A experiência da disciplina eletiva intitulada “AJAYÔ! O REI T’CHALLA ESTÁ PRESENTE” se deu em uma parceria interdisciplinar entre as disciplinas de Educação Física, Química e Arte. A ideia partiu da necessidade de discutir a respeito da cultura africana no âmbito escolar com as turmas de 1º ano do Ensino Médio, a partir de questões contextualizadas dentro de nossos respectivos componentes curriculares.

Professores de Educação Física, Química e Arte além dos alunos das turmas de 1º ano do ensino médio técnico do IEMA Pleno Tamancão.

O texto visa relatar a experiência obtida durante as aulas da disciplina eletiva “Ajayô! O Rei T’Challa está presente!”, que abordou como tema central a cultura africana dentro dos componentes curriculares Educação Física, Química e Arte no Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IEMA) – unidade Tamancão. O cenário deste relato acontece no IEMA – Tamancão, que fica localizado no bairro Alto da Esperança, na região Itaqui Bacanga em São Luís–MA. Essa é uma localidade próxima a uma das mais importantes zonas portuárias do Brasil que é o Porto do Itaqui.

A disciplina eletiva Ajayô! O Rei T’Challa está presente! nasceu da necessidade de discutir tópicos relacionados à cultura africana no ensino médio, levando em consideração que a escola é um ambiente plural. Inicialmente, para esta proposta, nos baseamos na promulgação da Lei 10.639/03, que estabelece a inclusão no currículo e a obrigatoriedade do ensino da cultura afro-brasileira em sala de aula.

É importante proporcionar o conhecimento desses conteúdos, levando em consideração que cada cultura tem seu valor e sua contribuição para que os alunos possam reconhecer de sua identidade, dando visibilidade a um povo que foi excluído, marginalizado e que sofreu preconceito e perseguição.

Antes de colocar em prática a disciplina, foi necessário um estudo das competências e habilidades da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que pautavam a aplicação desse conteúdo. Após a construção do guia de aprendizagem da eletiva, instrumental orientador da prática pedagógica interdisciplinar no IEMA, fomos à prática. Ao longo das aulas, em sistema de rodízio com os professores de Arte e Química, abordamos os seguintes temas: Jogos africanos; História da arte africana e Estamparia africana. Utilizamos aulas em formato de debates e falamos sobre a discriminação e racismo, oficina de danças populares, oficina de misturas de tintas feitas de forma artesanal com condimentos, assistimos e discutimos ao filme Pantera Negra e houve a apresentação teatral intitulada “Maria Firmina dos Reis – 200 anos de resistência”.

No que concerne às aulas sob a perspectiva da educação física, foi possível vivenciar a experiência dos jogos africanos em que experimentamos e conhecemos a origem de cada um deles. O espaço que utilizamos foi o refeitório da escola, pois não tínhamos quadra para a realização das atividades. Os principais jogos foram a amarelinha africana, Terra Mar; Pega a Cauda; Mamba; Neés Deguíaan e Mbube Mbube. Ao final do semestre obtivemos como produto um desfile com pinturas corporais, a apresentação da amarelinha africana e uma exposição de quadros com desenhos de formas africanas.

Considera-se importante que se desenvolvam estudos e que haja mais relatos a respeito da aplicação desse conteúdo na educação básica, como forma de visibilizar as discussões não só sobre o racismo, mas também a respeito das questões étnico-raciais, para dar aos(as) alunos(as) a oportunidade de conhecer um pouco mais da história de outros povos e culturas que outrora foram invisibilizados.

Realizamos uma pesquisa das principais referências que relacionam a Lei 10.639/03 aos conteúdos de nossos respectivos componentes curriculares, elencando as principais temáticas que poderiam ser trabalhadas de forma teórica por meio de exposições de falas e debates, mas também de forma prática por meio de oficinas.

Falta de espaço adequado para as aulas práticas, quando chegamos ao contexto da educação física e a cultura africana; dificuldade de locomoção dos convidados para ministração das oficinas (devido à localização da nossa unidade); resistência de alguns alunos no que diz respeito às discussões de algumas temáticas específicas.

Considera-se importante que se desenvolvam estudos e que haja mais relatos a respeito da aplicação desse conteúdo na educação básica, como forma de visibilizar as discussões não só sobre o racismo, mas também a respeito das questões étnico-raciais, para dar aos(as) alunos(as) a oportunidade de conhecer um pouco mais da história de outros povos e culturas que outrora foram invisibilizados.

BRASIL. Lei nº. 10.639, de 09 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 10 jan, 2003. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm#:~:text=LEI%20No%2010.639%2C%20DE%209%20DE%20JANEIRO%20DE%202003.&text=Altera%20a%20Lei%20no,%22%2C%20e%20d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias. Acesso em: 26 abr. 2023.

COELHO, Adryand Cesary Pinheiro et al. Diretrizes operacionais – IEMA 2022. 2022. Disponível em: https://drive.google.com/drive/folders/1efCApXrqCl8EUclKKWSwfY9bDgpof6A0. Acesso em: 26 abr. 2023.

PINTO, Helen Santos; SILVA, Luciana Soares da; NUNES, Míghian Danae Ferreira (org.). Catálogo de jogos e brincadeiras africanas e afro-brasileiras. São Paulo: Aziza Editora, 2022. ISBN 978-65-992657-2-3. Disponível em: https://anansi.ceert.org.br/biblioteca-pdf/catalogo-jogos.pdf. Acesso em: 26 abr. 2023.