O corpo e os estereótipos sociais

Estado: Rio de Janeiro (RJ)

Etapa de Ensino: Ensino Médio

Modalidade: Educação de Jovens e Adultos, Educação Regular

Disciplina: Educação Física

Formato: Presencial

Professor substituto na Universidade Estadual do Maranhão/UEMA e professor de Educação Física da Prefeitura Municipal de Volta Redonda/RJ. Doutorando em Educação Física pelo PPGEF/UFRJ. Licenciado, Bacharel e Mestre em Educação Física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Membro do GECOS - Grupo de Estudos em Corpo, Esporte e Sociedade e do Laboratório de Estudos Corpo, Esporte e Sociedade, o LAbCOESO. Interesse e afinidade estão voltados para as seguintes áreas: corpo, relações de gênero, sexualidades, esporte e sociedade. Diretor esportivo do Lendários Esporte Clube, associação poliesportiva LGBTI+ da cidade do Rio de Janeiro.

Objetivos


  • Reconhecer os diversos marcadores sociais de identidade;

  • Valorizar e respeitar a diversidade existente na turma;

  • Identificar e refletir sobre os estereótipos idealizados pela sociedade;

  • Debater de forma crítica as manifestações estereotipadas hegemonicamente na sociedade;

  • Dramatizar em grupos situações cotidianas de forma contra hegemônica, propondo intervenções para a equidade das diversidades.

  • Identificar e refletir os estereótipos idealizados sobre si próprio.

Conteúdo

A sequência abordará uma visão de transformação qualitativa e de mudanças, considerando o constante movimento com a realidade e totalidade para a construção do conhecimento de modo a auxiliar na construção de um indivíduo inserido em sua sociedade. Serão tratados nas aulas temas como:

  • A segregação e a formação de guetos;

  • Estereótipos sociais prevalentes;

  • Rótulos e estereótipos.

Metodologia

Aula 1: A segregação e a formação de guetos.

No primeiro momento, será realizada uma dinâmica de segregação com os/as alunos/as para que identifiquem como a sociedade reforça essa prática: os/as alunos/as serão orientados a se dividirem conforme raça, gênero e composição corporal. Cada grupo formado receberá imagens que contenham cenas dessas segregações e deverão, posteriormente, organizar suas ideias sobre como veem e interpretam essas questões e expô-las para serem debatidas. Todos/as deverão, também, estabelecer relações com o tema orientação sexual. Atente-se por não incluir esse grupo no momento de segregação uma vez que alunos/as do Ensino Médio podem estar em um processo conturbado de vida mediante a transição para a vida adulta e esse tema pode vir a ser “invasivo” ao ponto que expõe certos/as alunos/as, geralmente aqueles/as não heterossexuais.

Ao término dessas problematizações, a dinâmica será repetida, entretanto os/as alunos/as não se dividirão mais de formas segregadas por estereótipos, mas sim conforme características físicas, como cor do cabelo, altura, etc., de modo que todos/as percebam que em algum momento compõem grupos completamente miscigenados no que tange a diversos aspectos.

 

Aula 2: Estereótipos sociais prevalentes

No primeiro momento, haverá uma exibição de quatro vídeos intrigantes, sendo um referente às relações de gênero, um às relações étnico-raciais, um à orientação sexual e por fim um referente aos padrões corporais de beleza física.

Posteriormente, serão mostradas algumas imagens que retratam as discriminações estabelecidas sob essas peculiaridades de forma a instigar os/as alunos/as a um debate crítico semiestruturado conforme o seguinte roteiro:

  • O que essa imagem lhe remete?

  • Ela te incomoda?

  • Por quê?

  • Existe um conflito?

  • Esse conflito gera um problema?

  • Em quê ele está estruturado?

  • Como podemos mudar essas situações?


* Demais que vierem a surgir. 

Aula 3: Estereótipos sociais prevalentes

Os/as alunos/as serão divididos/as em quatro grandes grupos, devendo organizar e dramatizar de forma contra hegemônica as situações relacionadas a algum dos quatro temas apresentados na aula anterior: relações de gênero, relações étnico-raciais, orientação sexual e padrões corporais de beleza física. A escolha do tema será livre para cada grupo.

Ao término das apresentações, será realizado um debate final de modo a levar os/as alunos/as a uma reflexão do porquê escolheram retratar tal tema e porquê esse tema desperta interesse no grupo.

Aula 4: Rótulos e estereótipos.

No primeiro momento os/as alunos/as irão realizar uma dinâmica em roda, onde a trilha sonora será a música “Ninguém é igual a ninguém”, de Milton Karam, que fala exatamente sobre a temática da aula a ser trabalhada. Após essa dinâmica, os/as alunos/as irão confeccionar para si duas placas: uma onde deverão escrever alguma característica física da qual gostariam de mudar e a outra uma qualidade que vá além da parte física em si. Essas placas não poderão ser mostradas e serão individuas. Enquanto estão sendo confeccionadas, músicas que debatem através de suas letras sobre o tema da aula estarão tocando com o propósito de inspirar os/as alunos/as, como por exemplo: “Toda forma de amor”, de Lulu Santos, “Black or White”, de Michael Jackson, e “Nossas diferenças”, do Elemento Reggae.

Em seguida, os/as alunos/as, divididos em grupos de 4 ou 5, irão, individualmente e por vez, parar de frente para o espelho. Será pedido para os demais de seu grupo que observem aquele/a aluno/a pelo espelho e escrevam, em uma nova placa, a primeira qualidade física que vem na cabeça deles sobre aquele/a aluno/a. Eles terão 30 segundos para isso. Logo depois será pedido para que aquele/a aluno/a mostre para todos/as, em seu grupo, a placa onde escreveu algo que gostaria de mudar em si fisicamente. Essa placa será substituída pela placa confeccionada pelos/as alunos/as em seu grupo.

Ainda sobre o/a mesmo/a aluno/a, será pedido para que tentem enxergar através da imagem refletida no espelho, uma qualidade além da fisionomia, podendo ser características do tipo: feliz, triste, sorridente, alegre, simpático, introspectivo e etc. Eles terão novamente 30 segundos, para anotar em uma nova placa. O/a aluno/a, a frente do espelho, irá mostrar a placa da qual escreveu sua qualidade, devendo mantê-la consigo. Isto será feito por todos/as os/as integrantes de cada grupo.

Ao final, haverá um debate reflexivo sobre até onde o espelho, ou seja, o que há por fora, pode mostrar o suficiente sobre aquela pessoa a ponto de ela receber um rótulo apenas por uma característica específica; e também que esta mesma dinâmica revela que em vez de treinarmos nossos olhos a procurar pelos defeitos, tentemos sempre enxergar primeiro as qualidades além do físico. O tempo que foi utilizado para que pudessem tecer as qualidades, também foi de importância pois muitos desses conceitos criados pelos outros, principalmente quando falamos de estereótipos, são feitos muito rapidamente, sem se preocupar em pensar mais sobre aquela pessoa, ou conhecê-la melhor, antes de julgá-la.

Após está reflexão, os/as alunos/as irão se dispor em duas fileiras, uma de frente para a outra, estando sempre em duplas. Com as placas feitas por todos/as os/as alunos/as sobre as qualidades físicas, eles irão desfilar, em duplas, em direção ao espelho, ao som da música “Diante de qualquer Nariz”, da banda Suricato. Depois, os/as alunos/as irão com as placas confeccionadas de qualidades além da fisionomia, ou seja, irão passar pelo corredor de alunos/as 2 vezes.

Após esta terceira dinâmica, o/a professor/a irá mostrar uma música da qual retrata seu descontentamento sobre estes rótulos dados pela sociedade (livre para escolher). Esta música servirá de inspiração para a tarefa a seguir.

A turma deverá escolher a melodia de uma música conhecida por todos/as e escrever um trecho/verso/refrão que retrate tudo que eles aprenderem e entenderam com a temática do bloco. No final, todos irão cantar juntos/as.

Recursos Necessários

Imagens, vídeos, música, papel A4, canetas, caixa de som, violão.

Duração Prevista

4 aulas de 50 minutos (200 minutos)

Processo Avaliativo

Técnicas de observação e análise das respostas, produções, reflexões e interações dos/pelos/entre alunos/as.

Referências Bibliográficas

ALTMANN, Helena. Orientação sexual nos Parâmetros Curriculares Nacionais. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 9, n. 2, p. 575-585, 2 sem. 2001.

BARRETO, Andreia; ARAÚJO, Leila; PEREIRA, Maria Elisabete. (Org.). Gênero e diversidade na escola: formação de professoras/es em gênero, orientação sexual e relações étnico-raciais - livro de conteúdo. Rio de Janeiro: CEPESC; Brasília: SPM, 2009.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília, DF: MEC/SEF, 1998.

COLETIVO DE AUTORES. Metodologia de ensino da educação física. São Paulo: Cortez, 1992.

DAOLIO, Jocimar. Da cultura do corpo. Campinas: Papirus Editora, 1994.

GOLDENBERG, Mirian. Gênero, "o Corpo" e "Imitação Prestigiosa" na Cultura Brasileira. Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 20, n. 3, p. 543-553, set. 2011.

GOLDENBERG, Mirian. O corpo como capital: para compreender a cultura brasileira. Arquivos em Movimento, Rio de Janeiro, v. 2, n. 2, p. 115-123, 2006.

GOMES, Nilma Lino. Trajetórias escolares, corpo negro e cabelo crespo: reprodução de estereótipos ou ressignificação cultural? Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 21, p. 40-51, dez. 2002.

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