Narrativas Negras e Carolina de Jesus no fortalecimento da igualdade de gênero

Estado: São Paulo (SP)

Etapa de Ensino: Ensino Fundamental I, Ensino Fundamental II

Modalidade: Educação de Jovens e Adultos

Disciplina: Artes, Língua Portuguesa

Formato: Presencial

A biblioteca Popular Paulo Freire surge junto com o coletivo Paulo Freire do ABCDMRR em defesa do título do Paulo Freire de Patrono da Educação e seu legado de Educação Popular. A inauguração oficial ocorreu em 14 de abril de 2018 com uma roda de conversa sobre “educação e cultura popular” em conjunto com educadores e educadoras populares do Grande ABCDMRR. A biblioteca popular tem uma método de trabalho que combina leitura de mundo com leitura da palavra, isto é, atividades de caráter de ação cultural e de leitura propriamente dita, em diálogo com a realidade cultural da comunidade e da cidade, para se apropriar e se mobilizar criticamente. Entre nossas atividades, se destacam: saraus temáticos que combinam a valorização de autores-militantes de diversos temas: educação popular; consciência negra; feminismo; movimento indigena; juventude; entre outros temas geradores, com atividades de cultura popular e periférica da região. A Biblioteca Popular Paulo Freire se organiza também em oficinas e coletivos culturais de leitura do mundo através de atividades de dança (break, coco), capoeira, música. Contamos também com parcerias com outros movimentos educativos e culturais da cidade: Sarau do tapete Mauá e Sarau na Quebrada Santo André; Faculdade de Mauá-FAMA; Pastoral da criança, Escola Pública Estadual do bairro; CRAS, entre outros movimentos periféricos e comunitários.

Objetivos


  • Estimular a percepção da invisibilidade das escritoras negras no Brasil;

  • Contribuir para a valorização das escritoras negras, obras e biografias de importantes personalidades;

  • Contribuir para diminuição das desigualdades nas relações de gênero e nas oportunidades de produção escrita e fala na sociedade, com ênfase no protagonismo da mulher negra;

  • Como forma de diálogo entre as disciplinas de língua portuguesa, artes e história trabalhando habilidades e competências para uma melhor compreensão do temas e dos conteúdos.

Conteúdo


  • Gêneros textuais (poema, cordel);

  • Literatura e reescrita;

  • Releitura da obra;

  • Valorização da cultura afrobrasileira;

  • Tradições orais e valorização da memória;

  • Mulheres negras escritoras;

  • Desigualdade de gênero;

  • Visibilidade e fortalecimento de narrativas oprimidas de mulheres negras.

Metodologia

Situação de Aprendizagem 1

RETRATOS DAS ESCRITORAS NEGRAS

Objetivo: Estimular a percepção da invisibilidade das escritoras negras no Brasil e permitir a reflexões sobre os caminhos necessários para a valorização das obras e biografias de importantes personalidades desconhecidas do grande público.

Metodologia: Propomos como ponto de partida do percurso formativo a realização de roda de conversa que suscite reflexões sobre o silenciamento histórico das mulheres em geral e da invisibilidade das escritoras negras especificamente.

Sinopse: Narrativas Negras
O livro Narrativas Negras conta a história de grandes mulheres negras brasileiras, com feitos ou pensamentos transformadores para a sociedade. Elas foram selecionadas a partir de pesquisas bibliográficas e qualitativas, as quais possibilitaram a seleção das personalidades para terem suas histórias narradas. Ao todo são 40 biografias ilustradas.

Desenvolvimento: Apresentaremos ao grupo o contato com as imagens do livro Narrativas Negras, com diversos retratos de escritoras negras.

Problematizaremos com o grupo as semelhanças entre as mulheres negras de seu cotidiano e as mulheres negras escritoras dos retratos com questões que podem seguir o seguinte roteiro:

  1. Vocês conhecem as mulheres que são retratadas nas fotos?

  2. Vocês conhecem mulheres parecidas com elas?

  3. Vocês conhecem mulheres negras escritoras?

  4. Você concorda que é raro ouvir falar de escritoras negras? O que te leva a pensar assim?

  5. Como é o dia a dia das mulheres negras que você conhece?

  6. Você acredita que a mulher negra possui as mesma oportunidades na vida comparada a outros grupos sociais? Por que isso acontece?

  7. Você conhece alguma iniciativa na sociedade estimule o desenvolvimento das mulheres negras? Quais?


A partir dos relatos apresentados no debate, iremos aprofundar a questão com dados que demonstrem a invisibilidade da mulher negra e solicitar sugestões do que pode ser feito para valorizar as importantes obras e biografias de mulheres negras que são desconhecidas do grande público.

Situação de Aprendizagem 2

VIDA E OBRA DAS AUTORAS NEGRAS

Objetivo: Aprofundar o conhecimento sobre as biografia das autoras, através da realização de pesquisa e troca de informações entre o grupo sobre a temática.

Metodologia: O segundo momento do percurso formativo propõe a realização de pesquisa biográfica das autoras e posterior apresentação individual sobre as informações apreendidas.

Desenvolvimento: Apresentaremos em folhas separadas retratos das escritoras negras com suas respectivas histórias e obras.

Após breve introdução sobre a história de vida e obras das escritoras negras, solicitaremos ao grupo que escolham individualmente uma das autoras e preparem apresentações para expor para a sala as informações obtidas.

Situação de Aprendizagem 3

CAROLINA DE JESUS EM QUADRINHO

Objetivo: Aprofundar o reconhecimento da obra e biografia de Carolina de Jesus.

Metodologia: Realização de leitura dramática da biografia em quadrinhos sobre a autora.

Desenvolvimento: Apresentaremos ao grupo o livro Biografia em quadrinhos, escrito por Sirlene Barbosa e ilustrado por João Pinheiro sobre Carolina de Jesus.

Solicitaremos ao grupo a realização de leitura dramática dos quadrinhos.

3.1 Jogo de Cartas "Kontaê” sobre 15 heroínas negras brasileiras.

O principal objetivo do jogo é divertir enquanto discute a representação e o protagonismo negro no período pós abolição do Brasil.

Nessa situação de aprendizagem o professor imprime as cartas com as heroínas negras e suas respectivas prosas, onde aluno tem de encontrar os pares certos de obra e a autora.

O professor explica: "Neste baralho existe a carta de sua heroína, uma carta que a descreve em Prosa (sua biografia) e uma outra que se refere a ela por meio de Versos (seus principais feitos em cordel). O objetivo é encontrar as 3 cartas relativas à personagem histórica de estudo: a de Heroína; a de Prosa e a de Verso. Assim que vocês afirmarem terem as três cartas, eu pedirei 'Kontaê!' E vocês mostrarão e lerão as 3 cartas para todos nós avaliarmos.

Site explicativo do jogo: https://sites.google.com/view/kontae/jogo?fbclid=IwAR3XiKkl50z4yd08h8xqU56BXSpwfDL1PgF_n2pTqz2XzkY3U3W9D4Wkvts

Situação de Aprendizagem 4

CINE CAROLINA DE JESUS

Objetivo: Dar continuidade ao processo de aprofundamento sobre Carolina de Jesus.

Metodologia: Exibição do documentário Carolina, dirigido por Jeferson De, seguido de roda de conversa.

Desenvolvimento: Realização de exibição do filme Carolina que narra a vida desta escritora negra e moradora de uma favela.

Após a exibição, pode ocorrer roda de conversa resgatando os momentos do filme que mais marcaram o grupo.

Sinopse: A produção deste curta foi viabilizada com patrocínio Petrobras. Carolina Maria de Jesus. Seu diário da favela é um sucesso em 1960. Teve seu livro publicado em mais de 40 países e traduzido para 13 idiomas. Apesar do reconhecimento, morreu esquecida e pobre.
Link para download: https://vimeo.com/174292663

Situação de aprendizagem 5

UM TEXTO DE CAROLINA DE JESUS

Objetivo: Apresentar elementos da obra literária de Carolina de Jesus.

Metodologia: Realização de leitura e interpretação de textos produzidos pela autora.

Quarto de Despejo - Sinopse: Diário de uma Favelada é um livro formado por 20 diários escritos entre 15 de julho de 1955 e 1 de janeiro de 1960 por Carolina Maria de Jesus. Ela nos mostra a dura realidade da favela, da fome, do racismo e da invisibilidade social com uma escrita verdadeira. Com uma linguagem simples e própria da sua identidade social, a autora nos apresenta sua luta cotidiana e como a escrita de seus diários foi uma forma de escapar de seus problemas e de fazer uma crítica social.

Link para Download: https://drive.google.com/file/d/1NXoFvioP2qgkAQ_NBqCoMX8q52KJrCjz/view?usp=sharing

Desenvolvimento: Leitura de um trecho da obra de Carolina de Jesus:
“Aniversário de minha filha Vera Eunice. Eu pretendia comprar um par de sapatos para ela. Mas o custo dos gêneros alimentícios nos impede a realização dos nossos desejos. Atualmente somos escravos do custo de vida. Eu achei um par de sapatos no lixo, lavei e remendei para ela calçar”.

Após leitura silenciosa, solicitação para que o grupo responda questões sobre o texto

  1. Quem são os personagens da história?

  2. O que a história quer dizer para nós?

  3. Como é o estilo de escrita da autora?

  4. Refaça o trecho da questão anterior a partir de uma história de sua vida.


Situação de Aprendizagem 6

DIÁRIOS DO ISOLAMENTO

Objetivo: Estimular a produção de textos que retratem a vida de mulheres negras.

Metodologia: Realização de entrevistas com mulheres negras, seguidas de elaboração de texto.

Desenvolvimento: Solicitar ao grupo a realização de entrevistas com mulheres negras e elaborarem um texto em formato que simule um diário inspirado no estilo de Carolina de Jesus, retratando situações, momentos de vida dessas mulheres.

Para finalizar, propor a realização de exposição em forma de varal de cordel das produções dos educandos para escola e para presentear as entrevistadas.

Recursos Necessários

Datashow ou tv, folha de papel sulfite, lápis, impressões, obras digitais, obras impressas.

Duração Prevista

Os encontros têm previsão de duração de uma aula de 50 minutos, sendo no total 6 encontros.

Processo Avaliativo

Avaliação ocorrerá a partir de observação contínua da participação e também de maneira formativa a partir das produções escritas e orais dos educandos. Como evidencia concreta e difusão uma apresentação do projeto dos diários para a escola e comunidade.

Observações

Enquanto Biblioteca Popular Paulo Freire temos o objetivo de organizar e disponibilizar materiais para trabalhos pedagógicos.

Referências Bibliográficas

Sirlene Barbosa e João Pinheiro. Carolina. São Paulo. Editora Veneta. 2016 (história em Quadrinhos)
Coletivo Narrativas Negras. Narrativas Negras – Biografias ilustradas de mulheres pretas brasileiras. Editora Voo. 2020.

Exposição online heroínas negras e indígenas do Brasil. Disponível em : https://www12.senado.leg.br/institucional/responsabilidade social/equidade/pages/pdfs/ExposicaoHeroinascomMoldura2.pdf

Link do cordel de Carolina de Jesus https://www.youtube.com/watch?v=dacXIphDRnA&ab_channel=Bibliotec%C3%A1riasAntenadas

Trecho
https://www.youtube.com/watch?v=yEr_Ep7_a58&ab_channel=BibliotecaJosu%C3%A9Guimar%C3%A3es-BPMJG]

JESUS, C. M. de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. 9. ed. São Paulo: Livraria Francisco Alves, 1963. (Edição Popular).
Link: https://drive.google.com/file/d/1NXoFvioP2qgkAQ_NBqCoMX8q52KJrCjz/view?usp=sharing
Sugestões de subsídios pedagógicos para o professor:

ARRAES, Jarid. Heroínas Negras Brasileiras em 15 Cordéis. 1. ed. - São Paulo: Pólen, 2017.

COSTA, Madu Meninas Negras. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2006. Tempos de Luta. Link para baixar: https://drive.google.com/file/d/1WB00S0DRyPnuB3neE_Pic9T-nHMpW5ov/view?usp=drivesdk
Meninas negras", é trabalhar a identidade afrodescendente na imaginação infantil. E é justamente à imaginação que esses livros falam a partir de uma composição sensível, de textos curtos e poéticos, associados a belas ilustrações. Modo lúdico de reforçar a autoestima da criança a partir da valorização de seus antepassados, de sua cultura e de sua cor.

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