Semana de Ação Mundial lança Manual para apoiar milhares atividades no Brasil

Oferecido gratuitamente e num formato acessível, manual dá base para a realização de atividades entre 20 e 27 de junho; inscrições estão abertas

Imagem de "Semana de Ação Mundial lança Manual para apoiar milhares atividades no Brasil". Na imagem a há elementos sobre educação, urna de votação e meninas indígenas

O Manual da Semana de Ação Mundial 2022 já está no ar! Neste ano, o Manual da SAM serve de base para a edição deste ano que tem como tema “Compromisso para a eleição: não corte da educação!”.

Para apoiar os participantes da SAM na realização das atividades deste ano, que acontecem de 20 a 27 de junho, em todo o Brasil, o Manual da SAM reúne pontos centrais para a defesa de uma educação pública de qualidade.

O material está no ar virtualmente e serão impressos e enviados para a realização das atividades dos primeiros 1 mil inscritos. 

Sobre o Manual de 2022

O Manual da SAM 2022 apresenta, entre outros pontos, sugestões sobre como as atividades podem ser organizadas e sobre o que se debater neste momento importante para a educação brasileira.

“As eleições que ocorrerão no Brasil abrem uma janela de oportunidade única para debater a prioridade da educação na agenda política brasileira, especialmente por se tratar de eleições para cargos políticos na esfera federal, instância em que a criação de políticas nacionais de educação e alocação de recursos é definida como uma prioridade”, escreve Andressa Pellanda, coordenadora-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, no editorial do Manual.

ACESSE O MANUAL DA SAM 2022
INSCREVA SUA ATIVIDADE NA SAM 2022

O documento se junta a uma série de materiais disponíveis no site da SAM que sugerem temas a serem trabalhados em atividades autogestionadas realizadas por professores, famílias e responsáveis, e estudantes, toda a comunidade educacional, gestores, conselheiros, tomadores de decisão e todas as pessoas preocupadas com a garantia do direito à educação.

Os inscritos na SAM também serão incentivados a entregar Cartas Compromisso a candidaturas das eleições gerais, em defesa do direito à educação de qualidade. Mais detalhes serão divulgados em breve sobre esta ação

A Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala no Brasil apoia a SAM 2022 e lançará em paralelo à Semana um Manifesto das Meninas, por uma educação antirracista e não sexista. Esse documento também será usado como uma ferramenta de incidência política das meninas nas Eleições de outubro.

O Manual da SAM é composto por:

– Glossário
– Editorial

– O que é a Semana de Ação Mundial (SAM)?
– O que defendemos?
– A Rede de Ativistas do Fundo Malala no Brasil promove a SAM 2022

– Oitavo ano de descumprimento do Plano Nacional de Educação
– O que diz a lei?
– Fique de olho nos planos!
– Balanço do Plano Nacional de Educação
– A austeridade contra os direitos

– O novo e permanente fundeb: uma vitória que ainda precisa ser regulamentada
– Sistema Nacional de Educação
– O Custo Aluno-Qualidade (CAQ)
– Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SINAEB)

– Pelo fim da privatização e comercialização da educação
– Os Princípios de Abidjan

– Educação inclusiva, anti-racista e não-sexista

– Sugestões de atividades
– Atividades políticas
– Atividades educativas
– Divulgação e ativação virtual

Inscreva-se na SAM 2022

Para participar, acesse o portal da SAM 2022 e baixe os materiais digitais de divulgação virtual para já começar a mobilização para suas atividades. Basta acessar a aba “Materiais”. Em breve, disponibilizaremos também o Manual da SAM 2022 e mais subsídios.

Assim que realizar as atividades, o participante deve postar as fotos, vídeos e relatos! Assim como divulgar nas redes sociais usando as hashtags #SAM2022, #EducaçãoNasEleições2022 e #NãoCorteDaEducação.

Certificado

Para receber um certificado de participação, a/o participante deve preencher o formulário no site semanadeacaomundial.org, indicando as atividades que pretende realizar com os materiais de apoio.

Logo após a Semana de Ação Mundial, a/o participante deve escrever um breve relatório das atividades realizadas, informando também o número de pessoas mobilizadas – anexando fotos e vídeos, autorizando ou negando sua divulgação. Para mais informações, escreva para sam@campanhaeducacao.org.br.

Realização

Campanha Nacional pelo Direito à Educação

Comitê técnico da SAM 2022

Ação Educativa
Associação Nacional de Ação Indigenista (ANAÍ)
Centro das Mulheres do Cabo (CMC)
Centro de Cultura Luiz Freire (CCLF)
Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social (CENDHEC)
Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ)
Escola de Gente – Comunicação em Inclusão
Geledés Instituto da Mulher Negra
Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC)
Mais Diferenças
Projeto Mandacaru
Redes da Maré

Apoio

Campanha Global pela Educação
Fundo Malala
Plan International Brasil
Visão Mundial

Rede de Ativistas do Fundo Malala no Brasil incentiva meninas a tirarem título de eleitora

Prazo para jovens de 16 e 17 anos obterem o título de eleitor e poderem votar nas eleições gerais deste ano acaba em 4 de maio; ação é parte da campanha #MeninasDecidem, lançada pela Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala no Brasil

Imagem da matéria Rede de Ativistas do Fundo Malala no Brasil incentiva meninas a tirarem título de eleitora. há uma ilustração com três garotas: uma menina negra com deficiência, uma menina negra com megafone e uma menina indígena com o título de eleitor.

A Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala no Brasil se mobiliza para incentivar meninas brasileiras a se registrarem e votarem nas eleições gerais deste ano, por meio da campanha #MeninasDecidem. O grupo de 11 educadores e educadoras brasileiras integra a Education Champion Network, rede global de ativistas presente em oito países, incluindo o Brasil, que recebe apoio do Fundo Malala para promover a educação pública de qualidade às meninas.

Entidades e ativistas se articulam para mobilizar milhões de meninas brasileiras de 16 e 17 anos a reconhecerem seus direitos eleitorais e exercerem o voto. O prazo para obtenção do título de eleitor é até 4 de maio.

A ação se soma a diversos esforços feitos por movimentos sociais e a classe artística para reverter a baixa adesão do registro eleitoral aos 16 e 17 anos, quando o voto ainda não é obrigatório.

Para o voto facultativo, estão aptas/os as/os adolescentes que irão completar 16 anos até 2 de outubro de 2022. Ou seja, jovens de 15 anos que se encaixam nesse perfil também podem votar nestas eleições. A obtenção do título pode ser feita no site da Justiça Eleitoral.

Dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) mostram que o número de jovens entre 15 e 17 anos com novos títulos cresceu mais de 45%, chegando a 290.783 em março. Mas só 1 a cada 5 adolescentes entre 15 e 17 anos têm o documento, segundo o jornal Folha de S.Paulo. São cerca de um milhão de jovens com título.

A Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala no Brasil vai produzir conteúdos que incentivem o registro e facilitem a compreensão do processo de registro eleitoral – que pode ser feito totalmente online e em poucos minutos. Professoras e professores também serão sensibilizados para chamar a atenção de suas alunas para a importância do voto.

Sobre a Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala

Inspirado pelas raízes de Malala e Ziauddin Yousafzai como ativistas locais no Paquistão, o Fundo Malala estabeleceu em 2017 a Rede de Ativistas pela Educação (Education Champion Network) para investir, apoiar o desenvolvimento profissional e dar visibilidade ao trabalho de mais de 80 educadores de oito países que trabalham a nível local, nacional e global em defesa de mais recursos e mudanças políticas necessárias para garantir educação secundária a todas as meninas. Membros da Rede recebem suporte para a implementação de projetos ambiciosos em seus países e participam de campanhas para eliminar as barreiras que impedem meninas de ter acesso à educação escolar de qualidade.

O Fundo Malala apoia educadores no Afeganistão, Brasil, Etiópia, Índia, Líbano, Nigéria, Paquistão e Turquia. No Brasil, a Rede é formada por 11 educadores e educadoras dedicadas a construir esforços coletivos pela educação escolar de qualidade nas regiões do país onde a maioria das meninas não frequenta o ensino secundário, com foco em meninas negras, indígenas e quilombolas. Saiba mais sobre a Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala no Brasil aqui (em inglês).

No Brasil, a Rede é integrada por representantes das seguintes entidades: Ação Educativa, ANAÍ, Campanha Nacional pelo Direito à Educação, CENDHEC, Centro das Mulheres do Cabo (CMC), Centro de Cultura Luiz Freire (CCLF), CONAQ, Geledés, INESC, Redes da Maré e o Projeto Mandacaru/Malala. 

ASSESSORIA DE IMPRENSA

Karina Gomes – Comunicação do Fundo Malala no Brasil

karina.gomes@malalafund.org | (11) 98849-7361

Decisões do STF contra censura em escolas é tema de campanha nas redes sociais

Com uma série de vídeos, entidades buscam fortalecer educadoras/es e comunidades escolares para enfrentar perseguições e a autocensura

Imagem de bandeira LGBTQIA+ e bandeira do movimento Trans; imagem para a Campanha Escola de Qualidade

A Ação Educativa, em articulação com diversas entidades que atuam na defesa dos direitos humanos, lançou nesta quarta o primeiro vídeo de uma campanha que visa disseminar as decisões do Supremo Tribunal Federal de 2020, que afirmaram a inconstitucionalidade de leis que proibiam a abordagem de gênero nas escolas e de leis inspiradas no Escola sem Partido. Com o lema “Escola que cuida e protege fala de igualdade de gênero”, a campanha reafirma a liberdade e o pluralismo no ensino, a proteção de crianças e adolescentes e o dever do Estado de enfrentar todas as formas de discriminação baseadas em gênero e orientação sexual.

A campanha será composta por quatro vídeos, além de outros materiais para serem compartilhados nas redes sociais. A iniciativa visa também enfrentar o pânico moral e a desinformação promovida por movimentos ultraconservadores, acirrados em anos eleitorais, e disseminar o Manual de Defesa Contra a Censura nas Escolas, publicação lançada por Ação Educativa e mais 80 entidades de educação e direitos humanos em fevereiro deste ano. A publicação apresenta orientações jurídicas e estratégias político-pedagógicas em defesa da liberdade de aprender e de ensinar, baseadas em normas nacionais e internacionais e na jurisprudência brasileira. 

Sobre a Ação Educativa

Criada em 1994, é uma organização de direitos humanos, sem fins lucrativos, com uma trajetória dedicada à luta por direitos educativos, culturais e da juventude. Desde a sua fundação, integra um campo político de organizações e movimentos que atuam pela ampliação da democracia com justiça social e sustentabilidade socioambiental, pelo fortalecimento do Estado democrático de direito e pela construção de políticas públicas que superem as profundas desigualdades brasileiras, bem como pela garantia dos direitos humanos para todas as pessoas. Desde 2018, a Ação Educativa é apoiada pelo Fundo Malala.

Edital Igualdade de Gênero na Educação Básica 2022: conheça as propostas selecionadas

Segunda edição do edital focou na Educação Infantil e na Educação de Jovens e Adultos. Reconhecimento público das propostas mais criativas foi realizado no dia 5 de abril.

Ilustração de plano de aula do edital Igualdade de Gênero na Educação Básica. Na imagem há microfones, fones de ouvido, representações de som e balões de fala. Ilustradora: Barbara Quintino.

Em novembro de 2021, a Ação Educativa, com apoio do Fundo Malala e em aliança com mais de 50 entidades comprometidas com o direito à educação, lançou a segunda edição do Edital Igualdade de Gênero na Educação Básica, com foco na Educação Infantil e na Educação de Jovens e Adultos. 

Esta segunda edição teve como objetivo estimular a construção e a divulgação de planos de aulas, planos de atividade ou de práticas cotidianas, sequências didáticas e relatos de experiência comprometidos com a igualdade de gênero. Foram recebidas 80 propostas, das quais 26 foram aprovadas pelos Comitês de Seleção e passam a integrar o acervo do banco de planos de aula público da Gênero e Educação, estando disponíveis para download gratuito. 

“O edital é uma iniciativa de resistência aos ataques à agenda de gênero, raça e sexualidade, mas também é uma iniciativa de esperança, de anúncio de possibilidades e de valorização de experiências criativas que vêm acontecendo”, destacou Denise Carreira, coordenadora do projeto Gênero e Educação da Ação Educativa e integrante da Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala no Brasil.

Das 26 propostas aceitas, oito foram reconhecidas em cerimônia virtual no dia 5 de abril por sua originalidade e criatividade. Elas vêm de diferentes regiões do país e abordam temas diversos, valorizando a perspectiva interseccional entre gênero, raça e sexualidade. Como pontuou Denise Carreira, “abordar igualdade de gênero na escola é fundamental para uma educação que cuida e protege. Não é uma ameaça à educação, é condição para educação de qualidade no país”. 

Tanto as propostas para Educação Infantil como as de Educação de Jovens e Adultos (EJA) utilizaram recursos e ferramentas adequadas às suas respectivas modalidades. Isto é, foram desenvolvidas pensando na faixa etária e contexto de vida das e dos educandos. Por exemplo, atividades lúdicas e leves na Educação Infantil, ou debates e valorização das histórias de vida das educandas da EJA. 

A cerimônia de reconhecimento público contou com a presença de Maíra Martins, representante do Fundo Malala no Brasil, que apoiou a segunda edição do edital, além de integrantes dos comitês de seleção. Míghian Danae, professora da UNILAB e parte do comitê de seleção da educação infantil, reforçou a importância das propostas envolverem toda a comunidade escolar para abordar igualdade de gênero e suas intersecções com raça e sexualidade, e afirmou que os temas são muito importantes “pois colaboram para desnaturalizar a infância como um lugar perfeito e universal, como se todas as crianças tivessem a mesma experiência”. “O edital nos convida a fazer perguntas juntos com as crianças”, disse ela. 

Conheça as oito propostas reconhecidas publicamente como mais criativas e engajadoras nesta edição do edital:

Educação Infantil

“Quem dança, os preconceitos espanta: o balé como uma dança de todas e todos”
de Tânia Maria, Mila Nayane, Sandra Gadelha e Claudiana Alencar.

Esse relato de experiência educativa descreve uma atividade lúdica realizada em uma escola pública da zona rural do município de Russas (CE) voltada a desconstruir estereótipos de gênero por meio do balé. A ideia surgiu após observação das docentes de que as crianças daquela faixa etária interagiram livremente com o balé, sem compreendê-lo como uma atividade exclusiva para um gênero. A partir dessa provocação, veio a iniciativa de transportar a experiência para as casas das crianças, de maneira a aproximá-la também das famílias e propor a reflexão a respeito do balé como uma dança plural e não restrita a meninas.

As atividades, realizadas durante o ensino remoto, convidavam crianças e suas famílias para dançarem a música “A Bailarina”, de Lucinha Lins, que despertou a ideia da proposta. Também evidenciavam o balé como um estilo de dança reconhecida em todo o mundo, com muitos benefícios, e uma atividade que pode ser praticada por pessoas de qualquer gênero.

As proponentes destacam que gênero e sexualidade estão na escola, mesmo que não estejam sendo mencionados. “Isso significa dizer que nós docentes e pesquisadoras/es temos que entender que o nosso papel é de mediar e problematizar de modo adequado e crítico tais aspectos que compõem a vida de todas, todos e todes”, dizem no relato.

“Conhecendo uma astronauta negra: representatividade, histórias e brincadeiras”, de Paula Teixeira Araújo

Essa proposta foi elaborada coletivamente com o intuito de possibilitar que as crianças de escolas públicas possam brincar com temas de ciência e tecnologia a partir de uma perspectiva em que todos se sentissem protagonistas. Consistiu em apresentar a história da primeira astronauta negra a ir ao espaço, Mae Carol Jemison, de maneira lúdica, utilizando ferramentas como a contação de histórias, fantoches, roda de conversas e leituras de imagens. 

As três intervenções articulam raça e gênero para trabalhar com crianças pequenas a partir das linguagens da infância. A primeira etapa apresentou o fantoche inspirado em Mae Carol Jemison. As etapas seguintes, prezando pela criança como sujeito participante do processo, consistiram na confecção de um protótipo de foguete com materiais de baixo custo e com um momento final de brincadeira com o recurso confeccionado. A história da astronauta foi norteadora por reconhecer a importância de contar e ouvir histórias para a formação das identidades, e a cada dia as crianças foram convidadas a relembrar sua história, utilizando de diferentes estratégias metodológicas, e experimentar uma atividade prática e lúdica relacionada à viagem espacial. As reflexões acerca das relações de gênero foram suscitadas a partir de questões elaboradas pelas equipe e pelas próprias crianças.

“Brincadeiras infantis: possibilidades de tecer diálogos com as famílias e crianças sobre as relações de gênero”, de Andréa Costa

A proposta convida as famílias para brincar com as crianças da Educação Infantil, relembrando brincadeiras de suas infâncias e buscando proporcionar experiências mais equânimes de gênero e valorizar as identidades das crianças. Trabalhando na perspectiva da pedagogia da infância, a atividade foca no brincar e aborda as crianças no contexto da creche, envolvendo também diferentes setores da instituição. A mediação docente auxiliou no processo de suscitar questionamentos e desnaturalizar o “olhar” sobre os padrões constituídos social e historicamente. 

As atividades foram realizadas ao longo de 15 encontros com duração entre 30 e 40 minutos, e entre as estratégias utilizadas estavam: rodas de conversa; caixa (convite); contações de histórias; manuseio de livros literários; desenho e pintura em tecido;  brincadeiras realizadas pelas famílias; exibição do clipe da turma, a partir de imagens e vídeos dos encontros.

Educação de Jovens e Adultos 

“Dandaras que aquilombam a EJA com o uso da gamificação”, de Ariany Lobo

Essa proposta, de abordagem interseccional e metodologia participativa, posiciona as estudantes como protagonistas de suas histórias e da História. Prevê seis aulas de 40 minutos para fazer uma releitura sobre as relações sociais no Brasil, especialmente no que tange a gênero, raça e classe, usando a gamificação como ferramenta pedagógica. 

“A sequência didática parte da necessidade de levar ao conhecimento das educandas de escolas públicas personalidades mulheres e negras que contribuam para o fortalecimento da identidade quilombola, assim como a ciência do legado e história de suas ancestrais e a valorização da cultura local”, resume Ariany Lobo. 

A ideia é que esta proposta ajude as alunas a ampliar seus repertórios sobre a história do feminismo, produzindo estratégias de combate às desigualdades sociais enfrentadas pelas comunidades quilombolas quanto às condições de gênero e étnico-raciais. Além disso, tem o potencial de estimular as estudantes a desenvolver e fortalecer o senso crítico frente a representações midiáticas e de fortalecer o entendimento da escola como um espaço de poder que precisa ser ocupado por pessoas que acreditam no acesso à educação de qualidade para todas

“Projeto Fala, mulher!”, de Marcela Boni Evangelista

O projeto de Marcela Boni Evangelista pretende valorizar o protagonismo das alunas de EJA através de um projeto interdisciplinar, com destaque para as disciplinas de História, Língua Portuguesa e Geografia. Ao longo de um semestre, as alunas são incentivadas a contar suas histórias, que são então registradas e transformadas em documentos/fontes históricas, tendo como suporte metodológico os procedimentos da história oral. Assim, as alunas constroem uma espécie de banco de histórias.Através da metodologia proposta, o plano de aulas pode aproximar estudantes da EJA das práticas historiográficas, bem como criar espaços de compartilhamento de experiências e valorização das histórias de vida dos grupos envolvidos, além de fortalecer atividades de escrita, apresentação e pesquisa, aliados a discussões sobre desigualdades de gênero e raça na História do país. “A ideia é que as participantes possam se entrevistar, se ouvir e divulgar suas trajetórias, valorizando sua diversidade étnica, racial, social e de geração”, explica Marcela.

“O ensino de História através de uma perspectiva de gênero”, de Tarsila Teijeiro

Essa sequência didática, vinda de Campinas/SP, propõe promover o ensino de História através de uma perspectiva de gênero, evidenciando a participação das mulheres enquanto sujeitos históricos, especialmente no Brasil do século XIX, durante o processo de abolição da escravidão. Surgiu da inquietação de Tarsila com o fato de a maior parte do conteúdo de história ensinado no ensino básico ainda ser apresentada majoritariamente a partir da perspectiva masculina. 

Para mudar esse cenário, o ponto de partida é o conto “A Escrava”, de Maria Firmina dos Reis, publicado em 1887, explorado em sete aulas de 50 minutos. Ao trabalhar o conto, evidencia-se a literatura como uma possibilidade de fonte histórica e, sendo esse um conto de autoria feminina, propõe-se uma reflexão de gênero tendo em vista aspectos relativos à vida da autora, ao período em que ela vivia e a elementos de sua obra. 

Nas atividades sugeridas, as alunas e alunos poderão compreender que, apesar das mulheres terem sofrido processos de silenciamento ao longo da História, também foram sujeitos participativos em seus contextos políticos e sociais.

“Mulheres na Sociologia do século XIX: gênero e os temas clássicos da disciplina”, de Verônica Toste, Luna Campos e Raquel Simas

O objetivo do plano didático é olhar além dos autores clássicos em Sociologia e demonstrar o peso e a presença de mulheres na disciplina. A proposta faz isso incluindo três autoras importantes nesse campo de estudos, e que abordam também questões raciais, de gênero, imperialismo e a escravidão. 

“Vimos no edital uma ótima oportunidade para divulgar o trabalho de mulheres sociólogas que temos estudado, pois passamos a nossa formação acreditando que a Sociologia nasceu a partir dos escritos de homens europeus, e a verdade é que a sociologia já nasceu muito mais plural do que costumamos supor. Nosso objetivo é que o lugar delas seja restituído na Sociologia, uma vez que foi apagado, e que os alunos e alunas aprendam desde cedo que mulheres sempre fizeram ciência”, explica Verônica Toste, uma das autoras. 

O plano didático proposto pelas pesquisadoras da UFF está organizado em quatro encontros com duas horas de duração cada, sendo três encontros para trabalhar o pensamento das autoras propostas (Harriet Martineau, Flora Tristan e Anna Julia Cooper) e um para planejamento e execução de atividade avaliativa. As aulas contém exposição e debate e utilizam recursos textuais e audiovisuais. 

“Mais do que uma hashtag, vidas negras importam”, de Robson Ferreira Fernandes

Essa proposta consiste em uma sequência didática que requer 8 aulas de 45 minutos cada. Destinada a alunas e alunos do Ensino Médio da EJA, o objetivo é refletir e problematizar historicamente os acontecimentos do Brasil e do mundo a partir das questões racial, de gênero e classe. 

“Propus uma sequência didática que partiu do meu interesse de compreender que as redes sociais, além de serem lugares que as pessoas podem compartilhar o que estão assistindo, pensando e sentindo, são também onde acabam propondo grandes manifestações como a do Black Lives Matter [Vidas Negras Importam] que, poucos sabem, mas foi criado por três mulheres. A proposta enfatiza que as vidas negras importam diariamente e em todos os lugares e espaços e pretendo que inspire mais professores e professoras a defenderem uma pedagogia antirracista”, diz Robson. 

Livros, textos, vídeos e outros recursos são os pontos de partida dos debates, que incentivam estudantes a traçar paralelos entre os conteúdos apresentados e refletir sobre o Brasil de hoje e os processos que levaram até esse momento. Entre os temas abordados estão  a diversidade cultural; escravidão negra no Brasil; racismo; direitos e democracia; violência policial com recorte de gênero e raça; feminismo negro; e educação na luta antirracista.

Edital Igualdade de Gênero 2022: confira a primeira lista das propostas aprovadas

Primeira lista do edital 2022 conta com 26 propostas aprovadas e que visam a promoção da igualdade de gênero nas escolas.

Ilustração de plano de aula do edital Igualdade de Gênero na Educação Básica. Ao centro da imagem há um homem de cabelo roxo segurando uma flor rosa. Ao fundo, há flores de diferentes tipos. Ilustradora: Barbara Quintino.

Nesta terça-feira (05), às 17h, foi celebrada em cerimônia de reconhecimento publico das propostas mais criativas e o resultado da segunda edição do Edital Igualdade de Gênero na Educação Básica.

Com foco na Educação Infantil e na Educação de Jovens e Adultos, foram selecionados 26 propostas que promovem a igualdade de gênero nas escolas. O edital é uma iniciativa da Ação Educativa, com apoio do Fundo Malala, com a promoção de mais 50 entidades comprometidas com a luta pelo direito humano à educação de qualidade.

80 propostas foram inscritas entre novembro e dezembro de 2021. Um comitê formado por especialistas em educação infantil e educação de jovens e adultos selecionou as propostas aprovadas e as mais criativas, considerando as especificidades da educação para crianças de 0 a 5 anos e para pessoas jovens, adultas e idosas.

Saiba quais são as propostas selecionadas pelo comitê como mais criativas e engajadoras:

As pessoas serão contempladas com a publicação no banco de planos do site Gênero e Educação e um leitor digital.

Propostas da Educação de Jovens e Adultos

  • Ariany Cavalcante Lobo
    Dandaras que aquilombam a EJA com o uso da gamificação
  • Marcela Boni Evangelista
    Projeto Fala, Mulher
  • Robson Ferreira Fernandes
    Mais do que uma hashtag, vidas negras importam
  • Tarsila Tonsig Garcia Teijeiro
    O ensino de História através de uma perspectiva de gênero
  • Verônica Toste Daflon, Luna Ribeiro Campos, Raquel Simas
    Mulheres na sociologia do século XIX: gênero e os temas clássicos da disciplina

Propostas da Educação Infantil

  • Andréa Juliana Costa
    Brincadeiras infantis: possibilidades de tecer diálogos com as famílias e crianças sobre as relações de gênero
  • Paula Teixeira Araujo
    Conhecendo uma astronauta negra: representatividade, histórias e brincadeiras
  • Tânia Maria Lima, Mila Nayane da Silva, Sandra Maria Gadelha de Carvalho, Claudiana Nogueira de Alencar
    Quem dança, os preconceitos espanta: o balé como uma dança de todas e todos

Conheça a 1ª lista de aprovadas

As pessoas proponentes serão contempladas com a publicação das propostas no banco de planos do site Gênero e Educação.

Propostas da Educação de Jovens e Adultos

  • Elisângela Cristina Siqueira de Melo
    Igualdade, gênero intergênero.
  • Jussara Barbosa da Silva Gomes, Larissa de Pinho Cavalcanti
    Sempre é tempo de desconstruir o eurocentrismo.
  • Letícia de Cássia Oliveira, Rosemary Rodrigues de Oliveira
    Uso de linguagem fílmica e jogos, para a reflexão das desigualdades.
  • Maíra Mello Rezende Valle, Daiany Assunção de Sá
    Contracepção: Responsabilidade Compartilhada
  • Marcielly Cristina Moresco
    Fanzine como potência educativa no combate à violência doméstica
  • Maria Carolina Almeida de Azevedo
    Espaços reais: por nossas vozes e afetos: protagonismo discente na EJA
  • Mayara Amaral dos Santos, Otavio Gomes dos Santos, Evelin Purcini, Andre Lopes dos Santos
    Flor do asfalto: Uma nova oportunidade a partir de letramentos múltiplos
  • Roni de Mello Peronio, Ana Paula Cocco Bastos, Fabio Rossi, Marcela Ravasio
    Uma abordagem dialógica sobre a divisão sexual do trabalho
  • Severino Alves Reis
    IDENTIDADE: Quem sou Eu? Quem somos nós.

Propostas da Educação Infantil

  • Cristiane Pereira Lima, Léia Teixeira Lacerda
    PIPO E FIFI: CONHECER PARA PREVENIR
  • Daniela Maria Granja Peixoto
    Pensando sobre a igualdade no trabalho
  • Elisângela Cristina Siqueira de Melo
    (re)Contando as histórias dos avós pretos
  • Glauce Stumpf
    Pessoa – introdução aos direitos humanos numa perspectiva de gênero
  • Luciana Lage de Souza, Juliana Hui Min Wu
    Arco-Íris da Alegria e Diversidade
  • Nathalia Cristina Servadio
    Meninas também jogam futebol
  • Renata Santos Pedreira
    O cravo brigou com a rosa: repensando as relações de gênero na cantiga de roda
  • Vanderlucia Cutrim de Sousa
    Identidade e Educação Escolar Quilombola: O empoderamento Infantil Quilombola.
  • Virginia Costa Alves, Daiana Scherer Correa Tavares
    Sonhos são bem vindos, e possíveis – Pintando o 7, 8, 9, 10 na ed. Infantil

Observações gerais: a publicação das propostas aprovadas será realizada após a revisão feita a partir de recomendações do Comitê de Seleção entre abril e maio. Proponentes poderão receber solicitações de modificações dos projetos para atender aos critérios de seleção do Edital. Para mais informações: generoeeducacao@acaoeducativa.org.br

Edital Igualdade de Gênero na Educação Básica 2022: propostas recebem reconhecimento público

Segunda edição do edital teve como foco propostas voltadas para a Educação Infantil e Educação de Jovens e Adultos. As propostas mais criativas serão anunciadas em cerimônia virtual no dia 5 de abril.

Imagem de destaque em "Edital Igualdade de Gênero na Educação Básica: nova edição seleciona propostas de educação infantil e de educação de jovens e adultos". Na imagem, há uma menina de mãos dadas com uma jovem. A jovem segura um megafone.

O resultado da edição 2022 do Edital Igualdade de Gênero na Educação Básica será anunciado no dia 5 de abril, com um evento virtual às 17h. Com foco na Educação Infantil e na Educação de Jovens e Adultos, foram selecionados planos de aulas, planos de atividade por campo de experiência, sequências didáticas e relatos de experiência que promovem a igualdade de gênero. O edital é uma iniciativa da Ação Educativa, com apoio do Fundo Malala, com a promoção de mais 50 entidades comprometidas com a luta pelo direito humano à educação de qualidade.

Um comitê formado por especialistas em educação infantil e educação de jovens e adultos selecionou as propostas mais criativas e engajadoras, considerando as especificidades da educação para crianças de 0 a 5 anos e para pessoas jovens, adultas e idosas.

As propostas escolhidas abordam temas diversos, valorizando a perspectiva interseccional entre gênero, raça e sexualidade. Além do reconhecimento público a ser divulgado na cerimônia de 5 de abril, as autoras das propostas selecionadas receberão leitores digitais.

O Edital e o banco de planos

Todas as propostas aprovadas pelo Comitê de Seleção, para além das reconhecidas como as mais criativas, integrarão o banco de planos de aula público do site Gênero e Educação, da Ação Educativa.

“O Edital é uma resposta construtiva e de esperança frente às perseguições e à censura nas escolas promovidas por movimentos ultraconservadores, além de ecoar as decisões do Supremo Tribunal Federal que estabeleceram em 2020 como dever do Estado brasileiro a abordagem da igualdade de gênero nas escolas, como forma de combater o abuso sexual contra crianças e adolescentes e violência de gênero. Podemos e devemos falar sobre igualdade de gênero nas escolas!”, afirma Denise Carreira, coordenadora do projeto Gênero e Educação da Ação Educativa e integrante da Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala no Brasil.

Em 2021, a cerimônia virtual realizada para a primeira edição do Edital contou com a fala de Ziauddin Yousafzai, pai da ativista paquistanesa Malala Yousafzai e professor, que prestigiou a iniciativa. “Se acreditarmos na igualdade de gênero, isso protegerá nossas meninas do abuso sexual e da violência. Somos capazes de construir sociedades mais justas, igualitárias, inclusivas, mais prósperas e felizes”, afirmou o educador. Neste ano, a cerimônia contará com Maíra Martins, representante do Fundo Malala no Brasil.

Reconhecimento público – Edital Igualdade de Gênero na Educação Básica

Dia 05/04, às 17h

Transmissão: Disponível no Facebook da Ação Educativa, do projeto Gênero e Educação e no canal do Youtube da Ação Educativa 

Edital Igualdade de Gênero na Educação Básica 2022

Sobre a Ação Educativa

Criada em 1994, é uma organização de direitos humanos, sem fins lucrativos, com uma trajetória dedicada à luta por direitos educativos, culturais e da juventude. Desde a sua fundação, integra um campo político de organizações e movimentos que atuam pela ampliação da democracia com justiça social e sustentabilidade socioambiental, pelo fortalecimento do Estado democrático de direito e pela construção de políticas públicas que superem as profundas desigualdades brasileiras, bem como pela garantia dos direitos humanos para todas as pessoas. Desde 2018, a Ação Educativa é apoiada pelo Fundo Malala. 

Sobre a Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala                

Inspirado pelas raízes de Malala e Ziauddin Yousafzai como ativistas locais no Paquistão, o Fundo Malala estabeleceu em 2017 a Rede de Ativistas pela Educação (Education Champion Network) para investir, apoiar o desenvolvimento profissional e dar visibilidade ao trabalho de mais de 80 educadores de oito países que trabalham a nível local, nacional e global em defesa de mais recursos e mudanças políticas necessárias para garantir educação secundária a todas as meninas. O Fundo Malala apoia educadores no Afeganistão, Brasil, Etiópia, Índia, Líbano, Nigéria, Paquistão e Turquia. No Brasil, a Rede é formada por 11 educadoras e educadores dedicados a construir esforços coletivos pela educação escolar de qualidade nas regiões do país onde a maioria das meninas não frequenta o ensino secundário, com foco em meninas negras, indígenas e quilombolas.

Centro das Mulheres do Cabo, com apoio do Fundo Malala, lança pesquisa evasão escolar de meninas e jovens mulheres

O diagnóstico conduzido e protagonizado por meninas e adolescentes traça o perfil das alunas que estão fora da escola no município de Cabo de Santo Agostinho (PE) e identifica o impacto da evasão escolar na vida das estudantes.

Imagem de "Centro das Mulheres do Cabo, com apoio do Fundo Malala, lança pesquisa evasão escolar de meninas e jovens mulheres", matéria no site Gênero e Educação. Duas garotas aparecem estudando

Nesta terça-feira, 29 de março, às 14h, será realizado, no Centro Administrativo Municipal (Cam1), na Torrinha, o lançamento do Diagnóstico Participativo sobre a Evasão Escolar das Meninas e Jovens Mulheres do Cabo de Santo Agostinho (PE), que traça o perfil das adolescentes e jovens mulheres fora da escola, mostrando as causas e os impactos da evasão escolar.

O estudo apresenta ainda recomendações para prevenir a evasão escolar e orientar a busca ativa para o retorno dessas meninas e jovens mulheres à sala de aula, tanto no Ensino Fundamental como no Ensino Médio, considerando, o contexto da pandemia de Covid-19.

Segundo a pesquisa, um dos principais motivos do abandono escolar foi o impacto direto da Covid-19, 37,5% das entrevistadas deixaram de estudar devido à falta de celular com internet, o que as impediu de acompanhar as aulas virtualmente.

A gravidez precoce, também aparece entre as principais causas de abandono escolar. Das meninas entrevistadas, 14,6% tiveram que trabalhar para gerar renda para a própria subsistência e de suas famílias. A interrupção das aulas presenciais foi avaliada como muita negativa pelas meninas: 95,2% delas desejam voltar às aulas presenciais. Para 40% das entrevistadas, as escolas não ofereceram a estrutura necessária para garantir segurança sanitária no contexto de pandemia.

“As meninas e jovens mulheres sofreram mais do que os meninos e rapazes jovens na pandemia, porque o trabalho doméstico, de cuidar da casa e das pessoas idosas, com deficiência ou doentes, recai sobretudo sobre as mulheres que estavam em casa. Ou seja, a pressão em cima dessas meninas e jovens mulheres foi muito maior, impactando negativamente o seu desempenho escolar e levando muitas delas a abandonarem a escola”, explica a integrante da Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala no Brasil, Cássia Jane, que coordenou a pesquisa aplicada nos diversos bairros do município de Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana de Recife.

O diagnóstico, protagonizado e conduzido por meninas e jovens mulheres cabenses, é parte do projeto “Meninas em Movimento pela Educação”, realizado pelo Centro das Mulheres do Cabo com o apoio do Fundo Malala e a cooperação técnica da Prefeitura do Cabo. O projeto dá suporte a cerca de 90 meninas para atuarem como ativistas por melhores condições nas escolas públicas em que estudam e a se engajarem na promoção da igualdade de gênero no ambiente escolar. Entre os objetivos do projeto estão identificar as causas e combater a evasão escolar, além de implementar um plano para aprimorar as políticas públicas relacionadas à promoção do direito à educação de meninas e jovens mulheres do município, com foco em igualdade de gênero e raça.

Pesquisas globais do Fundo Malalala mostram que o aumento das taxas de pobreza, responsabilidades domésticas, trabalho infantil e gravidez na adolescência afetaram desproporcionalmente a capacidade das meninas de aprender durante a pandemia, impedindo o retorno delas à escola.


Saiba mais: Os desafios de estudantes do ensino médio na volta às aulas presenciais


Depoimento de menina

Das 96 meninas e jovens entrevistadas, 72,9% residem em oito bairros e comunidades de Cabo de Santo Agostinho: Vila Claudete, Bairro São Francisco, Nova Tatuoca, Gaibu, Engenho Mercês, Enseadas do Corais, Alto da Bela Vista e Cidade Garapu. A pesquisa também foi realizada com os/as gestores/as das escolas públicas, profissionais de saúde e conselheiros/as tutelares.

Sobre a Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala

Inspirado pelas raízes de Malala e Ziauddin Yousafzai como ativistas locais no Paquistão, o Fundo Malala estabeleceu em 2017 a Rede de Ativistas pela Educação (Education Champion Network) para investir, apoiar o desenvolvimento profissional e dar visibilidade ao trabalho de mais de 80 educadores de oito países que trabalham a nível local, nacional e global em defesa de mais recursos e mudanças políticas necessárias para garantir educação secundária a todas as meninas. O Fundo Malala apoia educadores no Afeganistão, Brasil, Etiópia, Índia, Líbano, Nigéria, Paquistão e Turquia. No Brasil, a Rede é formada por 11 educadoras e educadores dedicados a construir esforços coletivos pela educação escolar de qualidade nas regiões do país onde a maioria das meninas não frequenta o ensino secundário, com foco em meninas negras, indígenas e quilombolas.

Serviço:

O quê: Lançamento do Diagnóstico Participativo sobre a Evasão Escolar das Meninas e Jovens Mulheres do Cabo de Santo Agostinho

Local: Centro Administrativo Municipal CAM 1, Torrinha Centro do Cabo

Quando: 29 de março, às 14h

Mais informações:

Cássia Jane – Integrante da Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala no Brasil
(81) 98883.3584

Assessor de Comunicação do Centro das Mulheres do Cabo
(81) 99511.1987

Edital Igualdade de Gênero na Educação Básica: divulgação do resultado e cerimônia foram adiadas para abril

Datas da cerimônia de reconhecimento público e do primeiro resultado das propostas ainda serão divulgadas.

Imagem de um punho erguido, em volta há símbolos do feminismo. Site Gênero e Educação: Edital Igualdade de Gênero na Educação Básica: divulgação do resultado e cerimônia estão confirmadas para março

Em novembro de 2021, o Edital Igualdade de Gênero na Educação Básica realiza sua segunda edição! Desta vez, focando em propostas para a Educação Infantil e para a Educação de Jovens e Adultos.

A equipe do projeto Gênero e Educação e a Ação Educativa agradece imensamente o interesse de todas as pessoas que participaram e enviaram suas propostas de planos de aulas, sequências didáticas, relatos de experiências, planos de atividades e práticas cotidianas comprometidas com a igualdade de gênero nas escolas! 

O primeiro resultado do Edital foi adiado e irá acontecer no mês de abril! Em celebração, será feita uma cerimônia de reconhecimento público ao vivo: datas serão confirmadas em breve.

Curso Gênero e Educação

Em breve, será disponibilizado todos os detalhes do Curso Gênero e Educação, que está sendo planejado em parceria com o Centro de Formação da Ação Educativa!

Para saber mais informações sobre o curso ou como participar, entre em contato pelo e-mail generoeeducacao@acaoeducativa.org.br

Para mais dúvidas ou informações:

Entre em contato com a equipe do projeto pelo e-mail generoeeducacao@acaoeducativa.org.br

Malala comanda editoria de opinião da The Economist no Mês da Mulher

Nobel da Paz é a primeira especialista já convidada a comandar a seção de opinião da revista. No Dia Internacional da Mulher, Malala publica artigo com críticas a líderes globais e abre espaço para jovens mulheres ativistas analisarem a situação de emergência da educação de meninas no mundo.

Imagem de Malala, Nobel da Paz, de Agnès Ricart

FUNDO MALALA, 8 de março de 2022 – O artigo de Malala Yousafzai publicado nesta terça-feira (08/03) na seção de opinião “By-Invitation”, da revista britânica The Economist, elogia a determinação de meninas ativistas no Brasil e critica a forma como governantes ignoram o direito à educação.

“Todas as meninas sabem muito bem como o mundo falha com elas. De escolas na Nigéria a campos de refugiados no Iraque ou oficinas de arte no Brasil, as meninas que eu encontro ao redor do mundo sempre compartilham histórias pessoais inspiradoras e críticas inteligentes sobre o poder, que informam e influenciam minha campanha pela educação de meninas por meio do Fundo Malala”, escreve.

O Fundo Malala, co-fundado em 2013 por Malala e seu pai, Ziauddin Yousafzai, inspirados na trajetória de ambos como ativistas locais no Paquistão, apoia programas, educadores e organizações que atuam nos países com os piores índices educacionais para garantir educação pública de qualidade a crianças e adolescentes e o retorno à sala de aula de cerca de 130 milhões de meninas no mundo que estão fora da escola.

Como editora convidada da The Economist, a Nobel da Paz abriu espaço para quatro jovens ativistas – amigas e também conselheiras do Fundo Malala –, para analisar temas profundamente conectados com a educação de meninas no mundo: conflito, clima, inclusão digital e discriminação.

Educação de meninas

Kiara Nirghin, inventora e cientista da África do Sul, é colaboradora frequente do blog Assembly, publicação digital do Fundo Malala feita por meninas e para meninas com base na experiência de Malala, aos 11 anos no Paquistão, quando escrevia um blog para a BBC sobre as ameaças do talibã. A ativista pelos direitos das mulheres Freshta Karim escreve sobre a experiência de fugir do Afeganistão. TK Saccoh, de Serra Leoa, reflete sobre como o racismo e a discriminação baseada em gênero afetam o aprendizado das meninas e como professores podem ajudar. Vanessa Nakate, ativista pelo clima no Uganda, pede uma abordagem inclusiva nos debates e leis sobre questões ambientais globais.

“Acredito que o mundo deveria ouvir mais as meninas e jovens mulheres e dar a elas plataformas mais amplas para falarem”, complementa Malala no artigo. “Espero que eles [os artigos das ativistas convidadas] lembrem vocês sobre como as meninas e mulheres podem contribuir quando recebem ferramentas para terem sucesso – e por que devemos encontrar uma maneira de garantir que todas as meninas possam completar 12 anos de educação gratuita, segura e de qualidade.”A Nobel da Paz ainda aponta dados alarmantes. Desde o início da pandemia de Covid-19, dois terços dos países de baixa e média renda cortaram os gastos com educação. Em 2020, o Fundo Malala estimou que a pandemia poderia forçar quase 20 milhões de meninas com idades entre 11 e 18 a abandonarem a escola. “A pandemia, as mudanças climáticas, o racismo e as desigualdades têm exacerbado os problemas que as meninas enfrentam”, destaca a co-fundadora do Fundo Malala.

Em semana de apagão de dados educacionais pelo Inep, mais de 80 entidades lançam nova versão do Manual Contra a Censura nas Escolas

O Manual inclui decisões recentes do STF que reforçam a inconstitucionalidade de leis inspiradas no movimento Escola sem Partido e o dever do Estado em abordar gênero e sexualidade nas escolas.

Em resposta às intimidações, ameaças e notificações dirigidas a docentes e escolas e à escalada do autoritarismo no país, um grupo de mais de 80 entidades de educação e direitos humanos lança, nesta quarta-feira, 23 de fevereiro, uma nova versão do Manual de Defesa Contra a Censura nas Escolas. A publicação apresenta orientações jurídicas e estratégias político-pedagógicas em defesa da liberdade de aprender e de ensinar, baseadas em normas nacionais e internacionais e na jurisprudência brasileira.

“O Manual de Defesa Contra a Censura nas Escolas articula duas estratégias complementares: por um lado, fornece subsídios para que as comunidades escolares possam, em seu cotidiano, enfrentar as ameaças concretas ou anunciadas. Por outro,  valoriza o debate público sobre essas situações como forma de enfrentamento de um conflito social gerado pela manipulação das ideias”, explica a apresentação do material.

Lançada em 2018, a primeira versão do documento contou com mais de 150 mil downloads. Na nova versão, foram incluídas decisões recentes do Supremo Tribunal Federal que reforçam a inconstitucionalidade de leis inspiradas no movimento Escola sem Partido e o dever do Estado em abordar gênero e sexualidade nas escolas como forma de prevenir a violência doméstica e o abuso sexual contra crianças e adolescentes. 

A nova versão também apresenta estratégias de como responder a novos tipos de ameaças que têm sido promovidas por movimentos e grupos ultraconservadores contra comunidades escolares. Além disso, são esmiuçadas as alterações recentes de normativas nacionais e internacionais de direitos humanos, além de novas possibilidades no campo das estratégias jurídicas, políticas e pedagógicas de enfrentamento ao acirramento do autoritarismo na educação.

Lançamento da nova edição do Manual de Defesa Contra a Censura nas Escolas

Apagão de dados educacionais

O lançamento ocorre na mesma semana em que microdados do Censo Escolar foram descartados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) com base na Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). Em nota de posicionamento, entidades, redes de pesquisa e movimentos sociais afirmam que o descarte é inadmissível, carece de fundamento legal e, como resultado, impede a avaliação e elaboração de políticas públicas que respondam às necessidades da população.

O Manual também está sendo lançado como forma de prevenção e enfrentamento de possíveis ataques às escolas, educadores, estudantes e famílias em um ano eleitoral dramático, marcado por ameaças diversas à democracia, desinformação e disputas acirradas.

Casos-modelo, seus desdobramentos e estratégias de defesa

O Manual, que pode ser baixado gratuitamente clicando aqui, descreve 19 casos-modelo baseados em situações reais, seus desdobramentos e estratégias jurídicas e político-pedagógicas que podem ser usadas por profissionais de educação.

Entre os casos, são apresentadas situações de ameaças pelo Poder Público, como a aprovação de legislações antigênero; a interferência do Legislativo ou Executivo nas instituições educacionais; o constrangimento de docentes por diretorias de ensino e a militarização de escolas públicas. São também abordados casos de ameaças por membros da própria comunidade escolar e de seu entorno, como a perseguição por meio de notificações extrajudiciais, a ocorrência de constrangimentos ao uso de nome social, a censura ao uso de linguagem neutra, a violação da laicidade e o cerceamento das discussões sobre racismo e do ensino – previsto em lei – das histórias e culturas indígena, africana e afro-brasileira em escolas públicas e privadas.

O Manual trata ainda do tema fortemente recorrente, mas pouco comentado, da autocensura, isto é, da interrupção da abordagem de gênero, raça e sexualidade nas escolas pelos próprios docentes em decorrência do pânico moral e do medo de perseguição decorrentes da atuação autoritária de movimentos ultraconservadores contra professores. 

Marcos legais nacionais, internacionais e decisões do Supremo Tribunal Federal

A primeira versão do Manual foi lançada no final de 2018 como parte de uma estratégia de incidência junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que a Corte julgasse um conjunto de ações que questionavam a constitucionalidade de leis de censura na educação.

Ao longo do ano de 2020, dez ações foram julgadas positivamente, reafirmando a inconstitucionalidade da censura e o dever do Estado em abordar as questões de gênero e sexualidade na Educação Básica como forma de prevenir o abuso sexual de crianças e adolescentes. As decisões reforçaram também que a ideia de neutralidade ideológica é antagônica ao pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, pilar constitucional da legislação educacional brasileira.

Outro aspecto importante referendado pelo STF foi a interpretação a respeito do lugar das famílias na gestão democrática da educação. Na compreensão da Corte, a participação das famílias na vida escolar de crianças e adolescentes é fundamental, mas  não pode ser usada como artifício para limitar o direito constitucional de crianças e adolescentes a uma educação que contemple várias visões de mundo, estimule a capacidade de refletir e de pesquisar a realidade e que prepare os e as estudantes para uma sociedade sempre mais complexa e desafiante.

“Muitas vezes, mobilizadas pelo desejo de proteção de suas filhas e filhos, algumas famílias acabam contribuindo para que crianças e adolescentes cresçam despreparados e vulneráveis para enfrentar o mundo e atuar conscientemente pela superação das desigualdades, discriminações e violências nas suas vidas e na sociedade brasileira”, destaca o Manual.

Articulação contra o Ultraconservadorismo na Educação

Com apoio do Fundo Malala, do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) e da Defensoria Pública da União (DPU), a publicação é resultado do trabalho de uma ampla articulação de sociedade civil, que inclui organizações não governamentais e redes que atuam pelo direito humano à educação, entidades sindicais, associações científicas, redes de pesquisa, organizações vinculadas ao movimento feminista, negro e LGBTQI+, setores religiosos progressistas defensores da laicidade do Estado, coletivos políticos e órgãos públicos comprometidos com a defesa dos direitos humanos.

Confira a lista completa de entidades signatárias:

  • Ação Educativa
  • Ação Educação Democrática
  • ABEH – Associação Brasileira de Pesquisa em Ensino de História
  • ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos
  • ABIA – Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS
  • ABPN – Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as
  • AGB – Associação dos Geógrafos Brasileiros
  • Agência Pressenza
  • Aliança Nacional LGBTI
  • ANAÍ – Associação Nacional de Ação Indigenista
  • ANAJUDH-LGBTI – Associação Nacional de Juristas pelos Direitos Humanos de LGBTI
  • Andes-SN – Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior
  • Anfope – Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação
  • Anpae – Associação Nacional de Política e Administração da Educação
  • ANPEd – Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação
  • Anpocs – Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais
  • Anpof – Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia
  • Antra – Associação Nacional de Travestis e Transexuais
  • Articulação de Mulheres Negras Brasileiras
  • Associação Brasileira de Ensino de Ciências Sociais
  • Campanha Nacional pelo Direito à Educação
  • Cedeca-CE – Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Ceará
  • Cedes – Centro de Estudos Educação e Sociedade
  • CENDHEC – Centro Dom Helder Câmara de Estudos e Ação Social
  • Cenpec
  • Centro das Mulheres do Cabo
  • Centro de Cultura Professor Luiz Freire
  • Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza
  • CFEMEA – Centro Feminista de Estudos e Assessoria
  • Cidade Escola Aprendiz
  • Cladem – Comitê Latino-americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher
  • CNTE – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação
  • Coletivo de Advogad@s de Direitos Humanos
  • Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia
  • Comissão Pastoral da Terra
  • Comitê Goiano de Direitos Humanos Dom Tomás Balduíno
  • Conic – Conselho Nacional de Igrejas Cristãs
  • CONTEE – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino
  • Dom da Terra AfroLGBTI
  • Fineduca – Associação Nacional de Pesquisa em Financiamento da Educação
  • Forumdir – Fórum Nacional de Diretores de Faculdades, Centros de Educação ou Equivalentes das Universidades Públicas Brasileiras
  • Fórum Ecumênico ACT-Brasil
  • Gajop – Gabinete Assessoria Jurídica Organizações Populares
  • Geledés – Instituto da Mulher Negra
  • GPTEC – Grupo de Pesquisa em Tecnologia, Educação e Cultura (IFRJ)
  • Grupo Dignidade
  • IDDH – Instituto de Desenvolvimento e Direitos Humanos
  • Inesc – Instituto de Estudos Socioeconômicos
  • Instituto Alana
  • Instituto Pólis
  • Instituto Vladimir Herzog
  • Intervozes
  • Justiça Global
  • LAVITS – Rede Latinoamericana de Estudos em Tecnologia, Vigilância e Sociedade
  • Mais Diferenças – Educação e Cultura Inclusivas
  • Marcha das Mulheres Negras
  • Mirim Brasil
  • Movimento Humanista
  • Movimento Nacional em Defesa do Ensino Médio
  • MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
  • Núcleo de Consciência Negra – USP
  • NUDISEX – Núcleo de Estudos e Pesquisas em Diversidade Sexual
  • Nzinga – Coletivo de Mulheres Negras de Belo Horizonte
  • Odara – Instituto da Mulher Negra
  • OLÉ/UFF – Observatório da Laicidade na Educação
  • Plataforma Dhesca Brasil
  • Professores contra o Escola sem Partido
  • Projeto Mandacaru Malala
  • QuatroV
  • Rede Brasileira de História Pública
  • Rede Liberdade
  • REPU – Rede Escola Pública e Universidade
  • SBEnBio – Associação Brasileira de Ensino de Biologia
  • SBEnQ – Sociedade Brasileira de Ensino de Química
  • Sinpeem – Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo
  • Sinpro Guarulhos – Sindicato dos Professores e Professoras de Guarulhos
  • Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos
  • SPW – Observatório de Sexualidade e Política
  • Terra de Direitos
  • UNCME – União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação
  • Undime – União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação
  • UPES – União Paranaense dos Estudantes Secundaristas