#MeninasDecidem: campanha incentiva meninas quilombolas, indígenas e periféricas a tirar o título de eleitora

Iniciativa segue presente nas redes sociais, incentivando jovens de 16 a 17 anos a tirarem o título de eleitora para as eleições de 2022.

Imagem de duas meninas segurando o título de eleitor. Gênero e Educação: #MeninasDecidem: campanha incentiva meninas quilombolas, indígenas e periféricas a tirar o título de eleitor

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 1,1 milhão de jovens tiraram o título de eleitor nos primeiros três meses de 2022. Até o dia 4 de maio, esse número pode aumentar ainda mais, graças a iniciativas de campanhas nas redes sociais, como a #MeninasDecidem, iniciativa promovida pela Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala no Brasil, que reúne ONGs, coletivo e educadores, para mobilizar e incentivar meninas de 16 e 17 anos a tirar o título de eleitora, para exercer o direito ao voto, participar de discussões sobre políticas públicas e diversificar o debate sobre questões de gênero.

Para entender como essas iniciativas chegam para a juventude, conversamos com  Jéssica Almeida, 16, moradora do bairro Jardim Carolina, bairro localizado no Itaim Paulista, extremo leste de São Paulo. Ela é estudante do segundo ano do ensino médio em tempo integral de uma escola pública e mora com os pais.

Incentivada por um grupo de educadores que valorizam a participação da juventude no exercício da cidadania, a jovem tirou o título de eleitora recentemente na escola em que estuda. Fruto da iniciativa dos professores, Jéssica está empolgada com o primeiro voto e relata que alguns colegas de classe também decidiram fazer o registro do título, para votar nas eleições de outubro.

“Eu acredito que o meu voto é importante, eu sempre tive essa vontade de votar. E agora me sinto incluída, não tanto quanto eu gostaria, mas eu tenho que lutar pelos meus direitos, e a política vai me ajudar”, afirma a estudante de 16 anos.

A jovem enfatiza que a decisão de tirar o título de eleitora é importante não só pela ação do voto em si, mas para ela se entender como mulher na sociedade e as formas como ela poderá contribuir daqui em diante.

“Acredito que o maior impacto que senti foi o peso de ser mulher preta, mas de forma positiva né, porque a mulher preta não tem tanta visibilidade na sociedade, mas a mulher preta é necessária”, aponta Jéssica.

Com o apoio da Associação Nacional de Ação Indigenista (ANAI), organização social que integra a Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala, a campanha #MeninasDecidem atravessou barreiras sociais e geográficas e chegou a lugares importantes na luta por direitos sociais no Brasil, como no município de Pau Brasil, localizado no sul da Bahia, onde reside a jovem indígena Clarisse Alves, 18, da comunidade da Aldeia Caramuru do povo Pataxó Hãhãhãe. 

Ela atuou como ativista e mobilizadora na campanha #MeninasDecidem, incentivando outras meninas de 16 e 17 anos a tirar o título de eleitora e exercer o direito ao voto.

Clarisse ressalta a importância da participação política dos povos indígenas e da presença de meninas nesse cenário. “A minha relação com a política se dá através da cobrança dos políticos da minha região, para que realizem as promessas das campanhas, e também através do meu ativismo. Desde os 16 anos, eu faço várias ações em defesa da educação de meninas indígenas”, relata a jovem.

Ela complementa, afirmando que somente unidas as meninas poderão promover alguma mudança no cenário político. “Juntas somos mais fortes e lutar por uma educação melhor na base da política é fundamental para garantir nossos direitos.”

Clarisse tirou o título de eleitora em 2020, quando tinha 17 anos. Portanto, as eleições de 2022 ficarão marcadas na sua trajetória de ativismo, por ser a primeira vez que ela irá votar em eleições nacionais. Consciente do seu papel como eleitora, ela espera que as suas ações sirvam para que outras meninas e adultos lembrem da educação, saúde, questões de gênero, das melhorias para os territórios indígenas e para o mundo antes de decidirem o seu candidato.

Além da comunidade indígena no sul da Bahia, a campanha também atingiu o estado de Pernambuco, onde Bianca Maria, 20, jovem moradora do Quilombo Feijão e Posse, reside junto com seus familiares no município de Mirandiba, território onde promovem a ancestralidade afro-brasileira, a partir da preservação do modo de vida quilombola.

Atualmente, Bianca mora com seus pais e está cursando o segundo módulo da licenciatura em Geografia. Como parte da sua contribuição para as meninas que vivem no Quilombo Feijão e Posse, a estudante gosta de participar de reuniões e palestras sobre direitos humanos na universidade onde estuda, para se apropriar cada vez mais da importância da mulher na política.

“As meninas não têm oportunidade de fazerem o que querem, só pelo fato de serem meninas, então é importante que elas participem da política, porque nós vamos se sentir mais livres para poder falar”, acredita.

Com o título de eleitora em mãos, Bianca afirma que vai votar esse ano, pois acredita ser parte de muitas mudanças que podem e precisam acontecer. “Nessa eleição estou bastante animada, e minha expectativa é que tenha muitos jovens, porque pra mim é eles que vão fazer a diferença, e espero que seja para melhor”, afirma.

A jovem relata que está participando do projeto EduQuilombo, processo formativo que discute as melhorias na educação escolar quilombola de Mirandiba e de todo o entorno.

“A gente fala da falta de transporte, da falta de professores capacitados nas escolas, da falta de merenda de qualidade para os alunos. Então essa é a oportunidade de falar dos nossos direitos que não estão sendo atendidos”, finaliza Bianca.

Educação para mudar a política

Engajada na luta dos povos indígenas pelo direito à educação, a historiadora Ana Paula Ferreira de Lima, acompanha de perto o cotidiano de meninas adolescentes que participam do projeto Cunhataí Ikhã, iniciativa de promoção da educação escolar indígena, direitos humanos e igualdade de gênero, onde ela atua na coordenação pela ANAI, que tem apoio do Fundo Malala.

Para Ana Paula, os projetos, formações e campanhas que estimulam o contato de meninas com a política desde cedo, podem gerar a oportunidade para elas entenderem processos, importância e o impacto da política na vida delas de maneira mais qualificada.

“O objetivo é fazer elas perceberem que política não é distante e que as escolhas impactam diretamente na vida delas. Existe uma construção forte que política é só corrupção e está longe das nossas vidas e do nosso entendimento. Então é importante mostrar que quanto mais pessoas parecidas com elas estiverem ocupando os cargos políticos, mais chance tem de a realidade delas mudar”, avalia a historiadora.

Ela também ressalta que essas iniciativas despertam o interesse das meninas pela política institucional e isso faz muita diferença no cenário político em que vivemos. “Na medida que elas perceberem que representatividade importa em todos os espaços que elas circulam, elas se tornam multiplicadoras em suas comunidades e incentivam outras meninas a se interessarem pelo tema”, finaliza.

Semana de Ação Mundial lança Manual para apoiar milhares atividades no Brasil

Oferecido gratuitamente e num formato acessível, manual dá base para a realização de atividades entre 20 e 27 de junho; inscrições estão abertas

Imagem de "Semana de Ação Mundial lança Manual para apoiar milhares atividades no Brasil". Na imagem a há elementos sobre educação, urna de votação e meninas indígenas

O Manual da Semana de Ação Mundial 2022 já está no ar! Neste ano, o Manual da SAM serve de base para a edição deste ano que tem como tema “Compromisso para a eleição: não corte da educação!”.

Para apoiar os participantes da SAM na realização das atividades deste ano, que acontecem de 20 a 27 de junho, em todo o Brasil, o Manual da SAM reúne pontos centrais para a defesa de uma educação pública de qualidade.

O material está no ar virtualmente e serão impressos e enviados para a realização das atividades dos primeiros 1 mil inscritos. 

Sobre o Manual de 2022

O Manual da SAM 2022 apresenta, entre outros pontos, sugestões sobre como as atividades podem ser organizadas e sobre o que se debater neste momento importante para a educação brasileira.

“As eleições que ocorrerão no Brasil abrem uma janela de oportunidade única para debater a prioridade da educação na agenda política brasileira, especialmente por se tratar de eleições para cargos políticos na esfera federal, instância em que a criação de políticas nacionais de educação e alocação de recursos é definida como uma prioridade”, escreve Andressa Pellanda, coordenadora-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, no editorial do Manual.

ACESSE O MANUAL DA SAM 2022
INSCREVA SUA ATIVIDADE NA SAM 2022

O documento se junta a uma série de materiais disponíveis no site da SAM que sugerem temas a serem trabalhados em atividades autogestionadas realizadas por professores, famílias e responsáveis, e estudantes, toda a comunidade educacional, gestores, conselheiros, tomadores de decisão e todas as pessoas preocupadas com a garantia do direito à educação.

Os inscritos na SAM também serão incentivados a entregar Cartas Compromisso a candidaturas das eleições gerais, em defesa do direito à educação de qualidade. Mais detalhes serão divulgados em breve sobre esta ação

A Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala no Brasil apoia a SAM 2022 e lançará em paralelo à Semana um Manifesto das Meninas, por uma educação antirracista e não sexista. Esse documento também será usado como uma ferramenta de incidência política das meninas nas Eleições de outubro.

O Manual da SAM é composto por:

– Glossário
– Editorial

– O que é a Semana de Ação Mundial (SAM)?
– O que defendemos?
– A Rede de Ativistas do Fundo Malala no Brasil promove a SAM 2022

– Oitavo ano de descumprimento do Plano Nacional de Educação
– O que diz a lei?
– Fique de olho nos planos!
– Balanço do Plano Nacional de Educação
– A austeridade contra os direitos

– O novo e permanente fundeb: uma vitória que ainda precisa ser regulamentada
– Sistema Nacional de Educação
– O Custo Aluno-Qualidade (CAQ)
– Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SINAEB)

– Pelo fim da privatização e comercialização da educação
– Os Princípios de Abidjan

– Educação inclusiva, anti-racista e não-sexista

– Sugestões de atividades
– Atividades políticas
– Atividades educativas
– Divulgação e ativação virtual

Inscreva-se na SAM 2022

Para participar, acesse o portal da SAM 2022 e baixe os materiais digitais de divulgação virtual para já começar a mobilização para suas atividades. Basta acessar a aba “Materiais”. Em breve, disponibilizaremos também o Manual da SAM 2022 e mais subsídios.

Assim que realizar as atividades, o participante deve postar as fotos, vídeos e relatos! Assim como divulgar nas redes sociais usando as hashtags #SAM2022, #EducaçãoNasEleições2022 e #NãoCorteDaEducação.

Certificado

Para receber um certificado de participação, a/o participante deve preencher o formulário no site semanadeacaomundial.org, indicando as atividades que pretende realizar com os materiais de apoio.

Logo após a Semana de Ação Mundial, a/o participante deve escrever um breve relatório das atividades realizadas, informando também o número de pessoas mobilizadas – anexando fotos e vídeos, autorizando ou negando sua divulgação. Para mais informações, escreva para sam@campanhaeducacao.org.br.

Realização

Campanha Nacional pelo Direito à Educação

Comitê técnico da SAM 2022

Ação Educativa
Associação Nacional de Ação Indigenista (ANAÍ)
Centro das Mulheres do Cabo (CMC)
Centro de Cultura Luiz Freire (CCLF)
Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social (CENDHEC)
Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ)
Escola de Gente – Comunicação em Inclusão
Geledés Instituto da Mulher Negra
Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC)
Mais Diferenças
Projeto Mandacaru
Redes da Maré

Apoio

Campanha Global pela Educação
Fundo Malala
Plan International Brasil
Visão Mundial

Rede de Ativistas do Fundo Malala no Brasil incentiva meninas a tirarem título de eleitora

Prazo para jovens de 16 e 17 anos obterem o título de eleitor e poderem votar nas eleições gerais deste ano acaba em 4 de maio; ação é parte da campanha #MeninasDecidem, lançada pela Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala no Brasil

Imagem da matéria Rede de Ativistas do Fundo Malala no Brasil incentiva meninas a tirarem título de eleitora. há uma ilustração com três garotas: uma menina negra com deficiência, uma menina negra com megafone e uma menina indígena com o título de eleitor.

A Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala no Brasil se mobiliza para incentivar meninas brasileiras a se registrarem e votarem nas eleições gerais deste ano, por meio da campanha #MeninasDecidem. O grupo de 11 educadores e educadoras brasileiras integra a Education Champion Network, rede global de ativistas presente em oito países, incluindo o Brasil, que recebe apoio do Fundo Malala para promover a educação pública de qualidade às meninas.

Entidades e ativistas se articulam para mobilizar milhões de meninas brasileiras de 16 e 17 anos a reconhecerem seus direitos eleitorais e exercerem o voto. O prazo para obtenção do título de eleitor é até 4 de maio.

A ação se soma a diversos esforços feitos por movimentos sociais e a classe artística para reverter a baixa adesão do registro eleitoral aos 16 e 17 anos, quando o voto ainda não é obrigatório.

Para o voto facultativo, estão aptas/os as/os adolescentes que irão completar 16 anos até 2 de outubro de 2022. Ou seja, jovens de 15 anos que se encaixam nesse perfil também podem votar nestas eleições. A obtenção do título pode ser feita no site da Justiça Eleitoral.

Dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) mostram que o número de jovens entre 15 e 17 anos com novos títulos cresceu mais de 45%, chegando a 290.783 em março. Mas só 1 a cada 5 adolescentes entre 15 e 17 anos têm o documento, segundo o jornal Folha de S.Paulo. São cerca de um milhão de jovens com título.

A Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala no Brasil vai produzir conteúdos que incentivem o registro e facilitem a compreensão do processo de registro eleitoral – que pode ser feito totalmente online e em poucos minutos. Professoras e professores também serão sensibilizados para chamar a atenção de suas alunas para a importância do voto.

Sobre a Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala

Inspirado pelas raízes de Malala e Ziauddin Yousafzai como ativistas locais no Paquistão, o Fundo Malala estabeleceu em 2017 a Rede de Ativistas pela Educação (Education Champion Network) para investir, apoiar o desenvolvimento profissional e dar visibilidade ao trabalho de mais de 80 educadores de oito países que trabalham a nível local, nacional e global em defesa de mais recursos e mudanças políticas necessárias para garantir educação secundária a todas as meninas. Membros da Rede recebem suporte para a implementação de projetos ambiciosos em seus países e participam de campanhas para eliminar as barreiras que impedem meninas de ter acesso à educação escolar de qualidade.

O Fundo Malala apoia educadores no Afeganistão, Brasil, Etiópia, Índia, Líbano, Nigéria, Paquistão e Turquia. No Brasil, a Rede é formada por 11 educadores e educadoras dedicadas a construir esforços coletivos pela educação escolar de qualidade nas regiões do país onde a maioria das meninas não frequenta o ensino secundário, com foco em meninas negras, indígenas e quilombolas. Saiba mais sobre a Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala no Brasil aqui (em inglês).

No Brasil, a Rede é integrada por representantes das seguintes entidades: Ação Educativa, ANAÍ, Campanha Nacional pelo Direito à Educação, CENDHEC, Centro das Mulheres do Cabo (CMC), Centro de Cultura Luiz Freire (CCLF), CONAQ, Geledés, INESC, Redes da Maré e o Projeto Mandacaru/Malala. 

ASSESSORIA DE IMPRENSA

Karina Gomes – Comunicação do Fundo Malala no Brasil

karina.gomes@malalafund.org | (11) 98849-7361

Decisões do STF contra censura em escolas é tema de campanha nas redes sociais

Com uma série de vídeos, entidades buscam fortalecer educadoras/es e comunidades escolares para enfrentar perseguições e a autocensura

Imagem de bandeira LGBTQIA+ e bandeira do movimento Trans; imagem para a Campanha Escola de Qualidade

A Ação Educativa, em articulação com diversas entidades que atuam na defesa dos direitos humanos, lançou nesta quarta o primeiro vídeo de uma campanha que visa disseminar as decisões do Supremo Tribunal Federal de 2020, que afirmaram a inconstitucionalidade de leis que proibiam a abordagem de gênero nas escolas e de leis inspiradas no Escola sem Partido. Com o lema “Escola que cuida e protege fala de igualdade de gênero”, a campanha reafirma a liberdade e o pluralismo no ensino, a proteção de crianças e adolescentes e o dever do Estado de enfrentar todas as formas de discriminação baseadas em gênero e orientação sexual.

A campanha será composta por quatro vídeos, além de outros materiais para serem compartilhados nas redes sociais. A iniciativa visa também enfrentar o pânico moral e a desinformação promovida por movimentos ultraconservadores, acirrados em anos eleitorais, e disseminar o Manual de Defesa Contra a Censura nas Escolas, publicação lançada por Ação Educativa e mais 80 entidades de educação e direitos humanos em fevereiro deste ano. A publicação apresenta orientações jurídicas e estratégias político-pedagógicas em defesa da liberdade de aprender e de ensinar, baseadas em normas nacionais e internacionais e na jurisprudência brasileira. 

Sobre a Ação Educativa

Criada em 1994, é uma organização de direitos humanos, sem fins lucrativos, com uma trajetória dedicada à luta por direitos educativos, culturais e da juventude. Desde a sua fundação, integra um campo político de organizações e movimentos que atuam pela ampliação da democracia com justiça social e sustentabilidade socioambiental, pelo fortalecimento do Estado democrático de direito e pela construção de políticas públicas que superem as profundas desigualdades brasileiras, bem como pela garantia dos direitos humanos para todas as pessoas. Desde 2018, a Ação Educativa é apoiada pelo Fundo Malala.

Edital Igualdade de Gênero na Educação Básica 2022: conheça as propostas selecionadas

Segunda edição do edital focou na Educação Infantil e na Educação de Jovens e Adultos. Reconhecimento público das propostas mais criativas foi realizado no dia 5 de abril.

Ilustração de plano de aula do edital Igualdade de Gênero na Educação Básica. Na imagem há microfones, fones de ouvido, representações de som e balões de fala. Ilustradora: Barbara Quintino.

Em novembro de 2021, a Ação Educativa, com apoio do Fundo Malala e em aliança com mais de 50 entidades comprometidas com o direito à educação, lançou a segunda edição do Edital Igualdade de Gênero na Educação Básica, com foco na Educação Infantil e na Educação de Jovens e Adultos. 

Esta segunda edição teve como objetivo estimular a construção e a divulgação de planos de aulas, planos de atividade ou de práticas cotidianas, sequências didáticas e relatos de experiência comprometidos com a igualdade de gênero. Foram recebidas 80 propostas, das quais 26 foram aprovadas pelos Comitês de Seleção e passam a integrar o acervo do banco de planos de aula público da Gênero e Educação, estando disponíveis para download gratuito. 

“O edital é uma iniciativa de resistência aos ataques à agenda de gênero, raça e sexualidade, mas também é uma iniciativa de esperança, de anúncio de possibilidades e de valorização de experiências criativas que vêm acontecendo”, destacou Denise Carreira, coordenadora do projeto Gênero e Educação da Ação Educativa e integrante da Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala no Brasil.

Das 26 propostas aceitas, oito foram reconhecidas em cerimônia virtual no dia 5 de abril por sua originalidade e criatividade. Elas vêm de diferentes regiões do país e abordam temas diversos, valorizando a perspectiva interseccional entre gênero, raça e sexualidade. Como pontuou Denise Carreira, “abordar igualdade de gênero na escola é fundamental para uma educação que cuida e protege. Não é uma ameaça à educação, é condição para educação de qualidade no país”. 

Tanto as propostas para Educação Infantil como as de Educação de Jovens e Adultos (EJA) utilizaram recursos e ferramentas adequadas às suas respectivas modalidades. Isto é, foram desenvolvidas pensando na faixa etária e contexto de vida das e dos educandos. Por exemplo, atividades lúdicas e leves na Educação Infantil, ou debates e valorização das histórias de vida das educandas da EJA. 

A cerimônia de reconhecimento público contou com a presença de Maíra Martins, representante do Fundo Malala no Brasil, que apoiou a segunda edição do edital, além de integrantes dos comitês de seleção. Míghian Danae, professora da UNILAB e parte do comitê de seleção da educação infantil, reforçou a importância das propostas envolverem toda a comunidade escolar para abordar igualdade de gênero e suas intersecções com raça e sexualidade, e afirmou que os temas são muito importantes “pois colaboram para desnaturalizar a infância como um lugar perfeito e universal, como se todas as crianças tivessem a mesma experiência”. “O edital nos convida a fazer perguntas juntos com as crianças”, disse ela. 

Conheça as oito propostas reconhecidas publicamente como mais criativas e engajadoras nesta edição do edital:

Educação Infantil

“Quem dança, os preconceitos espanta: o balé como uma dança de todas e todos”
de Tânia Maria, Mila Nayane, Sandra Gadelha e Claudiana Alencar.

Esse relato de experiência educativa descreve uma atividade lúdica realizada em uma escola pública da zona rural do município de Russas (CE) voltada a desconstruir estereótipos de gênero por meio do balé. A ideia surgiu após observação das docentes de que as crianças daquela faixa etária interagiram livremente com o balé, sem compreendê-lo como uma atividade exclusiva para um gênero. A partir dessa provocação, veio a iniciativa de transportar a experiência para as casas das crianças, de maneira a aproximá-la também das famílias e propor a reflexão a respeito do balé como uma dança plural e não restrita a meninas.

As atividades, realizadas durante o ensino remoto, convidavam crianças e suas famílias para dançarem a música “A Bailarina”, de Lucinha Lins, que despertou a ideia da proposta. Também evidenciavam o balé como um estilo de dança reconhecida em todo o mundo, com muitos benefícios, e uma atividade que pode ser praticada por pessoas de qualquer gênero.

As proponentes destacam que gênero e sexualidade estão na escola, mesmo que não estejam sendo mencionados. “Isso significa dizer que nós docentes e pesquisadoras/es temos que entender que o nosso papel é de mediar e problematizar de modo adequado e crítico tais aspectos que compõem a vida de todas, todos e todes”, dizem no relato.

“Conhecendo uma astronauta negra: representatividade, histórias e brincadeiras”, de Paula Teixeira Araújo

Essa proposta foi elaborada coletivamente com o intuito de possibilitar que as crianças de escolas públicas possam brincar com temas de ciência e tecnologia a partir de uma perspectiva em que todos se sentissem protagonistas. Consistiu em apresentar a história da primeira astronauta negra a ir ao espaço, Mae Carol Jemison, de maneira lúdica, utilizando ferramentas como a contação de histórias, fantoches, roda de conversas e leituras de imagens. 

As três intervenções articulam raça e gênero para trabalhar com crianças pequenas a partir das linguagens da infância. A primeira etapa apresentou o fantoche inspirado em Mae Carol Jemison. As etapas seguintes, prezando pela criança como sujeito participante do processo, consistiram na confecção de um protótipo de foguete com materiais de baixo custo e com um momento final de brincadeira com o recurso confeccionado. A história da astronauta foi norteadora por reconhecer a importância de contar e ouvir histórias para a formação das identidades, e a cada dia as crianças foram convidadas a relembrar sua história, utilizando de diferentes estratégias metodológicas, e experimentar uma atividade prática e lúdica relacionada à viagem espacial. As reflexões acerca das relações de gênero foram suscitadas a partir de questões elaboradas pelas equipe e pelas próprias crianças.

“Brincadeiras infantis: possibilidades de tecer diálogos com as famílias e crianças sobre as relações de gênero”, de Andréa Costa

A proposta convida as famílias para brincar com as crianças da Educação Infantil, relembrando brincadeiras de suas infâncias e buscando proporcionar experiências mais equânimes de gênero e valorizar as identidades das crianças. Trabalhando na perspectiva da pedagogia da infância, a atividade foca no brincar e aborda as crianças no contexto da creche, envolvendo também diferentes setores da instituição. A mediação docente auxiliou no processo de suscitar questionamentos e desnaturalizar o “olhar” sobre os padrões constituídos social e historicamente. 

As atividades foram realizadas ao longo de 15 encontros com duração entre 30 e 40 minutos, e entre as estratégias utilizadas estavam: rodas de conversa; caixa (convite); contações de histórias; manuseio de livros literários; desenho e pintura em tecido;  brincadeiras realizadas pelas famílias; exibição do clipe da turma, a partir de imagens e vídeos dos encontros.

Educação de Jovens e Adultos 

“Dandaras que aquilombam a EJA com o uso da gamificação”, de Ariany Lobo

Essa proposta, de abordagem interseccional e metodologia participativa, posiciona as estudantes como protagonistas de suas histórias e da História. Prevê seis aulas de 40 minutos para fazer uma releitura sobre as relações sociais no Brasil, especialmente no que tange a gênero, raça e classe, usando a gamificação como ferramenta pedagógica. 

“A sequência didática parte da necessidade de levar ao conhecimento das educandas de escolas públicas personalidades mulheres e negras que contribuam para o fortalecimento da identidade quilombola, assim como a ciência do legado e história de suas ancestrais e a valorização da cultura local”, resume Ariany Lobo. 

A ideia é que esta proposta ajude as alunas a ampliar seus repertórios sobre a história do feminismo, produzindo estratégias de combate às desigualdades sociais enfrentadas pelas comunidades quilombolas quanto às condições de gênero e étnico-raciais. Além disso, tem o potencial de estimular as estudantes a desenvolver e fortalecer o senso crítico frente a representações midiáticas e de fortalecer o entendimento da escola como um espaço de poder que precisa ser ocupado por pessoas que acreditam no acesso à educação de qualidade para todas

“Projeto Fala, mulher!”, de Marcela Boni Evangelista

O projeto de Marcela Boni Evangelista pretende valorizar o protagonismo das alunas de EJA através de um projeto interdisciplinar, com destaque para as disciplinas de História, Língua Portuguesa e Geografia. Ao longo de um semestre, as alunas são incentivadas a contar suas histórias, que são então registradas e transformadas em documentos/fontes históricas, tendo como suporte metodológico os procedimentos da história oral. Assim, as alunas constroem uma espécie de banco de histórias.Através da metodologia proposta, o plano de aulas pode aproximar estudantes da EJA das práticas historiográficas, bem como criar espaços de compartilhamento de experiências e valorização das histórias de vida dos grupos envolvidos, além de fortalecer atividades de escrita, apresentação e pesquisa, aliados a discussões sobre desigualdades de gênero e raça na História do país. “A ideia é que as participantes possam se entrevistar, se ouvir e divulgar suas trajetórias, valorizando sua diversidade étnica, racial, social e de geração”, explica Marcela.

“O ensino de História através de uma perspectiva de gênero”, de Tarsila Teijeiro

Essa sequência didática, vinda de Campinas/SP, propõe promover o ensino de História através de uma perspectiva de gênero, evidenciando a participação das mulheres enquanto sujeitos históricos, especialmente no Brasil do século XIX, durante o processo de abolição da escravidão. Surgiu da inquietação de Tarsila com o fato de a maior parte do conteúdo de história ensinado no ensino básico ainda ser apresentada majoritariamente a partir da perspectiva masculina. 

Para mudar esse cenário, o ponto de partida é o conto “A Escrava”, de Maria Firmina dos Reis, publicado em 1887, explorado em sete aulas de 50 minutos. Ao trabalhar o conto, evidencia-se a literatura como uma possibilidade de fonte histórica e, sendo esse um conto de autoria feminina, propõe-se uma reflexão de gênero tendo em vista aspectos relativos à vida da autora, ao período em que ela vivia e a elementos de sua obra. 

Nas atividades sugeridas, as alunas e alunos poderão compreender que, apesar das mulheres terem sofrido processos de silenciamento ao longo da História, também foram sujeitos participativos em seus contextos políticos e sociais.

“Mulheres na Sociologia do século XIX: gênero e os temas clássicos da disciplina”, de Verônica Toste, Luna Campos e Raquel Simas

O objetivo do plano didático é olhar além dos autores clássicos em Sociologia e demonstrar o peso e a presença de mulheres na disciplina. A proposta faz isso incluindo três autoras importantes nesse campo de estudos, e que abordam também questões raciais, de gênero, imperialismo e a escravidão. 

“Vimos no edital uma ótima oportunidade para divulgar o trabalho de mulheres sociólogas que temos estudado, pois passamos a nossa formação acreditando que a Sociologia nasceu a partir dos escritos de homens europeus, e a verdade é que a sociologia já nasceu muito mais plural do que costumamos supor. Nosso objetivo é que o lugar delas seja restituído na Sociologia, uma vez que foi apagado, e que os alunos e alunas aprendam desde cedo que mulheres sempre fizeram ciência”, explica Verônica Toste, uma das autoras. 

O plano didático proposto pelas pesquisadoras da UFF está organizado em quatro encontros com duas horas de duração cada, sendo três encontros para trabalhar o pensamento das autoras propostas (Harriet Martineau, Flora Tristan e Anna Julia Cooper) e um para planejamento e execução de atividade avaliativa. As aulas contém exposição e debate e utilizam recursos textuais e audiovisuais. 

“Mais do que uma hashtag, vidas negras importam”, de Robson Ferreira Fernandes

Essa proposta consiste em uma sequência didática que requer 8 aulas de 45 minutos cada. Destinada a alunas e alunos do Ensino Médio da EJA, o objetivo é refletir e problematizar historicamente os acontecimentos do Brasil e do mundo a partir das questões racial, de gênero e classe. 

“Propus uma sequência didática que partiu do meu interesse de compreender que as redes sociais, além de serem lugares que as pessoas podem compartilhar o que estão assistindo, pensando e sentindo, são também onde acabam propondo grandes manifestações como a do Black Lives Matter [Vidas Negras Importam] que, poucos sabem, mas foi criado por três mulheres. A proposta enfatiza que as vidas negras importam diariamente e em todos os lugares e espaços e pretendo que inspire mais professores e professoras a defenderem uma pedagogia antirracista”, diz Robson. 

Livros, textos, vídeos e outros recursos são os pontos de partida dos debates, que incentivam estudantes a traçar paralelos entre os conteúdos apresentados e refletir sobre o Brasil de hoje e os processos que levaram até esse momento. Entre os temas abordados estão  a diversidade cultural; escravidão negra no Brasil; racismo; direitos e democracia; violência policial com recorte de gênero e raça; feminismo negro; e educação na luta antirracista.

Edital Igualdade de Gênero 2022: confira a primeira lista das propostas aprovadas

Primeira lista do edital 2022 conta com 26 propostas aprovadas e que visam a promoção da igualdade de gênero nas escolas.

Ilustração de plano de aula do edital Igualdade de Gênero na Educação Básica. Ao centro da imagem há um homem de cabelo roxo segurando uma flor rosa. Ao fundo, há flores de diferentes tipos. Ilustradora: Barbara Quintino.

Nesta terça-feira (05), às 17h, foi celebrada em cerimônia de reconhecimento publico das propostas mais criativas e o resultado da segunda edição do Edital Igualdade de Gênero na Educação Básica.

Com foco na Educação Infantil e na Educação de Jovens e Adultos, foram selecionados 26 propostas que promovem a igualdade de gênero nas escolas. O edital é uma iniciativa da Ação Educativa, com apoio do Fundo Malala, com a promoção de mais 50 entidades comprometidas com a luta pelo direito humano à educação de qualidade.

80 propostas foram inscritas entre novembro e dezembro de 2021. Um comitê formado por especialistas em educação infantil e educação de jovens e adultos selecionou as propostas aprovadas e as mais criativas, considerando as especificidades da educação para crianças de 0 a 5 anos e para pessoas jovens, adultas e idosas.

Saiba quais são as propostas selecionadas pelo comitê como mais criativas e engajadoras:

As pessoas serão contempladas com a publicação no banco de planos do site Gênero e Educação e um leitor digital.

Propostas da Educação de Jovens e Adultos

  • Ariany Cavalcante Lobo
    Dandaras que aquilombam a EJA com o uso da gamificação
  • Marcela Boni Evangelista
    Projeto Fala, Mulher
  • Robson Ferreira Fernandes
    Mais do que uma hashtag, vidas negras importam
  • Tarsila Tonsig Garcia Teijeiro
    O ensino de História através de uma perspectiva de gênero
  • Verônica Toste Daflon, Luna Ribeiro Campos, Raquel Simas
    Mulheres na sociologia do século XIX: gênero e os temas clássicos da disciplina

Propostas da Educação Infantil

  • Andréa Juliana Costa
    Brincadeiras infantis: possibilidades de tecer diálogos com as famílias e crianças sobre as relações de gênero
  • Paula Teixeira Araujo
    Conhecendo uma astronauta negra: representatividade, histórias e brincadeiras
  • Tânia Maria Lima, Mila Nayane da Silva, Sandra Maria Gadelha de Carvalho, Claudiana Nogueira de Alencar
    Quem dança, os preconceitos espanta: o balé como uma dança de todas e todos

Conheça a 1ª lista de aprovadas

As pessoas proponentes serão contempladas com a publicação das propostas no banco de planos do site Gênero e Educação.

Propostas da Educação de Jovens e Adultos

  • Elisângela Cristina Siqueira de Melo
    Igualdade, gênero intergênero.
  • Jussara Barbosa da Silva Gomes, Larissa de Pinho Cavalcanti
    Sempre é tempo de desconstruir o eurocentrismo.
  • Letícia de Cássia Oliveira, Rosemary Rodrigues de Oliveira
    Uso de linguagem fílmica e jogos, para a reflexão das desigualdades.
  • Maíra Mello Rezende Valle, Daiany Assunção de Sá
    Contracepção: Responsabilidade Compartilhada
  • Marcielly Cristina Moresco
    Fanzine como potência educativa no combate à violência doméstica
  • Maria Carolina Almeida de Azevedo
    Espaços reais: por nossas vozes e afetos: protagonismo discente na EJA
  • Mayara Amaral dos Santos, Otavio Gomes dos Santos, Evelin Purcini, Andre Lopes dos Santos
    Flor do asfalto: Uma nova oportunidade a partir de letramentos múltiplos
  • Roni de Mello Peronio, Ana Paula Cocco Bastos, Fabio Rossi, Marcela Ravasio
    Uma abordagem dialógica sobre a divisão sexual do trabalho
  • Severino Alves Reis
    IDENTIDADE: Quem sou Eu? Quem somos nós.

Propostas da Educação Infantil

  • Cristiane Pereira Lima, Léia Teixeira Lacerda
    PIPO E FIFI: CONHECER PARA PREVENIR
  • Daniela Maria Granja Peixoto
    Pensando sobre a igualdade no trabalho
  • Elisângela Cristina Siqueira de Melo
    (re)Contando as histórias dos avós pretos
  • Glauce Stumpf
    Pessoa – introdução aos direitos humanos numa perspectiva de gênero
  • Luciana Lage de Souza, Juliana Hui Min Wu
    Arco-Íris da Alegria e Diversidade
  • Nathalia Cristina Servadio
    Meninas também jogam futebol
  • Renata Santos Pedreira
    O cravo brigou com a rosa: repensando as relações de gênero na cantiga de roda
  • Vanderlucia Cutrim de Sousa
    Identidade e Educação Escolar Quilombola: O empoderamento Infantil Quilombola.
  • Virginia Costa Alves, Daiana Scherer Correa Tavares
    Sonhos são bem vindos, e possíveis – Pintando o 7, 8, 9, 10 na ed. Infantil

Observações gerais: a publicação das propostas aprovadas será realizada após a revisão feita a partir de recomendações do Comitê de Seleção entre abril e maio. Proponentes poderão receber solicitações de modificações dos projetos para atender aos critérios de seleção do Edital. Para mais informações: generoeeducacao@acaoeducativa.org.br

Edital Igualdade de Gênero na Educação Básica 2022: propostas recebem reconhecimento público

Segunda edição do edital teve como foco propostas voltadas para a Educação Infantil e Educação de Jovens e Adultos. As propostas mais criativas serão anunciadas em cerimônia virtual no dia 5 de abril.

Imagem de destaque em "Edital Igualdade de Gênero na Educação Básica: nova edição seleciona propostas de educação infantil e de educação de jovens e adultos". Na imagem, há uma menina de mãos dadas com uma jovem. A jovem segura um megafone.

O resultado da edição 2022 do Edital Igualdade de Gênero na Educação Básica será anunciado no dia 5 de abril, com um evento virtual às 17h. Com foco na Educação Infantil e na Educação de Jovens e Adultos, foram selecionados planos de aulas, planos de atividade por campo de experiência, sequências didáticas e relatos de experiência que promovem a igualdade de gênero. O edital é uma iniciativa da Ação Educativa, com apoio do Fundo Malala, com a promoção de mais 50 entidades comprometidas com a luta pelo direito humano à educação de qualidade.

Um comitê formado por especialistas em educação infantil e educação de jovens e adultos selecionou as propostas mais criativas e engajadoras, considerando as especificidades da educação para crianças de 0 a 5 anos e para pessoas jovens, adultas e idosas.

As propostas escolhidas abordam temas diversos, valorizando a perspectiva interseccional entre gênero, raça e sexualidade. Além do reconhecimento público a ser divulgado na cerimônia de 5 de abril, as autoras das propostas selecionadas receberão leitores digitais.

O Edital e o banco de planos

Todas as propostas aprovadas pelo Comitê de Seleção, para além das reconhecidas como as mais criativas, integrarão o banco de planos de aula público do site Gênero e Educação, da Ação Educativa.

“O Edital é uma resposta construtiva e de esperança frente às perseguições e à censura nas escolas promovidas por movimentos ultraconservadores, além de ecoar as decisões do Supremo Tribunal Federal que estabeleceram em 2020 como dever do Estado brasileiro a abordagem da igualdade de gênero nas escolas, como forma de combater o abuso sexual contra crianças e adolescentes e violência de gênero. Podemos e devemos falar sobre igualdade de gênero nas escolas!”, afirma Denise Carreira, coordenadora do projeto Gênero e Educação da Ação Educativa e integrante da Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala no Brasil.

Em 2021, a cerimônia virtual realizada para a primeira edição do Edital contou com a fala de Ziauddin Yousafzai, pai da ativista paquistanesa Malala Yousafzai e professor, que prestigiou a iniciativa. “Se acreditarmos na igualdade de gênero, isso protegerá nossas meninas do abuso sexual e da violência. Somos capazes de construir sociedades mais justas, igualitárias, inclusivas, mais prósperas e felizes”, afirmou o educador. Neste ano, a cerimônia contará com Maíra Martins, representante do Fundo Malala no Brasil.

Reconhecimento público – Edital Igualdade de Gênero na Educação Básica

Dia 05/04, às 17h

Transmissão: Disponível no Facebook da Ação Educativa, do projeto Gênero e Educação e no canal do Youtube da Ação Educativa 

Edital Igualdade de Gênero na Educação Básica 2022

Sobre a Ação Educativa

Criada em 1994, é uma organização de direitos humanos, sem fins lucrativos, com uma trajetória dedicada à luta por direitos educativos, culturais e da juventude. Desde a sua fundação, integra um campo político de organizações e movimentos que atuam pela ampliação da democracia com justiça social e sustentabilidade socioambiental, pelo fortalecimento do Estado democrático de direito e pela construção de políticas públicas que superem as profundas desigualdades brasileiras, bem como pela garantia dos direitos humanos para todas as pessoas. Desde 2018, a Ação Educativa é apoiada pelo Fundo Malala. 

Sobre a Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala                

Inspirado pelas raízes de Malala e Ziauddin Yousafzai como ativistas locais no Paquistão, o Fundo Malala estabeleceu em 2017 a Rede de Ativistas pela Educação (Education Champion Network) para investir, apoiar o desenvolvimento profissional e dar visibilidade ao trabalho de mais de 80 educadores de oito países que trabalham a nível local, nacional e global em defesa de mais recursos e mudanças políticas necessárias para garantir educação secundária a todas as meninas. O Fundo Malala apoia educadores no Afeganistão, Brasil, Etiópia, Índia, Líbano, Nigéria, Paquistão e Turquia. No Brasil, a Rede é formada por 11 educadoras e educadores dedicados a construir esforços coletivos pela educação escolar de qualidade nas regiões do país onde a maioria das meninas não frequenta o ensino secundário, com foco em meninas negras, indígenas e quilombolas.