação de um grande time de universitárias, pesquisadoras e professoras da USP.

“Nosso objetivo é facilitar o acesso de jovens alunas à universidade, estreitando o contato dessas com mulheres cientistas – estimulando, assim, a escolha e a manutenção das carreiras de Ciência e Tecnologia- desconstruindo a ideia de que as ciências exatas não são para meninas”, descrevem no site do projeto.

Edição 2021

Quem pode participar: pessoas que se identificam com o gênero feminino (cis e trans), que tenham entre 14 e 17 anos de idade completos até 30 de julho e que estejam regularmente matriculadas em uma escola de educação básica

Inscrições: de 3 de maio a 7 de junho, por meio do formulário neste link

Vagas: previsão de 600 (o total de vagas oferecidas poderá ser ampliado até a data do sorteio). A seleção será feita por meio de um sorteio no dia 11 de junho de 2021, que será transmitido ao vivo, e as listas de sorteadas serão disponibilizadas no site do Astrominas

Período das atividades: 28 de junho a 23 de julho

Como será o Astrominas: totalmente on-line, segunda a sexta-feira, com dedicação de três horas diárias.


Fonte: Jornal USP

A Educação de Meninas Negras em Tempos de Pandemia: O aprofundamento das desigualdades

Artigo de Jaqueline Santos e Suelaine Carneiro apresenta dados da pesquisa do Geledés: "A educação de meninas negras em tempos de pandemia".

Em arte de colagem, é possível ver uma foto de uma adolescente negra olhando para um notebook.

Há consenso na afirmação de que a pandemia de Covid-19 escancarou as desigualdades já existentes no Brasil. E, quando o tema é abordado por profissionais da área da educação, desenha-se um quadro de desalento das crianças e adolescentes – principalmente pelo fato da educação à distância ter sido assumida, praticamente, como única estratégia de atendimento a estudantes, que, via de regra, têm muitas dificuldades para acessar as plataformas digitais, não possuem dispositivos eletrônicos e tampouco acesso à internet. Além disso, suas famílias, sobrecarregadas, encontram muitas dificuldades para organizar tempo e espaço nas residências para acompanhar as crianças menores que demandam maior atenção durante a realização das atividades escolares.

É preciso refletir sobre algumas questões para que seja possível compreender a dimensão dos problemas educacionais que decorrem dessa atuação negligente do Poder Público frente às demandas legítimas de educação das crianças e adolescentes brasileiros, em período de isolamento social:

  • Qual o perfil das crianças e adolescentes que acessam as atividades remotas/virtuais?
  • Qual o perfil daqueles/as que não acessam tais atividades? Por quais motivos não o fazem?
  • Como se caracteriza o vínculo dessas crianças e desses adolescentes com a escola? Este se mantém?
  • Ocorreu, nesse período, algum tipo de intervenção para que houvesse a preservação desse vínculo?

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Covid-19 (PNAD) revelaram que, em setembro, 6,4 milhões de estudantes (13,9% do total) não tiveram acesso às atividades escolares no Brasil. O mesmo levantamento mostrou que estudantes negros e indígenas sem atividade escolar são o triplo de estudantes brancos: 4,3 milhões de crianças e adolescentes negros e indígenas da rede pública e 1,5 milhão de adolescentes brancas.

De fato, acentuadas pela pandemia, as desigualdades educacionais afetam todos os grupos sociais. Todavia, é inexorável reconhecer que a pandemia amplia as desigualdades educacionais existentes entre pessoas não-brancas e brancas no Brasil.

Imagem: Freepik @prostooleh | Arte: Marcelle Matias

Violações ao direito à alimentação escolar durante a pandemia são objeto de relatório da Plataforma Dhesca

Documento aponta violações ao direito humano à alimentação e indica os casos do Estado do Rio de Janeiro e do município de Remanso (BA) como situações extremas. Relatório apresenta também recomendações.

Em arte de colagem, é possível ver uma foto preto e branco de um prato de comida. No prato há arroz, feijão, alface, carne e abobrinha. Ao fundo da colagem há textura quadriculada.

A Plataforma Dhesca Brasil disponibiliza o Relatório da Missão sobre Violações ao Direito à Alimentação Escolar na Pandemia de Covid-19: Casos do Estado do Rio de Janeiro e do Município de Remanso (Bahia).

Realizada no segundo semestre de 2020, a missão trouxe à tona violações ao Direito à Alimentação e à Nutrição Adequadas (Dhana) no contexto da distribuição de cestas de alimentos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) na pandemia, tais como o não atendimento a todos os estudantes, a má qualidade e irregularidade na distribuição das cestas, a falta de participação social e prestação de contas, além da interrupção da compra de alimentos da agricultura familiar.

Essas violações acontecem no momento em enfrentamos a maior situação de fome das últimas décadas. O recém lançado Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19, realizado em dezembro de 2020 mostrou que 19,1 milhões de brasileiros, ou 9% da população, estava em situação de insegurança alimentar grave, uma condição análoga à fome.

O auxílio emergencial foi interrompido de forma abrupta, e está sendo retomado tardiamente e com valor insuficiente, e não há solidariedade da sociedade e filantropia capaz de dar conta de tamanha fome. Por outro lado, nossos governantes têm nas mãos e vem gerindo de forma pouco comprometida o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), um dos mais importante instrumentos para a promoção do direito humano à alimentação de crianças e adolescentes.

“Assegurar a alimentação das crianças e adolescentes mais vulneráveis durante a pandemia deveria ser prioridade para os nossos governantes. Mas não é. O PNAE é a mais potente ferramenta que temos para o enfrentamento da fome. Mas há um enorme descaso. Falta coordenação nacional, recursos públicos e vontade política para fazer alimento de qualidade chegar na mesa de quem precisa.” afirma Mariana Santarelli, responsável pela relatoria.

Ela avalia ainda que a situação tem se agravado com a chegada de novos/as prefeitos/as e secretários/as: “As novas equipes nem sempre estão familiarizadas com a gestão do programa. Há ainda constantes incertezas quanto a volta às aulas. Com isso, o que vemos em muitos lugares é a paralisação na distribuição das cestas, em um momento de agravamento da fome e ausência de auxílio emergencial.”

Para chegar ao diagnóstico das violações, foram realizadas entrevistas remotas com mães de alunos, representantes de grupos de agricultores e pescadores, gestores, professores, membros de conselhos e do Legislativo. A missão contou ainda com a promoção de duas audiências populares, uma das quais contou com a participação do . Relator da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Direito Humano à Alimentação, Michael Fakhri.

“Os dois casos relatados foram selecionados pelo que expressam do ponto de vista prático e simbólico. Foram escolhidos por representarem situações extremas, em que se pode afirmar a existência da violação da obrigação de promover e prover o direito humano à alimentação por parte do poder público”, afirma o relatório.

Rio de Janeiro: violação respaldada pelo Supremo Tribunal Federal

A rede estadual de educação do Rio de Janeiro atende cerca de 661.600 alunos, em um total de 1.168 escolas. Para isso, recebe anualmente do FNDE cerca de R$ 59 milhões, orçamento este que é complementado com recursos próprios do governo do estado, totalizando o insuficiente per capita de R$ 1,00 por refeição. Durante a pandemia, o governo do estado do Rio de Janeiro não distribuiu os alimentos de forma regular, com qualidade e a todos os estudantes, além de ter suspendido a compra de alimentos oriundos da agricultura familiar. As decisões foram tomadas sem diálogo com as comunidades escolares e a situação foi objeto de intensa mobilização de familiares, dando origem, inclusive, aos movimentos Mães de Itaboraí e Passeata das Mães.

“A irregularidade da distribuição, a má qualidade da alimentação sugerida e a não aquisição de alimentos frescos e saudáveis da agricultura familiar ferem o que está preconizado na Lei do PNAE”, diz o relatório.

Para além disso, no Rio de Janeiro houve um fator agravante de que o descumprimento da Lei do PNAE foi respaldado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Após o governo estadual do Rio de Janeiro ter descumprido a lei do Programa, uma Ação Civil Pública foi ajuizada pela Defensoria Pública e acatada pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), determinando que o Estado distribuísse alimentos a todos os estudantes da rede sob pena de multa. Porém, em 1 de setembro de 2020, o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu a decisão do TJ-RJ.

“Infelizmente com a decisão da mais alta Corte do país, a execução forçada do julgado restou interrompida, o que pode gerar risco à segurança alimentar e nutricional de muitas crianças não só do Estado do Rio de Janeiro, mas de todo o país, uma vez que a decisão do STF tende a ter efeito cascata sobre os processos similares”, analisa a relatoria.

Ouvido durante a missão, o relator da ONU Michael Fakhri ponderou que o modelo de alimentação escolar do Brasil já foi considerado um exemplo para o mundo, mas que, pelos relatos da pandemia, os governos, nos seus diferentes níveis, têm tratado a alimentação não mais como direito, mas como caridade. “O problema com esse modelo de caridade é que isso acaba com a dignidade das pessoas”, analisou ele durante a audiência popular.

Remanso (BA): interrupção de compra de alimentos compromete renda de agricultores e pescadores

Em Remanso (BA), a relatoria também diagnosticou a falta de atendimento universal, já que foi distribuída apenas uma cesta por família,e não por aluno, apenas duas vezes em um período de 6 meses, e com uma quantidade muito pequena de alimentos. Em muitas escolas rurais a cesta nem chegou a ser distribuída.

O agravante neste caso é que, com o fechamento das escolas, houve a interrupção das compras de alimentos via agricultura familiar e pesca artesanal, o que comprometeu a renda de agricultores e pescadores da região. Segundo a relatoria, grupos de agricultores e pescadores que, ao longo de 2019 receberam a quantia de mais de R$ 630 mil com o fornecimento de alimentos para as escolas do município, não receberam nada em 2020.

Esta realidade se reproduz pelo Semiárido. Em 2019, aproximadamente 4,5 mil produtores de alimentos, organizados em 168 grupos produtivos da região, tiveram um rendimento de aproximadamente R$ 27 milhões. Até setembro deste ano, os mesmos coletivos venderam o equivalente a apenas R$ 3,6 milhões o que, em grande medida, corresponde a vendas feitas antes das medidas de isolamento social.

“Chamamos para conversa, fomos conversar com a Secretária de Educação, alguns de nós somos parte do CAE. Fizemos reunião, e deram a desculpa da logística, com discurso de um decreto que desobrigava. E até agora nada aconteceu. O que foi falado é que esse dinheiro não ia ser mexido, porque ia ser guardado até a volta das aulas, guardado pra quando passar a pandemia”, denunciou à relatoria uma representante do Serviço de Assessoria a Organizações Populares (Sasop) que atua junto aos agricultores e pescadores de Remanso.

De acordo com a relatoria, antes do fechamento das escolas, ao menos três grupos formais e 10 informais já haviam assinado contrato com a prefeitura do município para fornecimento de alimentos. “Esperava-se, portanto, que com a autorização do FNDE para a distribuição de gêneros alimentícios, em caráter excepcional, adquiridos com recursos do PNAE, esses contratos anteriormente firmados fossem cumpridos, o que até novembro ainda não havia acontecido”, afirma o documento.

“A situação que se instalou em Remanso no contexto da pandemia da Covid-19, por conta da falta de diálogo e determinação política da gestão municipal, impacta de maneira direta a alimentação das crianças e adolescentes do município, as rendas de agricultores e pescadores e a economia local. Cabe informar que ao longo do processo de escrita desta relatoria tentamos, sem sucesso, agendar entrevistas com a Secretária de Educação, vereadores e representantes do CAE [Conselho de Alimentação
Escolar]l”, diz o relatório.

Recomendações

Considerando as violações diagnosticadas em 2020, o relatório apresenta ainda uma série de recomendações ao poder público, tais como: a ampliação do orçamento do PNAE, a partir do aumento real do valor per capita e reajuste anual pela inflação; revisão da composição das cestas, com alimentos frescos e minimamente processados, a retomada imediata das compras da agricultura familiar, e a adoção de estratégias que garantam maior transparência e a participação da comunidade escolar nas decisões.

No atual contexto, em que grande parte das escolas estão adotando modelos híbridos, que combinam aulas presenciais e remotas, é preciso assegurar que a alimentação escolar seja fornecida a todos, mesmo os que não voltarão às aulas.

Além de ser divulgado nacionalmente, o Relatório será encaminhado — a fim de que medidas cabíveis sejam tomadas — ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Escolar (FNDE), ao Ministério Público Federal (MPF), à Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, ao Conselho Nacional de Direitos Humanos, às comissões de educação da Câmara dos Deputados e do Senado, ao governador do estado do Rio de Janeiro, ao prefeito de Remanso, e aos respectivos secretários de educação.

Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), responsável pela oferta de alimentação escolar a todos os estudantes da educação básica pública, é uma das mais relevantes políticas públicas voltadas à garantia do Direito Humano à Alimentação e à Nutrição Adequadas (DHANA) e uma das poucas que resiste ao sistemático desmonte de direitos que está acontecendo no Brasil. O PNAE atende cerca de 41 milhões de estudantes, com repasses financeiros da ordem de R$ 4 bilhões anuais aos 27 estados e 5.570 municípios.

Para muitos desses estudantes é na escola que se faz a única ou principal refeição do dia, o que é de extrema relevância para a garantia dos direitos de crianças e adolescentes. Além disso, o PNAE é estratégico na estruturação de redes de abastecimento da agricultura familiar: 30% dos recursos repassados para a execução do programa, aproximadamente R$ 1,2 bilhões anuais, deve ser destinado à compra direta de alimentos da agricultura familiar. Isso gera impactos positivos tais como a geração de renda, a dinamização de economias locais, a melhoria da qualidade nutricional e a valorização da cultura alimentar regional.

Sobre a Plataforma Dhesca Brasil

Criada em 2002, a Plataforma Brasileira de Direitos Humanos – Dhesca Brasil é uma rede formada por 45 organizações e articulações da sociedade civil, que desenvolve ações de promoção e defesa dos direitos humanos, incidindo em prol da reparação de violações. A Plataforma Dhesca Brasil tem como princípio a afirmação de que todas as pessoas são sujeitas de direitos e, como tal, devem ter todos os direitos assegurados para garantir as condições de vida com dignidade.

Informações para a imprensa:

Júlia Daher – comunicacao@tiplataformadh.org.br | 11 9 9457 7006
Thais Iervolino – thais.iervolino@gmail.com | 11 97617 4626

A potência dos saraus para a educação: conheça a poeta e ativista Patrícia Borges

Mulher trans e militante, Patrícia Borges conta sobre a importância do TranSarau e da poesia em sua trajetória.

Em foto monocromática em roxo, é possível ver a poeta Patrícia Borges lendo o livro Antologia Trans

Símbolo da suposta diversidade da capital de São Paulo, a Avenida Paulista sempre recebeu manifestações de distintas matizes ideológicas que, nem sempre com a cobertura conivente da imprensa, disputam o debate político do país. Incontáveis marchas progressistas e conservadoras cruzaram seus quase 3 km, do Paraíso à Consolação, sempre acompanhadas da proteção ou do monitoramento das forças de segurança pública.

Durante a campanha eleitoral de 2020, Patrícia Borges decide ocupar este espaço para defender a causa que sustenta não só como uma bandeira, mas também na sua condição de existência. Patrícia é uma mulher trans preta, engajada em defender o direito de pessoas como ela de serem respeitadas e participarem da política, e fazia campanha para a então candidata a vereadora Érika Hilton (PSOL-SP).

Contudo, a diversidade da avenida não a acolheu tão bem quanto o faz para os discursos antidemocráticos que estampam a fachada da Fiesp desde a última eleição presidencial. Patrícia foi ofendida e agredida, num crime eleitoral ainda impune, como tantos outros que já foram cometidos contra a ativista.

Não seriam as mordidas nem os golpes com uma haste de metal que calariam uma mulher que há tanto tempo luta contra a intolerância para ser ouvida. Para Patrícia, o infeliz episódio recebeu nas urnas a resposta que tarda a vir dos tribunais: Erika Hilton recebeu mais de 50 mil votos, fazendo dela a vereadora mais votada do país naquela eleição.

Com tom vitorioso, Patrícia relata este caso, permeado com suas memórias, experiências e expectativas, num depoimento cheio de poesia e indignação. E deixa avisado: ela não vai se calar. É preciso falar muito mais  para superar a invisibilidade que submete travestis, mulheres e homens trans no país que mais ameaça seus corpos no mundo. Seja nos discursos de seu ativismo ou nos versos que apresenta no TranSarau, Patrícia tem muito a nos dizer.

[Ação Educativa] Como surgiu o Transarau?

Patrícia Borges – O TranSarau nasce a partir do Cursinho Transformação, que é voltado para a população trans e travesti, e reunia participantes que tinham interesse por manifestações culturais. Os encontros aconteciam no prédio da Ação Educativa [antes da pandemia], e foram ganhando autonomia a cada edição. 

Como um encontro de poesia, o TranSarau traz política. Um corpo trans, travesti, é político. E os nossos corpos, com a arte, são uma manifestação de tudo aquilo que estamos vivendo, para a sociedade poder entender. Quantas vezes não vi pessoas brancas e cisgêneras chorando no Transarau? É um trabalho de formiguinha. Em cada pessoa que vai ao TranSarau, a gente vai plantando uma semente que ela leva pra sua família, que às vezes é misógina ou racista, carregando a compreensão de que elas vão ter que nos respeitar, porque não vamos nos calar. Esse encontro de poesia, de arte, é maravilhoso, e formador.

“A gente tem um histórico de opressões que nos acompanham desde criança quando querem nos colocar numa caixinha, e o TranSarau vem como um divisor nas nossas vidas, porque ele rompe essas barreiras com arte e poesia – que nos acalenta, que pode nos curar, como me curou. Essa é a verdade, esse é o significado do TranSarau, levar adiante a palavra trans e travesti.”

Patrícia Borges

[Ação Educativa] O que o TranSarau e a poesia representam na sua trajetória?

Patrícia Borges – As pessoas trans não têm direito ao estudo. Eu não tive direito ao meu sonho. Eu queria ser advogada, mas parei de estudar na sétima série porque meu pai me expulsou de casa. No momento em que eu deveria estar estudando, eu tive que ser minha própria professora. Contudo, também foi isso que me faz ser a pessoa que sou aos 30 anos, com a cabeça que tenho.

Quando voltei a estudar na EJA (educação de Jovens e Adultos), que tem um conteúdo reduzido, eu não me sentia preparada para fazer uma prova, prestar Enem, tentar alcançar meus sonhos. E a poesia surgiu pra mim como um divisor de águas. Não tem uma forma definida, não preciso seguir as regrinhas de introdução, desenvolvimento, conclusão. A poesia é livre, ela te permite brincar, não é como uma dissertação do Enem. Através dela eu consigo falar dos temas atuais com liberdade.

A poesia me permite ser positiva, acreditar que eu posso ser semente. Quem sabe um dia eu não consiga criar a “Casa Patrícia Borges” para ajudar outras pessoas trans e travestis? A gente tem que virar história e a gente tem que dar valor para as pessoas em vida. Qual o sentido de eu exaltar as pessoas depois de mortas, como se faz hoje com Brenda Lee e Laura Vermont?

[Ação Educativa] Como você acha que a educação promovida por essas sementes do TranSarau podem proteger a população trans e travesti?

Patrícia Borges – As pessoas fazem campanha contra o que chamam de ideologia de gênero, mas se esse entendimento, se essas informações tivessem chegado pra mim e para os meus formadores na escola, eu não teria sofrido tanto a minha vida inteira. Eu não teria sido chamada tantas vezes numa sala para ouvir que não seguia as diretrizes de um colégio. Eu não teria apanhado tanto, tendo que sair na mão com diversos alunos para mostrar que eu era uma mulher.

Uma questão relevante também é o racismo. Grande parte das vítimas de transfobia são travestis pretas — segundo reportagem da Agência Gênero e Número, com base em um relatório da Antra, 78% das pessoas trans e travestis assassinadas no ano passado eram negras — e essa violência também precisa ser combatida.

[Ação Educativa] A violência contra travestis e transexuais é muito latente no país, e infelizmente você foi vítima recentemente de uma agressão…

Patrícia Borges –  Eu fui agredida em campanha, foi um crime eleitoral também. Eles querem matar a possibilidade das nossas corpas ocuparem os lugares em que não estamos — a estimativa da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) é de que 90% das pessoas trans e travestis acabem passando pela prostituição em algum momento da vida. Eu estava lá, de frente ao Center Três, fazendo campanha, dialogando sobre a importância de eleger a primeira vereadora trans, travesti, preta. 

Eu ofereci um panfletinho para uma mulher cisgênera branca que passava, ela respondeu ríspida “tudo cambada de viado” e seguiu. Logo depois ela voltou, com um pau de selfie, daqueles antigos, para dar na minha cara. Com ela, vieram mais dois rapazes, e no meio da agressão ela até me mordeu. Minha sensação é de que vivi a mesma brutalidade que a do “episódio da lampadada” — o caso ocorrido em 2010, no qual amigos que retornavam de uma balada foram agredidos com uma lâmpada fluorescente e ofensas homofóbicas. Em resposta à agressão foi criado o coletivo A Revolta da Lâmpada.

[Ação Educativa]  Não havia segurança, alguma proteção?

Patrícia Borges – Felizmente eu fui apoiada por advogado, fui para a delegacia, fiz exame de corpo de delito, fui amparada como nunca na minha vida, me senti gente, uma travesti não tem essa assessoria. Muitas são agredidas, muitas são feridas… eu já levei facada, eu já levei tiro, eu já passei por diversas situações em que eu não tive o amparo que eu recebi desta vez. Eu estou processando eles, está na mão de um delegado que está avaliando se houve crime… esse processo falho que nós temos…  

É isso, eu fui agredida em campanha, mas a gente teve uma resposta nas urnas, né? A Érika foi eleita como a mulher mais votada do Brasil! Uma mulher, travesti, preta, periférica, que passou pela prostituição, e que teve essa força dentro dela de dizer “Eu mereço muito mais!” e agora vai ecoar várias vozes que foram silenciadas e mortas. Essa é a resposta para os bolsonaristas, para a bancada evangélica: a gente não vai se silenciar:  Para cada um corpo que ficar ao chão, mil renascerão para ecoar as nossas vozes.

[Ação Educativa]  Como você vê a possibilidade de influenciar nas políticas públicas para a população trans e travesti nesse momento?

Patrícia Borges – É um trabalho árduo, mas o mandato da vereadora transvestigênere Érika Hilton nos permite ver possibilidades. Vamos precisar de muita força, porque a gente pode sugerir uma lei, mas são as 55 cadeiras que vão decidir. Contudo, só a ocupação desta cadeira já é uma conquista, já é uma vitória para estes corpos que estão à margem, na drogadição, na prostituição, na vulnerabilidade imposta pelo país que mais mata trans e travestis. E são mortes com requintes de crueldade, porque o mesmo homem que me deseja, me fere e me extermina, por ele ser criado num cristianismo que promove o ódio e não o amor. Essas políticas são necessárias para que os nossos corpos deixem de ser mortos.

[Ação Educativa]  Já há alguma política que pode apoiar a população?

Patrícia Borges – O Decreto Municipal de 58.228/2018 tornou obrigatório o reconhecimento do nome social e da identidade de gênero de travestis, mulheres transsexuais e homens trans na cidade de São Paulo. No entanto, muitas pessoas trans estão vendendo seus pertences para pagar advogados, mesmo sem ter condições financeiras, para ter atendido o direito de possuir um nome que corresponda à sua identidade, que deveria ser gratuito.

Ainda há diversos entraves burocráticos, porque é necessária uma série de certidões e protestos, e os cartórios aproveitam, porque cobram por eles. Para conseguir fazer a retificação do seu nome, você pode precisar pagar até R$150,00, por conta das certidões todas. Algumas pessoas vão conseguir pagar esse valor, mas a vulnerabilidade sempre afeta as pessoas pretas e muitas travestis migram de outras cidades para fazer sua retificação em São Paulo, o que aumenta muito esse custo.

Para garantir o acesso a esse direito, desenvolvemos o site PoupaTrans, que vai tirar toda a linguagem formal do decreto e mostrar, na nossa linguagem descolada e acessível, que a pessoa pode fazer a retificação do nome sozinha, sem se comprometer financeiramente.

PoupaTrans

Conheça o Comitê de Seleção do Edital Igualdade de Gênero na Educação Básica

Composto por profissionais da educação e especialistas sobre os estudos de gênero, raça e sexualidade, o grupo analisou mais de 270 propostas recebidas pelo Edital.

Em foto monocromática com filtro roxo aplicado, é possível ver duas meninas lendo

E finalmente saiu o resultado do Edital Igualdade de Gênero na Educação Básica! A equipe do projeto Gênero e Educação anunciou a 1ª lista de propostas aprovadas e as dez mais criativas e engajadoras. Essas e mais iniciativas, que serão divulgadas na 2ª lista, vão compor um banco de planos de aulas online e constarão em um e-book, que poderá ser baixado gratuitamente. Todo conteúdo estará disponível aqui, no site Gênero e Educação. 

Entre dezembro e fevereiro, o Comitê de Seleção do Edital analisou mais de 270 propostas enviadas para o projeto. Conheça quem compôs esse time:

Amélia Artes

Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). É pesquisadora do DPE (Departamento de Pesquisas Educacionais) da Fundação Carlos Chagas. Integra o Grupo de Gênero, Raça, e Direitos Humanos.

“A escola é um espaço de apredizagens. E é lá que trabalhar gênero deve estar: que meninos podem brincar de bonecas e usar rosa; que meninas podem mandar nos jogos; que nosso corpo tem que ser sempre respeitado, que a gentileza e o respeito ao diferente é o que nos faz humanos!”

Amélia Artes

Anatalina Lourenço

Cientista social formada pela UNESP (Universidade Estadual Paulista), professora da rede pública estadual e Municipal de São Paulo. Ativista do movimento de mulheres negras. Secretária Nacional de Políticas de Combate ao Racismo da Central Única dos Trabalhadores (CUT-BRASIL).

“É impossível pensar em educação libertadora sem debater quem somos, nos conhecer e conhecer o outro é a melhor ideia de respeito, nossas diferenças, nossas singularidades. A construção da identidade étnica e de gênero passa pela escola, estrutura lugar diverso.”

Anatalina Lourenço

Antonia Oliveira

Educadora e defensora de Direitos Humanos. Historiadora e mestra em Linguagem e Identidade pela Universidade Federal do Acre (UFAC).

“Trabalhar gênero na educação básica é fundamental para enfrentamento das desigualdades que envolvem as relações sociais e construirmos uma sociedade com  equidade e justiça social.”

Antonia Oliveira

Benilda Brito

Pedagoga e Mestre em Gestão Social. Ativista pela Educação na Rede MALALA FUND.  Integrante do Nzinga – Coletivo de Mulheres Negras de BH. Integrante da Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras e do Fórum Permanente de Igualdade Racial.

“Meninos têm que crescer respeitando as meninas, e meninas têm que crescer sabendo que tem direito de serem meninas e  merecem respeito.”

Benilda Brito

Cássia Jane de Souza

Coordenação pedagógica no Centro das Mulheres do Cabo. Especialização na Área de estudo de Gênero, desenvolvimento e Políticas Públicas pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

“É importante trabalhar gênero na Educação Básica para desconstruir as relações desiguais de gênero, e dar  enfrentamento a violência contra a mulher desde cedo construindo relações de igualdade entre meninas e meninos”

Cássia Jane de Souza

Denise Carreira

Jornalista e doutora em educação. Professora da Universidade de São Paulo, coordenadora institucional da Ação Educativa e ativista da Rede Internacional Gulmakai, fundada por Malala Yousafzai (Prêmio Nobel da Paz).

“Precisamos promover a igualdade de gênero nas escolas como parte do direito à educação de qualidade, do direito ao acesso ao conhecimento científico e combater toda a desinformação, preconceito e pânico moral”

Denise Carreira

Eliane Maio

Docente no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Maringá; Coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Diversidade Sexual (NUDISEX/CNPq/UEM).

“É importante trabalhar gênero na Educação Básica para  dialogar sobre questões de igualdade, justiça, equidade, ética e respeito.”

Eliane Maio

Fernanda Moura

Professora da Educação Básica. Autora da dissertação Escola Sem Partido: Relações entre Estado, Educação e Religião e os impactos no Ensino de História, com a qual obteve o título de mestre em 2016.

“É preciso trabalhar gênero na Educação Básica para que nenhuma criança ou adolescente sofra bullying e se veja obrigado a deixar a escola, para impedir a violência sexual contra crianças e adolescentes, para que adolescentes não sejammães e pais sem querer e para construirmos um  mundo menos desigual.”

Fernanda Moura

Fernando Seffner

Coordenador do GT23 da ANPEd – Gênero, Sexualidade e Educação. Professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Docente e orientador junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação na linha de pesquisa Educação, Sexualidade e Relações de Gênero.

“Escola é espaço público, de alfabetização científica, exercícios de sociabilidade com os pares e de socialização com as regras.  Gênero é elemento estruturante da vida em sociedade. Nada mais natural do que  seja tema da cultura escolar.”

Fernando Seffner

Flávia Carolina da Silva

Mestre em Políticas Educacionais (2016) pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). As áreas de pesquisa que atua estão em torno da infância, práticas culturais, cidade, educação e relações étnico-raciais.

“Discutir gênero, desde a Educação infantil, é um meio de garantir uma educação de qualidade e de equidade a todas as crianças.”

Flávia Carolina da Silva

Francisca Jocineide da Costa

Doutora em Educação pela Universidade Federal da Paraíba (2019) atuando principalmente nos seguintes temas: gênero, educação infantil, educação de jovens e adultos e diversidade na escola. Professora da rede pública municipal de Cabedelo/PB

“É importante trabalhar gênero na Educação Básica para nossos estudantes aprenderem que são sujeites singulares e que devem ser respeitades em  sua diversidade.”

Francisca Jocineide da Costa

Gilmar Soares Ferreira

Secretário de Assuntos Educacionais da CNTE. Possui graduação em Licenciatura em Filosofia pela Universidade São Francisco e especialização em Psicopedagogia pela Faculdades Integradas Mato-Grossense de Ciências Sociais e Humanas (1999).

“A escola é o espaço de convivência das diferenças. Local propício para ensinar o conceito de equidade para meninos e meninas e que ambos aprendam a respeitar as diferenças no âmbito da formação individual de seus corpos, para aprender a prevenir atos de abuso e violência.”

Gilmar Soares Ferreira

Ingrid Leão

Doutora em Direitos Humanos (2016), pela Faculdade de Direito da USP, Universidade. Atua na pesquisa e prática de Direitos Humanos, direitos das mulheres, segurança pública e monitoramento. Integrante do Comitê Latino-americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM).

“É importante trabalhar gênero na Educação Básica porque é uma ferramenta de promoção de igualdade, não discriminação e vida livre de violência.”

Ingrid Leão

Izandra Falcão

Professora do curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Ceará (UECE). Doutora em Educação pela Universidade Federal da Paraíba (2019) atuando nos seguintes temas: gênero, educação infantil, educação de jovens e adultos e diversidade na escola. 

“Trabalhar gênero na educação básica é libertar meninos e meninas das amarras cruéis do sexismo, é construir um futuro baseado em relações sociais menos opressoras e mais comprometidas com a justiça social e a vida planetária.”

Izandra Falcão

Ligia Freitas

Mestre e Doutora em Educação, também pela UFPB (2003/2014). Atua no ensino básico e  superior. Tem experiência com formação de professores/as na educação básica e de jovens no Projovem Urbano. Trabalha temas do currículo que fazem interface com gênero, questões étnico-raciais e corpo, cultura corporal do movimento, juventude e políticas para mulheres.

“É importante trabalhar gênero na Educação Básica porque a escola é uma das instituições que depois da família passamos mais tempo.  É no chão da escola que podemos aprender sobre respeito e direitos, refletir sobre as desigualdades que vivenciamos, pensando em como mudar essa realidade juntos.”

Ligia Freitas

Luana Tolentino

Mestra em Educação pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e autora do livro Outra educação é possível: feminismo, antirracismo e inclusão em sala de aula, lançado em 2018 pela Mazza Edições.

“Promover a igualdade de gênero é essencial para a construção de uma sociedade justa e democrática. A escola é parte fundamental desse processo. Empreender práticas pedagógicas comprometidas com o fim de preconceitos, violências e discriminações é um compromisso que deve ser assumido por todos nós.”

Luana Tolentino

Nazaré Mota de Lima

Doutorado em Letras e Lingüística pela Universidade Federal da Bahia (2007) e pós-doutorado em Estudos Literários pela UFMG. Professora adjunta da Universidade do Estado da Bahia (UNEVB) e pesquisadora associada da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), é colaboradora do ICEAFRO: Educação para a Igualdade Racial e de Gênero.

“É importante trabalhar gênero na Educação Básica porque é na escola que se aprende a  respeitar as pessoas como elas são.”

Nazaré Mota de Lima

Patrícia Santana

Escritora, professora da Educação Básica Atua também na  formação de professores e pesquisadora das relações raciais e educação.

“É importante trabalhar gênero na Educação Básica porque precisamos de um mundo mais justo, porque as relações de gênero precisam estar embasadas em valores éticos. A escola tem  responsabilidade social na garantia do direito de todas as pessoas.”

Patrícia Santana

Paula Beatriz

Pós-graduada em Gestão Educacional e é diretora de uma escola estadual em São Paulo. Em 2019, recebeu o Prêmio Ruth de Souza, oferecido pelo Conselho Estadual de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra do Estado de São Paulo (CPDCN), da Secretaria da Justiça e Cidadania.

“É primordial que estejamos atentos a tudo. Podemos não atingir a todos, mas um que seja transformado fará grande diferença neste mundo. O ser diferente é muitas vezes fazer a diferença nesta sociedade tão complexa e rodeada de paradigmas.”

Paula Beatriz

Rogério Junqueira

Pesquisador do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Doutor em Sociologia (Universidade de Milão e Macerata). Atuou na implementação do Programa Brasil Sem Homofobia.

“Gênero é um conceito indispensável para entendermos a sociedade, a escola, e  transformá-las.  Escola que permite ou cultiva sexismo, heterossexismo, transfobia, racismo, capacitismo não oferece educação de qualidade, que requer contínua disposição cidadã, inclusiva e antidiscriminatória.”

Rogério Junqueira

Sara Wagner York

Professora, pai, avó, travesti e doutoranda em Educação. Premiada com a Medalha ALUMNI da Universidade Estácio de Sá (2017) pelos trabalhos científicos desenvolvidos na instituição e atuação junto à comunidade.

“A partir de 2018, conceitos como mulher e homem no Brasil passam a contemplar com acuidade gente como eu, esquecida na história! Atualizemos-nos para uma  educação emancipatória  e que abrace a todas/es/xs/os!”

Sara Wagner York

Suelaine Carneiro

Socióloga, feminista, mestre em Educação e Coordenadora de educação e vice-presidente de Geledés Instutito da Mulher Negra. 

“Trabalhar gênero e raça na Educação Básica é fortalecer a cidadania!”

Suelaine Carneiro

Sueli Santos

Formada em Ciências Sociais e História pela Universidade de São Paulo (USP). Especialização latu sensu em Cultura, Educação e Relações Étnico-Raciais (CELACC-USP- 2019) Professora da rede municipal de educação de São Paulo desde 2010.

“É de fundamental importância a abordagem pedagógica da questão de gênero desde a educação básica para que possamos fazer com que o aprendizado e a defesa de valores como  respeito e liberdade sejam o alicerce de uma sociedade civilizada e justa para todos nós!”

Sueli Santos

Thais Gava

Mestra em Saúde Coletiva pela Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP (2013). Doutoranda na faculdade de Educação na Universidade de São Paulo (USP). Participa do Grupo de Pesquisa em Gênero, Raça/Etnia: educação, trabalho e direitos humanos da FCC.

“É importante trabalhar gênero na Educação Básica porque a escola pode ter um significado emancipatório ao propiciar que crianças e jovens tenham experiências compartilhadas de um  mundo mais amplo e diverso.”

Thais Gava

Edital Igualdade de Gênero na Educação Básica: confira a primeira lista das propostas aprovadas

O Edital recebeu mais de 270 inscrições. As propostas aprovadas vão compor um banco de aulas online e constarão em um e-book que ficará disponível no site Gênero e Educação.

Em imagem de fundo bege, é possível ver mulher com megafone, de onde saem ícones do feminismo.

O Edital recebeu mais de 270  inscrições. As propostas aprovadas vão compor um banco de aulas online e constarão em um e-book que ficará disponível no site Gênero e Educação. Uma segunda lista de propostas será anunciada em breve.

Durante o mês de novembro de 2020, o Edital Igualdade de Gênero na Educação Básica recebia sequências didáticas, planos de aula, planos de atividade por campo de experiência e projetos interdisciplinares que valorizassem a abordagem de gênero nas escolas. Profissionais de educação, organizações da sociedade civil, coletivos juvenis e movimentos sociais de todo o Brasil apresentaram propostas.

+ Conheça o Comitê de Avaliação do Edital Igualdade de Gênero na Educação Básica

Após analisar todas as inscrições, o Comitê de Avaliação selecionou dez propostas como as mais criativas e engajadoras. Elas receberão uma declaração de reconhecimento público em cerimônia virtual com representante do Fundo Malala, um leitor digital e uma bolsa de estudos para um curso à escolha no Centro de Formação da Ação Educativa.

Banco de Planos de Aula e Live de Cerimônia

Dia 23/03 (terça-feira), às 17h, as dez propostas mais criativas receberão uma declaração de reconhecimento público em cerimônia virtual com representante do Fundo Malala. A transmissão será na página do Facebook do projeto Gênero e Educação e na página e canal de Youtube da Ação Educativa

Além das 10 mais criativas e engajadoras, todas as propostas aprovadas pelo comitê de seleção vão compor o banco Planos de Aula – Igualdade de Gênero na Educação Básica, que ficará disponível no site Gênero e Educação e constarão em um e-book, que poderá ser baixado gratuitamente. 

Após a live  de cerimônia, uma o banco de planos com a 1ª lista de propostas aprovadas já estará acessível online. Segundo as recomendações do Comitê de Seleção e da Ação Educativa, as propostas poderão sofrer adequações.

Em breve lançaremos uma 2ª lista de propostas aprovadas para o banco de planos de aula. O site será constantemente atualizado para a publicação periódica das demais propostas selecionadas.

A equipe do projeto Gênero e Educação entrará em contato com as participantes. O projeto Gênero e Educação agradece a participação de todas as pessoas que enviaram seus trabalhos!

Saiba quais são as 10 propostas selecionadas pelo comitê como mais criativas e engajadoras:

As pessoas serão contempladas com a publicação no banco de planos, um leitor digital e uma bolsa de estudos em curso da Ação Educativa à escolha.

  • Jamile Menezes da Silva
    Escritoras negras: minha história; nossas histórias
  • Maria Isabel dos Santos Gonçalves
    As filosofias de minha avó: Redescobertas de um legado ancestral
  • Yonier Alexander Orozco Marín
    Como seria o mundo se os homens cisgêneros também menstruassem?  Outras abordagens sobre a menstruação no ensino de ciências e biologia
  • Aldenora Conceição de Macedo e Jaqueline Aparecida Barbosa
    “Juntes: relações saudáveis na adolescência”: Projeto sobre gênero e equidade na escola
  • Lenilda Damasceno Perpétuo
    Espelho, Espelho Meu: Reflexões e inflexões acerca do debate de gênero na escola periférica, plural e inclusiva do Ensino Fundamental
  • Gabriela Martins Silva
    Virando Homem: masculinidades e adolescência
  • Brunna Sordi Stock
    Representatividade de mulheres na política utilizando razão e porcentagem
  • Márcie Vieira
    Dramaqueer
  • Anderson Severiano Gomes
    Mulheres Negras Na Escola-quilombo Feminina.
  • Maria Edilene Araújo Silva
    Reconstruindo a percepção de Gênero a partir das Práticas Corporais de Lutas

Conheça a lista de aprovadas

As pessoas serão contempladas com a publicação das propostas no banco de planos de em e-book.

  • Camila Silveira da Silva
    Igualdade de gênero nas escolas: prevenindo violências, enfrentando desigualdades e promovendo direitos
  • Tânia Maria Lima e Mila Nayane da Silva
    Desenhando a diversidade e igualdade na educação infantil: construindo pensamentos e práticas conscientes desde a base.
  • José Edson Cândido Alves
    “Bruta-Flor”
  • Deborah Monteiro
    “Crie uma princesa que pareça com você”
  • Renato Henrique Teixeira
    História dos corpos na arte: disputas de narrativa e a experiência curatorial
  • Cicera Glaudiane Holanda Costa
    Muitas cores formam uma família
  • Cristiane Pereira Cerdera
    Herstory: Mulheres que fazem a História
  • Lucidalva de Azevedo Ribeiro Gonçalves
    CFE – Consciência Feminina na Escola e as mulheres de luta do Grajaú
  • Mari Costa de Chirico
    VideoClipe: nossa história na rede
  • Gabriela Barbosa Dias de Lima
    XXT-LAB Percurso auto-investigativo em saúde sexual e reprodutiva.
  • Andreia Candido da Silva
    Projeto: Liberdade é Uma Luta Constante
  • Elizangila Sousa de Jesus
    Projeto Calendario Negro
  • Marcelle Marques de Andrade
    CENA – Coletivo Estudantil Neuza Avelino
  • Rutemara Florêncio
    Construindo uma história local a partir da visão e ação das mulheres locais
  • Marina Venâncio Grandolpho
    Viajando na “máquina” da humanidade: o corpo e seus “deslimites”
  • Isadora Cunha Pimentel
    Diferentes formas de ser
  • Juliana de Souza Ramos
    Novos lugares de fala na História brasileira
  • Flávio Barreto de Matos
    Gênero, Sexualidades e Interseccionalidade na Educação de Jovens e Adultos
  • Elio Roberto Pinto Santiago Filho
    Rainhas e Deusas: herança africana e resistência da mulher negra no Brasil
  • Yaci Maria Marcondes Farias
    “Uma Canção Pra Você” A Música Em Uma Proposta De Sequência Didática Voltada Para Um Ensino De Biologia Não Sexista
  • [sem identificação nominal]
    A temática “gênero e direitos das mulheres” no ensino de Sociologia: uma proposta de abordagem a partir da metodologia Tela Crítica
  • Fábio da Silva Gomes
    Verificando a origem das discriminações
  • Nathalia Servadio
    Visibilidade para as mulheres no esporte
  • Natália Braga de Oliveira
    Corpo e fala: resistências à violência de gênero
  • Jéssica Carolina Paschoal de Macedo
    As temáticas de gênero no ensino de Química
  • Nathalia de Oliveira
    Injúrias, Corpos e Diversidade
  • Aparecido Renan Vicente
    Educação, Direitos, Raça, Sexualidade, Identidade De Gênero, Violência Sexual E LGBTQIA+: Desmistificando Mitos.
  • Izabela de Faria Miranda
    Homens que Transformam
  • Fernanda Brandão da Silva
    Vida sem Violência é direito
  • Thiago Luis Cavalcanti Calabria
    O que podemos aprender com os movimentos sociais
  • Lyra da Matta Machado Lana
    Diversidade sexual e de gênero
  • Márcie Vieira
    Os Temas (Trans)versais e seus (Cis)temas
  • Priscila Artte Rosa Nascimento
    Caderno das Mulheres: Uma alternativa ao sexismo nos materiais didáticos
  • Fleuriane Dantas Lira
    RPG educacional de autoria própria: Mais um nada comum dia na escola
  • Yasmine Braga Theodoro
    De mulheres para meninas: tecendo redes e projetando carreiras na ciência e tecnologia
  • Cristiane Batista da Silva Santos
    Storytelling Na Formação De Professores/As: Estratégias De Ensino Contra O Racismo Estrutural Sobre Mulheres Negras
  • Vera Regina Meinhard
    Equilíbrio de Gênero: Democratizando (Auto)conhecimento
  • Eliaquim de Sousa Lima
    Desconstrução de estigmas de gênero na dança de salão, forró.
  • Sylvia de Nazaré Ferreira Castro
    Projeto “Um Olhar Diverso”
  • Ediêr Luiz Sabino
    “Você tem Medo de Quê?”
  • Dalva De Araujo
    “Respeita As Mina” – Dia De Mulher É Todo O Dia”
  • Marília Farias Xavier
    Empodere Suas Crianças
  • Camyla Roberta Gonzaga Silva
    O jogo da vida real
  • João Eudes Alexandre de Sousa Júnior
    LGBTQIA+: uma sigla que inclui a todos.
  • Jocy Meneses dos Santos Junior e Jarlisse Nina Beserra da Silva
    Reflexões sobre gênero e violência a partir da arte
  • Martha Julia Martins de Souza
    Clube de Leitura Jovem Adulto
  • Lucas Súllivam Marques Leite
    Filosofia Africana: performance, feminino e matrizes afro-ameríndias
  • Vanessa dos Santos Araujo
    Identidades e desigualdades: uma pesquisa censitária na escola
  • Bruno Godoi Barroso
    Vozearia no Silêncio
  • Silvana Cockles Crisanto Do Nascimento
    Empodcast
  • Caroline Feitosa de Sousa
    Projeto interdisciplinar revista cultural apagadas da história
  • Samanta do Carmo Zangari Corrêa
    Projeto diversidade – ser diferente é legal, eu respeito!
  • Mayana Marques Vieira
    Direito à Cidade Afro-Periférico em uma Perspectiva de Gênero e Raça
  • Larissa de Pinho Cavalcanti
    Dixie Chicks na Luta contra Violência Doméstica na Aula de Inglês
  • Larissa de Pinho Cavalcanti
    Maria da Penha Law: Violencia contra mulher na aula de ingles
  • Thiago de Souza Moura
    Oficinas da liberdade: ressignificando a gravidez na adolescência na escola através dos estudos de gênero
  • Lara Maria Bacelar Santos
    Desenho animado e Igualdade de gênero
  • Nayane Marques da SIlva
    Sarau Vozes que não calam
  • Samantha Schäfer
    Menina Super Preta Poderosa
  • Caliane Costa dos Santos da Conceição
    Cientistas Negras na Educação Profissional e Tecnológica: E eu, eu não sou uma cientista?
  • Renata Lewandowski Montagnoli
    Tempos de guerra, mulheres sem paz
  • Renata Lewandowski Montagnoli
    A “invisível” violência contra o ser mulher
  • Maria Eduarda Ososki Nicolau e Maria Cecilia Vieira Carvalho
    Feminicídio no Brasil – definição, causas e interseccionalidade
  • CELIANA MOTA RODRIGUES SOARES
    Dignidade e Respeito
  • Celiana Mota Rodrigues Soares
    Projeto Desiderata
  • Henrique Frey
    Homem não chora? Leituras sobre a construção da masculinidade e a noção de gênero
  • Rayra Santos de Souza
    Projeto Mulheres na História
  • Guilherme da Silva Fassina
    Desconstruindo a cultura do machismo no Futebol
  • Ana Elisa Cruz Corrêa
    Perceber, refletir e agir: mobilizando a comunidade escolar contra as opressões interseccionais do dia a dia
  • Luciane Fontes Polido de Almeida
    Projeto Interdisciplinar – Vidas Negras Importam
  • Analise de Jesus da Silva
    Educação  para cidadania e direitos humanos: educação para as mulheres e as pessoas LGBT  – uma questão de gênero.
  • Francisca de Lima Constantino
    A interdisciplinaridade como possibilidade de valorização da diversidade e respeito às diferenças
  • Rosa Maria Alves do Nascimento
    Narrativas Negras e Carolina de Jesus no fortalecimento da Igualdade de gênero
  • Débora Camargo
    Aprendendo a dizer não à violência de gênero: uma análise crítica sobre a fábula “A cigarra e a formiga”
  • Aline Antochiw Amaral
    Vozes Femininas não se calem!
  • Júlia Silveira Barbosa
    As resistências de movimentos sociais de mulheres, negros e LGBT’s às censuras do período ditatorial brasileiro (1964-1985).
  • Aldo Rezende
    Em Debate As Questões:  Gênero, Etnico-racial E Classe Social Na Sociedade Contemporânea.

Uma segunda lista de propostas será publicada em breve. Aguardar o contato da equipe do projeto Gênero e Educação.