LGBTQIA+: uma sigla que inclui a todos

Estado: Ceará (CE)

Etapa de Ensino: Ensino Médio

Modalidade: Educação de Jovens e Adultos, Educação Profissional Tecnológica

Disciplina: História, Sociologia

Formato: Presencial

Mestrando em Ensino de História pela Universidade Federal do Ceará, graduado em História pela Universidade Estadual do Ceará (2012). Com experiência na área de História, Cultura e Diversidade, com ênfase em Ludicidade e Ensino, principalmente nos temas: economia política, sociedade e cultura; arte-educação; educação histórica; negritude, branquitude e direitos humanos. Também desenvolve trabalhos artísticos em múltiplas linguagens. Atualmente ocupa o cargo de Professor Pleno pela Secretaria de Educação do Governo do Estado do Ceará.

Objetivos

A proposta desta sequência didática tem por objetivo preencher lacunas presentes nos materiais didáticos do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), em especial, na disciplina de História, pois das 13 coleções aprovadas pelo PNLD 2018, apenas três propõem estruturar as aulas partido da realidade das/dos estudantes. O que se busca é desvelar o racismo estrutural, os pré-conceitos de gênero, debater a negritude, reconhecer os privilégios da branquitude, perceber o racismo e o patriarcalismo internalizado nos discursos e nas práticas cotidianas.

Durante as aulas se tenciona apoiar políticas educacionais afirmativas, ler autores negros, ler autoras negras, questionar a cultura que se consome, conhecer desejos e afetos, combater a violência racial, combater a violência sexual, compreender que todos se guiam por uma ideologia, estudar sobre políticas de exclusão e de inclusão, perceber lugares de fala, perceber quem perde e quem ganha quando uma orientação política de base excludente adquire o monopólio estatal da violência.

Buscando debater tais temas em sala de aula, seja presencial híbrido ou remoto, compreende-se, aqui, a meritocracia como um mal público mas não é único, pois questões como o feminicídio, a homofobia, a transfobia, o machismo, o genocídio negro e indígena no Brasil, apontam para uma carência da educação em direitos humanos, que só será corrigida quando a sociedade aprender que a maior lição de inclusão vem da sigla LGBTQIA+.

Conteúdo


  • Pré-História e Revolução Neolítica

  • Revolução Industrial

  • Colonialismo e Neocolonialismo

  • Trabalho e Migrações no Brasil

  • Raça, gênero e regimes totalitários

  • Racismo e etnocentrismo

  • Branquitude e Negritude

  • Patriarcalismo e homogeneidade

  • Identidade e Diversidade

  • Gênero e Afetividade

  • Ações afirmativas e meritocracia

  • Cidadania e Direitos Humanos

Metodologia

A metodologia consiste em uma sequência de aulas do conteúdo curricular, cujo o liame subjetivo não é focado prioritariamente na ótica do poder dominante. Procura-se, em cada conteúdo apresentado, contextualizar a História de cada tema sob uma lógica decolonial de desconstrução dos saberes buscando identificar descontinuidade e permanências de discursos reducionistas e preconceituosos dentro das narrativas que alicerçam o senso comum. Para tanto, lançando mãos de aulas construídas em dois momentos. Primeiramente apresentando os conteúdos, em seguida, lançando para as/os estudantes duas questões para serem respondidas em grupo: esse conteúdo serve para quê? Esse conteúdo também fala de você?

Recursos Necessários

Computador, projetor e caixas de som, materiais impressos com conteúdos, além de papel e caneta para tod@s (no caso de aula presencial). E, computador com acesso a internet (em caso de aula remota).

Duração Prevista

Seis encontros de 50min. Ou três encontros de 140min (aulas geminadas).

Processo Avaliativo

Produção de memes ou charges a partir dos conteúdos das aulas e, posteriormente, utilizar essa produção na composição de uma avaliação com questões de múltipla escolha. Para que as/os estudantes vejam na provas a própria produção a cerca do conhecimento. Em avaliações escolares o aspecto qualitativo ainda é associado, sobremaneira, com respostas dissertativas e o viés quantitativo a testes com questões de múltipla escolha. Entretanto, de que maneira seria possível avaliar esses conhecimentos a priori em provas objetivas? Ao escolher um item, em uma questão múltipla escolha, o estudante já não estaria mobilizando sua consciência histórica e expondo sua orientação? Não se trata de minimizar a importância de questões “abertas”, mas e quando essas questões ficam “em branco”? Será que o estudante não possui, especialmente no Ensino Médio, nenhum posicionamento sobre determinado a assunto? Claro que uma questão não respondida também remete a outros problemas no contexto da educação, porém, se sobre o mesmo assunto fossem apresentadas alternativas? E, o que o simples ato de marcar um item pode revelar sobre as operações mentais e sobre a visão de mundo respondente?

Observações

O programa didático aqui propostos foi executado em 2019 em duas escolas públicas das rede Estadual do Ceará. E esse ano (2020) foi adaptado para o Ensino Remoto e aplicado com igual nível de viabilidade e participação.

Referências Bibliográficas

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