Reflexões sobre gênero e violência a partir da arte

Estado: Maranhão (MA)

Etapa de Ensino: Ensino Médio

Modalidade: Educação de Jovens e Adultos, Educação Profissional Tecnológica

Disciplina: Artes

Formato: Remoto

Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Arte e Cultura Visual da Universidade Federal de Goiás. Discente na Especialização em Arte, Mídia e Educação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão. MBA em Direção de Arte pela Universidade Estácio de Sá (2020). Especialista em Design Gráfico pelo California Institute of the Arts (2019). Bacharel em Design pela Universidade Federal do Maranhão (2017), com período sanduíche no Queens College of City University of New York (2015-2016), através de bolsa concedida pelo programa Ciência Sem Fronteiras.

Professora na Rede Municipal de Ensino de São Luís. Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Educação Inclusiva da Universidade Estadual do Maranhão. Especialista em Arte, Mídia e Educação pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (2021). Bacharel em Serviço Social pela Universidade Federal do Maranhão (2019). Licenciada em Pedagogia pela Universidade Estadual do Maranhão (2008).

Objetivos

Objetivo geral

Promover, a partir da instrumentalização teórica e prática da arte, uma postura problematizadora acerca das relações de gênero, a fim de incentivar o repúdio e o combate a estereótipos, assimetrias, discriminações e violências nele embasados.

Objetivos específicos

  • Perceber a construção simbólica do gênero no contexto da arte, evidenciando evidenciando os binarismos implicados na (re)produção de ideias concernentes ao “feminino” e ao “masculino”;

  • Debater a historicidade da assimetria de gênero e as suas implicações práticas a partir da discussão sobre o sistema artístico;

  • Discutir sobre a violência contra a mulher a partir da mediação de obras de arte que representam esta temática;

  • Problematizar as obras e carreiras de artistas a partir de relatos de violências por eles praticadas contra mulheres;

  • Apresentar, no contexto das artes visuais, a existência de questionamentos aos estereótipos e de enfrentamento às assimetrias, discriminações e violências embasados no gênero;

  • Estimular a criticidade e a criatividade dos participantes, através da proposição da produção de imagens que problematizem questões de gênero.

Conteúdo


  • História da arte;

  • Estereótipos de gênero;

  • Mulheres artistas;

  • Violência de gênero;

  • Arte feminista.

Metodologia

A Base Nacional Comum Curricular para o Ensino Médio, ao versar sobre a área de Linguagens e suas Tecnologias, da qual o componente curricular Arte faz parte, recomenda que ela seja instrumentalizada de modo a promover um “engajamento consciente, crítico e ético em relação às questões coletivas” e a estimular os estudantes a “refletir e participar na vida pública, pautando-se pela ética” (BRASIL, 2018, p. 488-489). Já os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio explicitam o potencial da Arte de contribuir para o “exercício da cidadania e da ética”, manifestando que o “intuito do processo de ensino e aprendizagem de Arte” é “capacitar os estudantes a humanizarem-se melhor como cidadãos inteligentes, sensíveis, estéticos, reflexivos, criativos e responsáveis, no coletivo, por melhores qualidades culturais na vida dos grupos e das cidades, com ética e respeito pela diversidade” (BRASIL, 2002, p. 50).

Compreendendo o que preconiza a Base Nacional Comum Curricular, a Arte “contribui para o desenvolvimento da autonomia reflexiva, criativa e expressiva dos estudantes” e é “propulsora da ampliação do conhecimento do sujeito sobre si, o outro e o mundo compartilhado” (BRASIL, 2018, p. 482). Assim, ao propor que se reflita a partir da arte a respeito de questões de gênero, se enseja que os estudantes possam praticar, “de forma crítica e problematizadora”, seu protagonismo “de modo consciente, ético, crítico e autônomo” (BRASIL, 2018, p. 482-483). A proposta busca, ainda, mobilizar campos de ação social pertinentes à área de Linguagens e suas Tecnologias, tais como o campo da vida pessoal, “de modo a possibilitar uma reflexão sobre as condições que cercam a vida contemporânea e a condição juvenil no Brasil e no mundo e sobre temas e questões que afetam os jovens”, e o campo artístico, “contribuindo para a construção da apreciação estética” (BRASIL, 2018, p. 488-489).

A ação educativa “Reflexões sobre gênero e violência a partir da arte” será desenvolvida em dois momentos. O primeiro momento, de discussão teórica, consistirá em uma aula expositiva dialogada, na qual os conceitos e imagens a serem abordados serão expostos através do uso de slides. Para fundamentar teoricamente essa discussão, podem ser utilizados escritos como os de Berger (1999), Loponte (2002, 2010), Mayayo (2003) e Rosenberg e Thurber (2007), que versam sobre a construção simbólica do gênero na Arte, os de Calil (2018), Chadwick (2007), Heller (1997) e Nochlin (2017), que discutem a sistemática exclusão das mulheres no sistema artístico enquanto sujeitos, os de Chicago e Lucie-Smith (1999), Donahue-Wallace (2004), Michel (2002) e Wolfthal (1999), que tratam a respeito de representações artísticas da violência de gênero, os de Gilot e Lake (1964), Huffington (1988), Orwell (1946) e Vickers (1986), que abordam da questão do artista autor de violência contra mulheres, e os de Aliaga (2007), Barros (2018), Loponte (2008) e Magalhães (2010), que trazem à tona as estratégias de resistência exploradas na arte para o enfrentamento de estereótipos e violências embasados no gênero. Privilegiando uma perspectiva freireana de educação, a consideração do repertório dos estudantes sobre as questões discutidas e a participação dos mesmos através de relatos de experiências relacionadas ao conteúdo abordado contribuirão de modo decisivo para o processo de construção coletiva do conhecimento. O segundo momento, em que será proposta uma atividade prática embasada na expressão visual a partir da discussão realizada, visa a fixação dos conceitos explanados e o aprofundamento do pensamento crítico a respeito dos mesmos, considerando os jovens enquanto atores sociais e cidadãos em formação que podem se apropriar de linguagens artísticas diversas para exercer a função de multiplicadores da discussão a respeito do gênero, a fim de questionar, desconstruir e enfrentar estereótipos, assimetrias, discriminações e violências nele embasados

Recursos Necessários

Computador com conexão à internet; Webcam; Microfone; Fone de ouvido; Acesso a plataforma para videoconferências; Apresentação de slides; Materiais para executar a colagem (manual: cola, tesoura, papel, revistas, jornais, caneta / digital: software de edição de imagens); Perfil em rede social (ex: Instagram) dedicado à montagem da galeria virtual com os trabalhos dos estudantes.

Duração Prevista

4 horas/aula, com 2 horas de atividades síncronas e 2 horas de atividades assíncronas.

Processo Avaliativo

Será proposta uma atividade prática, visando o exercício da criatividade e da criticidade dos participantes através da expressão artística. Os estudantes serão convidados a produzir imagens (fotografias, colagens, desenhos, pinturas, vídeos, etc.) com o objetivo de expor, problematizar e combater estereótipos, assimetrias, discriminações e violências embasados no gênero. Essa atividade prática consistirá não apenas na criação, mas também na exposição dos trabalhos confeccionados em uma galeria virtual, através da construção de uma página em rede social (ex: Instagram), a fim de trazer para a discussão pública os trabalhos dos estudantes, projetando suas produções em um espaço público e propício para o debate e a sensibilização a respeito das questões de gênero. Essa proposição intenta viabilizar a articulação entre os conhecimentos construídos durante as aulas e estratégias de produção e intervenção artísticas, utilizando a arte como ponto de partida tanto para a reflexão quanto para a ação.

Referências Bibliográficas

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BERGER, John. Modos de ver. Lisboa: Edições 70, 1999.

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CALIL, Beatriz. Pequeno guia de incríveis artistas mulheres que sempre foram consideradas menos importantes que seus maridos. Bragança Paulista: Urutau, 2018.

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