Vamos ao Cinema? O Cinema Negro como recurso didático e conhecimento histórico

Estado: Pernambuco (PE)

Etapa de Ensino: Ensino Fundamental II

Modalidade: Educação Regular

Disciplina: História

Formato: Presencial

Professor de História e História da Arte no Ensino Fundamental e na Educação de Jovens e Adultos nas redes pública e privada de ensino, na cidade de Limoeiro-PE. Doutorando pela Universidade Federal Rural de Pernambuco.

Objetivos

Objetivo Geral: Contribuir para a compreensão da questão do negro na dinâmica sociocultural do Cinema Negro na sala de aula.

Objetivos específicos:

- Inserir o cinema no processo de ensino e aprendizagem em História por meio de uma visão multidisciplinar para aproximar o público estudantil da narrativa audiovisual;
- Compreender a história do Cinema Negro no Brasil;
- Confrontar o filme com os aspectos externos de sua produção (autor, roteirista, diretor, produtor, público e crítica);
- Possibilitar o debate inter e transdisciplinar em torno de temáticas atuais apresentadas por meio de "Alma no Olho" (1974) e "Besouro" (2009).

Conteúdo

A história do cinema brasileiro;
A escravidão no Brasil;
A história e cultura afro-brasileira;
O candomblé.

Metodologia

Com os filmes selecionados (“Alma no Olho” e “Besouro”), relacionados aos temas em estudo (Escravidão e Resistência, Cinema Negro, História e Cultura Afro-brasileira) e a organização de um roteiro e equipamentos para a sua exibição, o trabalho de análise e discussão dessas obras fílmicas na turma de 7º Ano aconteceu no primeiro semestre de 2023. Após as aulas expositivas acerca dos processos de escravidão e resistências na história do Brasil, incluindo a capoeira e o candomblé, cujos temas os alunos fizeram uma pesquisa, partimos para o entendimento das narrativas fílmicas, isto é, sua historicidade, e as nuances da linguagem cinematográfica (planos, close-up, travelling, entre outros). Analisar um filme é criar uma leitura possível. Por isso, buscamos decompor “Alma no Olho” e “Besouro” em seus elementos constitutivos para perceber como os corpos negros foram construídos nas cenas, na narrativa e no discurso.

Trata-se de compreender o contexto histórico-social no qual foram produzidos. A metodologia, então, é descosturá-los, perceber suas imagens isoladamente, em cada sequência, e depois compreender como elas se associam para fazer surgir um todo significante. Por fim, fazer uma comparação entre os filmes para criar um debate em torno da corporeidade, religião, resistência e performance que compõem essas estruturas fílmicas. Tudo isso visando celebração do corpo como lugar de representação, identidade, territorialidade, ancestralidade, memória, representatividade e valores. Por meio dessas obras, pode-se levar os alunos a experimentar os pontos de vista dos cineastas, dos personagens, embora um dos pontos de vista mais explorado nas histórias cinematográficas seja o subjetivo, considerando que este é sempre o olhar do espectador, neste caso dos alunos, no processo de decodificação das imagens na sala de aula.

Recursos Necessários

Data Show;
Notebook;
Som;
Slides;
Textos;
Revistas.

Duração Prevista

De março a junho. São duas aulas de 50 minutos nas sextas-feiras.

Processo Avaliativo

A avaliação sobre um projeto de cinema deve considerar a contribuição social a que esse tipo de ensino se presta, visto que insere os estudantes na realidade histórica do Brasil no tempo presente. O estudante será avaliado a partir de sua capacidade de decompor um filme e fazer uma análise historiográfica de “Alma no Olho” e “Besouro” em um debate proposto pelo professor. Apesar de não ser fácil entrar no campo da linguagem cinematográfica, a ideia é apresentar os estudantes ao vocabulário e à teoria do Cinema Negro, bem como de qualquer outra vertente do cinema brasileiro. Nessa perspectiva, a avaliação não pode ser concebida como instrumento de classificação, reprovação ou punição do educando pelo seu desinteresse, ou falta de empenho na (re)leitura e análise dos filmes propostos. Devemos ter o objetivo de possibilitar aos educandos o acesso ao conhecimento da linguagem audiovisual.

Referências Bibliográficas

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