Vozearia no Silêncio: um projeto sobre violência de Estado

Estado: São Paulo (SP)

Etapa de Ensino: Ensino Fundamental II

Modalidade: Educação de Jovens e Adultos, Educação Especial, Educação Regular

Disciplina: Artes, Biologia, Educação Física, Inglês, Língua Portuguesa, Matemática

Formato: Presencial

Me chamo Bruno Godoi Barroso, sou mestre em História Social pela PUC-SP. Atuo como docente da disciplina de História há quinze anos, ministro aulas nas redes Estadual e Municipal de São Paulo.

Objetivos

O Projeto "Vozearia no Silêncio" nasceu de um trabalho realizado durante as atividades do "Novembro Negro" (Programa da Rede Municipal de São Paulo) no ano de 2016, partindo de questões que emergiram dos conteúdos de história propostos para os nonos anos do Ensino Fundamental II. Na ocasião, quando abordávamos a repressão aos conflitos no contexto da Primeira República, alguns alunos alcançaram a dimensão histórica da repressão policial, presente em seu cotidiano, identificando os recortes históricos dessa violência, sobretudo no que tange à população negra e periférica.

Desse modo, a partir dessas experiências situadas no território da nossa comunidade escolar, buscamos mapear outras formas de manifestação da violência. No amadurecimento do projeto, sob a perspectiva de uma educação voltada para os direitos humanos,  outras questões vieram à cena, como índices de feminicídio, LBGTIfobia, transfobia, misoginia, entre outras faces de um Estado violento e repressor que se revela no cotidiano desses educandos.

A partir de 2018, nós, educadores, comunidade escolar e equipe gestora da EMEF Carlos Augusto de Queiroz Rocha, passamos a organizar um evento que leva o nome do Projeto, sendo sua marca o enraizamento no território. Buscamos, a partir de diversas manifestações artísticas e culturais, promover uma literal "Vozearia", face às tentativas da lógica hegemônica e violenta de silenciamento das vozes periféricas. Nesse evento, alunos e professores se expressam em conjunto, compartilhando experiências musicais, cênicas, poéticas, literárias, que objetivam construir uma educação que de fato liberte e instrumentalize politicamente (no sentido amplo do conceito) esses sujeitos sociais, que figuram como protagonistas desse processo.

Conteúdo

Os conteúdos, abordados a partir de uma perspectiva interdisciplinar e transdisciplinar, trazem para o debate o histórico da violência e as diversas formas resistência a essas manifestações, com ênfase no Brasil.

Discute-se, a partir de marcos regulatórios dos direitos humanos, que se apresentam de certa forma recentes na sociedade brasileira, o seu papel na construção da democracia, do respeito às diferenças e, sobretudo, da igualdade.

Metodologia

Como abordado anteriormente, as discussões estão ancoradas no território e nas experiências e vivências da comunidade escolar, que presencia cotidianamente a violência sob diversas faces. Essas experiências são orientadoras das ações desenvolvidas no espaço escolar. O mote é a resistência, delineada pelos instrumentos que permeiam o território como a música (funk e rap), artes cênicas (peças pautadas na temática da violência cotidiana), poesia (batalha de slams), entre outras manifestações daquilo que é considerado "subcultura" pelas elites.

Recursos Necessários

Equipamentos de áudio e vídeo, iluminação de palco, banners, equipamentos de efeitos luminosos e sonoros.

Duração Prevista

Entre as atividades na escola (aulas, comunicações, palestras) ocorrem atividades externas, como visitas orientadas ao Museu AfroBrasil e ao Memorial da Resistência de São Paulo, assim como exposições itinerantes que contemplem a referida temática. No final é realizado o evento num formato próximo de um sarau. Cabe destacar que esse evento busca fugir de padrões pré-estabelecidos, ocorrendo em um período aproximado de quatro horas, primando pela informalidade, LIVRE como a proposta germinal. Entre todas as ações apresentadas, estima-se um período de aproximadamente seis meses para a realização do projeto.

Processo Avaliativo

Envolvimento e comprometimento com todas as ações, do início ao fim do projeto, assim como as atividades específicas de cada disciplina.

Referências Bibliográficas

BEJAMIN, W. Magia e técnica, Arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense. 1994

CHIAVENATO, Júlio José. O Golpe de 64 e a Ditadura Militar. São Paulo: Editora Moderna, 2001.

GOMES, A. M. C.; OLIVEIRA, L. L. & VELLOSO, M. P. Estado Novo: ideologia e poder. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.

HUNT, Lynn. A Invenção dos Direitos Humanos: Uma História. Tradução de Rosaura Eichenberg. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

NORA, Pierre. Entre Memória e História: a problemática dos lugares. In: Projeto História: Revista de Estudos Pós-Graduados em História e do Departamento de História da PUC-SP. São Paulo: PUC-SP, 1981.

RICOEUR, P. A memória, a história, o esquecimento. Campinas-SP: Editora da UNICAMP, 2007.

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