Centro das Mulheres do Cabo, com apoio do Fundo Malala, lança pesquisa evasão escolar de meninas e jovens mulheres

O diagnóstico conduzido e protagonizado por meninas e adolescentes traça o perfil das alunas que estão fora da escola no município de Cabo de Santo Agostinho (PE) e identifica o impacto da evasão escolar na vida das estudantes.

Imagem de "Centro das Mulheres do Cabo, com apoio do Fundo Malala, lança pesquisa evasão escolar de meninas e jovens mulheres", matéria no site Gênero e Educação. Duas garotas aparecem estudando

Nesta terça-feira, 29 de março, às 14h, será realizado, no Centro Administrativo Municipal (Cam1), na Torrinha, o lançamento do Diagnóstico Participativo sobre a Evasão Escolar das Meninas e Jovens Mulheres do Cabo de Santo Agostinho (PE), que traça o perfil das adolescentes e jovens mulheres fora da escola, mostrando as causas e os impactos da evasão escolar.

O estudo apresenta ainda recomendações para prevenir a evasão escolar e orientar a busca ativa para o retorno dessas meninas e jovens mulheres à sala de aula, tanto no Ensino Fundamental como no Ensino Médio, considerando, o contexto da pandemia de Covid-19.

Segundo a pesquisa, um dos principais motivos do abandono escolar foi o impacto direto da Covid-19, 37,5% das entrevistadas deixaram de estudar devido à falta de celular com internet, o que as impediu de acompanhar as aulas virtualmente.

A gravidez precoce, também aparece entre as principais causas de abandono escolar. Das meninas entrevistadas, 14,6% tiveram que trabalhar para gerar renda para a própria subsistência e de suas famílias. A interrupção das aulas presenciais foi avaliada como muita negativa pelas meninas: 95,2% delas desejam voltar às aulas presenciais. Para 40% das entrevistadas, as escolas não ofereceram a estrutura necessária para garantir segurança sanitária no contexto de pandemia.

“As meninas e jovens mulheres sofreram mais do que os meninos e rapazes jovens na pandemia, porque o trabalho doméstico, de cuidar da casa e das pessoas idosas, com deficiência ou doentes, recai sobretudo sobre as mulheres que estavam em casa. Ou seja, a pressão em cima dessas meninas e jovens mulheres foi muito maior, impactando negativamente o seu desempenho escolar e levando muitas delas a abandonarem a escola”, explica a integrante da Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala no Brasil, Cássia Jane, que coordenou a pesquisa aplicada nos diversos bairros do município de Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana de Recife.

O diagnóstico, protagonizado e conduzido por meninas e jovens mulheres cabenses, é parte do projeto “Meninas em Movimento pela Educação”, realizado pelo Centro das Mulheres do Cabo com o apoio do Fundo Malala e a cooperação técnica da Prefeitura do Cabo. O projeto dá suporte a cerca de 90 meninas para atuarem como ativistas por melhores condições nas escolas públicas em que estudam e a se engajarem na promoção da igualdade de gênero no ambiente escolar. Entre os objetivos do projeto estão identificar as causas e combater a evasão escolar, além de implementar um plano para aprimorar as políticas públicas relacionadas à promoção do direito à educação de meninas e jovens mulheres do município, com foco em igualdade de gênero e raça.

Pesquisas globais do Fundo Malalala mostram que o aumento das taxas de pobreza, responsabilidades domésticas, trabalho infantil e gravidez na adolescência afetaram desproporcionalmente a capacidade das meninas de aprender durante a pandemia, impedindo o retorno delas à escola.


Saiba mais: Os desafios de estudantes do ensino médio na volta às aulas presenciais


Depoimento de menina

Das 96 meninas e jovens entrevistadas, 72,9% residem em oito bairros e comunidades de Cabo de Santo Agostinho: Vila Claudete, Bairro São Francisco, Nova Tatuoca, Gaibu, Engenho Mercês, Enseadas do Corais, Alto da Bela Vista e Cidade Garapu. A pesquisa também foi realizada com os/as gestores/as das escolas públicas, profissionais de saúde e conselheiros/as tutelares.

Sobre a Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala

Inspirado pelas raízes de Malala e Ziauddin Yousafzai como ativistas locais no Paquistão, o Fundo Malala estabeleceu em 2017 a Rede de Ativistas pela Educação (Education Champion Network) para investir, apoiar o desenvolvimento profissional e dar visibilidade ao trabalho de mais de 80 educadores de oito países que trabalham a nível local, nacional e global em defesa de mais recursos e mudanças políticas necessárias para garantir educação secundária a todas as meninas. O Fundo Malala apoia educadores no Afeganistão, Brasil, Etiópia, Índia, Líbano, Nigéria, Paquistão e Turquia. No Brasil, a Rede é formada por 11 educadoras e educadores dedicados a construir esforços coletivos pela educação escolar de qualidade nas regiões do país onde a maioria das meninas não frequenta o ensino secundário, com foco em meninas negras, indígenas e quilombolas.

Serviço:

O quê: Lançamento do Diagnóstico Participativo sobre a Evasão Escolar das Meninas e Jovens Mulheres do Cabo de Santo Agostinho

Local: Centro Administrativo Municipal CAM 1, Torrinha Centro do Cabo

Quando: 29 de março, às 14h

Mais informações:

Cássia Jane – Integrante da Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala no Brasil
(81) 98883.3584

Assessor de Comunicação do Centro das Mulheres do Cabo
(81) 99511.1987

Edital Igualdade de Gênero na Educação Básica: divulgação do resultado e cerimônia foram adiadas para abril

Datas da cerimônia de reconhecimento público e do primeiro resultado das propostas ainda serão divulgadas.

Imagem de um punho erguido, em volta há símbolos do feminismo. Site Gênero e Educação: Edital Igualdade de Gênero na Educação Básica: divulgação do resultado e cerimônia estão confirmadas para março

Em novembro de 2021, o Edital Igualdade de Gênero na Educação Básica realiza sua segunda edição! Desta vez, focando em propostas para a Educação Infantil e para a Educação de Jovens e Adultos.

A equipe do projeto Gênero e Educação e a Ação Educativa agradece imensamente o interesse de todas as pessoas que participaram e enviaram suas propostas de planos de aulas, sequências didáticas, relatos de experiências, planos de atividades e práticas cotidianas comprometidas com a igualdade de gênero nas escolas! 

O primeiro resultado do Edital foi adiado e irá acontecer no mês de abril! Em celebração, será feita uma cerimônia de reconhecimento público ao vivo: datas serão confirmadas em breve.

Curso Gênero e Educação

Em breve, será disponibilizado todos os detalhes do Curso Gênero e Educação, que está sendo planejado em parceria com o Centro de Formação da Ação Educativa!

Para saber mais informações sobre o curso ou como participar, entre em contato pelo e-mail generoeeducacao@acaoeducativa.org.br

Para mais dúvidas ou informações:

Entre em contato com a equipe do projeto pelo e-mail generoeeducacao@acaoeducativa.org.br

Malala comanda editoria de opinião da The Economist no Mês da Mulher

Nobel da Paz é a primeira especialista já convidada a comandar a seção de opinião da revista. No Dia Internacional da Mulher, Malala publica artigo com críticas a líderes globais e abre espaço para jovens mulheres ativistas analisarem a situação de emergência da educação de meninas no mundo.

Imagem de Malala, Nobel da Paz, de Agnès Ricart

FUNDO MALALA, 8 de março de 2022 – O artigo de Malala Yousafzai publicado nesta terça-feira (08/03) na seção de opinião “By-Invitation”, da revista britânica The Economist, elogia a determinação de meninas ativistas no Brasil e critica a forma como governantes ignoram o direito à educação.

“Todas as meninas sabem muito bem como o mundo falha com elas. De escolas na Nigéria a campos de refugiados no Iraque ou oficinas de arte no Brasil, as meninas que eu encontro ao redor do mundo sempre compartilham histórias pessoais inspiradoras e críticas inteligentes sobre o poder, que informam e influenciam minha campanha pela educação de meninas por meio do Fundo Malala”, escreve.

O Fundo Malala, co-fundado em 2013 por Malala e seu pai, Ziauddin Yousafzai, inspirados na trajetória de ambos como ativistas locais no Paquistão, apoia programas, educadores e organizações que atuam nos países com os piores índices educacionais para garantir educação pública de qualidade a crianças e adolescentes e o retorno à sala de aula de cerca de 130 milhões de meninas no mundo que estão fora da escola.

Como editora convidada da The Economist, a Nobel da Paz abriu espaço para quatro jovens ativistas – amigas e também conselheiras do Fundo Malala –, para analisar temas profundamente conectados com a educação de meninas no mundo: conflito, clima, inclusão digital e discriminação.

Educação de meninas

Kiara Nirghin, inventora e cientista da África do Sul, é colaboradora frequente do blog Assembly, publicação digital do Fundo Malala feita por meninas e para meninas com base na experiência de Malala, aos 11 anos no Paquistão, quando escrevia um blog para a BBC sobre as ameaças do talibã. A ativista pelos direitos das mulheres Freshta Karim escreve sobre a experiência de fugir do Afeganistão. TK Saccoh, de Serra Leoa, reflete sobre como o racismo e a discriminação baseada em gênero afetam o aprendizado das meninas e como professores podem ajudar. Vanessa Nakate, ativista pelo clima no Uganda, pede uma abordagem inclusiva nos debates e leis sobre questões ambientais globais.

“Acredito que o mundo deveria ouvir mais as meninas e jovens mulheres e dar a elas plataformas mais amplas para falarem”, complementa Malala no artigo. “Espero que eles [os artigos das ativistas convidadas] lembrem vocês sobre como as meninas e mulheres podem contribuir quando recebem ferramentas para terem sucesso – e por que devemos encontrar uma maneira de garantir que todas as meninas possam completar 12 anos de educação gratuita, segura e de qualidade.”A Nobel da Paz ainda aponta dados alarmantes. Desde o início da pandemia de Covid-19, dois terços dos países de baixa e média renda cortaram os gastos com educação. Em 2020, o Fundo Malala estimou que a pandemia poderia forçar quase 20 milhões de meninas com idades entre 11 e 18 a abandonarem a escola. “A pandemia, as mudanças climáticas, o racismo e as desigualdades têm exacerbado os problemas que as meninas enfrentam”, destaca a co-fundadora do Fundo Malala.