Vozes da África: Uma experiência literária, gastronômica e sensorial

Estado: São Paulo (SP)

Etapa de Ensino: Ensino Médio

Modalidade: Educação Escolar Quilombola

Disciplina: História

Formato: Presencial

A minha trajetória na educação começou em 2000, quando ingressei na Rede Pública de São Paulo, na cidade de Sumaré, atuando como professora de História, sempre no ensino público, a Lei 10.639/03 e a sua aplicabilidade sempre foi um tema que considero fundamental para uma prática educativa inclusiva, diversa, democrática e principalmente porque é no ensino público que estão os estudantes negros na sua maioria.

Objetivos

Objetivo geral:
Estudar sobre a História do Imperialismo na África dialogando com a literatura.

Objetivos Específicos:
Estudar as marcas e impactos que a política imperialista impôs ao continente africano.
Entender a construção do discurso civilizatório e seus desdobramentos - organização e funcionamento da sociedade na inter-relação entre o indivíduo e a coletividade.
Compreender os efeitos do Imperialismo e do neocolonialismo na Nigéria a partir da obra Hibisco Roxo da escritora Chimamanda Ngozi Adichie.

Conteúdo

Os conteúdos serão:

As transformações do colonialismo: do contexto da modernidade ao imperialismo;
O discurso civilizatório e etnocêntrico do imperialismo;
A literatura como diálogo para entender as narrativas sobre o continente africano.

Metodologia

O trabalho foi pensado para ser executado em três etapas (1º, 2 º e 3º bimestres) a partir de uma exposição oral da professora sobre o Imperialismo e a Partilha da África.
A proposta da aula será desenvolvida no seguinte formato:

1ª Bimestre:
Uma aula expositiva sobre "O discurso civilizatório e etnocêntrico do imperialismo”, abordando a ideia da missão civilizadora e o fardo do homem branco. Será abordada também a Partilha Afro-asiática e os desdobramentos políticos e territoriais"
Organização e funcionamento da sociedade na interrelação entre indivíduo e coletividade a partir das diferentes matrizes conceituais (etnocentrismo, cultura, entre outros). Após o momento da exposição oral, a sala, dividida em 5 grupos, vai pesquisar sobre o tema e compartilhar o resultado da pesquisa em sala de aula com apoio de slides.
Em uma nova aula, os alunos serão desafiados a pensar sobre a imagem que a mídia produz sobre o continente africano. A fim discutir os estereótipos que associam a África somente a pobreza e doenças, será proposto uma investigação sobre nomes de escritores/escritoras e cientistas de países africanos.

2º Bimestre
Será retomada a atividade com uma apresentação do livro “Hibisco Roxo” da escritora Chimamanda Adichie.
Realizar conversa sobre o livro, organizar um cronograma de leitura do livro com os alunos.
Alunos retomam a pesquisa do 1º bimestre sobre os escritores e cientistas do continente africano para produzir um painel digital com uma mini bio e sua produção e, após a conclusão, imprimir cartazes.

Os cartazes serão utilizados para preparar um grande painel físico na escola, apresentando a África como um lugar de cientistas e escritores - um lugar de produção de conhecimento e saberes com o título: "Vozes negras africanas".

3º bimestre
Será concluída a atividade com os alunos em roda acolhidos ao som de atabaques. Cada aluno presente na roda fará a leitura de um trecho do livro que mais marcou o seu processo de leitura, que mobilizou seus sentimentos, significou um conhecimento novo sobre a Nigéria e uma conversa sobre os efeitos do neocolonialismo no país, considerando território, a imposição do cristianismo, intolerâncias, conflitos étnicos, da destruição das relações familiares, da culinária e o que conhecemos desses sabores no Brasil, como o açafrão, banana-da-terra, o arroz jollof e o chá do hibisco.
A atividade de experimentar os sabores será desenvolvida em parceria com 2(duas) familiares preparando na cozinha da escola os pratos e a escola oferecendo os ingredientes necessários. Durante a degustação, será servido o arroz jollof, banana-da-terra e chá de hibisco durante as leituras e diálogos. A ideia é proporcionar uma experiência com os cheiros, sabores e uma reflexão sobre como esses alimentos estão presentes na culinária do Brasil. Será um momento para degustar, experienciar os sabores e sons.

Recursos Necessários

8 livros Hibisco Roxo
38 alunos e 4 meses para a leitura
Impressora, tinta, papel
1 computador, 1 projetor
5 kg de arroz
200 gramas de açafrão
7 kg de coxinhas de frango
4 pimentões de cada (verde, vermelho e amarelo)
7kg de banana-da-terra
400 gramas de canela em pó
500 de folhas de hibisco roxo desidratada
1 atabaque
5 fitas dupla face
sala de informática da escola.

Duração Prevista

1º Bimestre - 5 aulas ( 45 minutos cada aula); 2º Bimestre - 2 aulas na escola e mais tempo em casa para produção dos cartazes e 3º Bimestre - Fechamento - 3 aulas (45 minutos cada).

Processo Avaliativo

A avaliação será feita bimestralmente, considerando a participação dos alunos em cada etapa proposta, como:

1º bimestre
Participação na aula expositiva, pesquisa sobre o Imperialismo, a Partilha da África e a pesquisa sobre os cientistas e os escritores/escritoras africanos.

2º bimestre
Produção do cartaz digital e impresso sobre o cientista ou escritora (produção individual) para a construção do painel físico e publicação nas redes sociais da escola - seguindo os critérios combinados de tamanho e informações necessários no cartaz digital - (Foto, texto curto e imagens)

3º Bimestre - participação na roda com a apresentação do trecho selecionado após a leitura do livro Hibisco Roxo, apresentação das considerações e participação na partilha dos alimentos.

Observações

A escolha do livro Hibisco Roxo foi feita para apresentar aos alunos uma África que não é representada nos livros didáticos e mídia. A autora Chimamanda é referência como escritora capaz de apresentar as humanidades e desafios da Nigéria. E coloca o continente e a história dos ancestrais de 54% da população do Brasil em um lugar de reflexão e resistência. A voz liberta.

Referências Bibliográficas

ADICHIE, Chimamanda Ngozi. Hibisco Roxo. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

ADICHIE, Chimamanda Ngozi. O perigo de uma história única. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

CARINE, Barbara. Como ser um educador antirracista. São Paulo: Planeta, 2023.

CARDOSO, Fracilene. O negro na Biblioteca: mediação da informação para construção da identidade negra. 1ª ed. Curitiba, PR: CRV, 2015.

CURRÍCULO EM AÇÃO CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO E PROJETO DE VIDA. Governo do Estado de São Paulo: Secretaria Estadual de Educação, 2023. (Caderno do Aluno Volume 1 - 1º Bimestre).

HERNANDEZ, Leila Leite. A África na Sala de Aula - visita à História Contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2008.

KRENAK, Ailton. Futuro ancestral. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

Lei 10.639/03, Estabelece a obrigatoriedade do Ensino da História e Cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas, públicas e particulares, do ensino fundamental até o ensino médio(Brasil, 2003). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm. Acesso em: 01.03.2023.

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