Identidade: quem sou eu? Quem somos nós.
Estado: Bahia (BA)
Etapa de Ensino: Ensino Fundamental II
Modalidade: Educação de Jovens e Adultos
Disciplina: História, Língua Portuguesa
Formato: Presencial
Professor e pesquisador na área das questões raciais e de gênero. Mestre em Letras - Mestrado Profissional – ProfLetras (UFBA), Especialista em Estudos Étnicos e Raciais (IFBA), Licenciado em Letras (UNIJORGE), Licenciado em Pedagogia pela UBA. Professor de Língua Portuguesa e Redação, da Rede Pública Municipal de Educação de Dias d’Ávila e também na Rede Privada em Salvador. Atua na Educação Básica há mais de 10 anos.
Objetivos
Refletir, a partir da leitura do conto “Maria”, de Conceição Evaristo, e do vídeo Vida Maria, a construção da identidade, o processo de exclusão da população negra e da representação e lugar da mulher preta na sociedade brasileira ao longo da história.
ESPECÍFICOS:
- Perceber a educação como forma de transformação social;
- Conhecer a escritora Conceição Evaristo e sua importância na Literatura;
- Reconhecer a importância de vozes pretas na literatura e em outros espaços na construção da identidade;
- Relacionar a obra de Conceição Evaristo com o vídeo Vida Maria por meio do diálogo;
- Inferir tipos de variedades linguísticas presentes no vídeo;
- Discutir as questões interseccionais: raça, gênero e classe, presentes no poema e no vídeo e o papel da mulher nesse processo;
- Produzir texto escrito ou audiovisual.
Conteúdo
- Leitura do conto “Maria”, de Conceição Evaristo;
- Exibição do vídeo Vida Maria;
- Variação linguística
- Gêneros textuais;
Metodologia
Em aulas anteriores, a discussão de gênero na EJA torna-se essencial ao se falar de raça. Por exemplo:
- Quem ocupa os cargos mais altos? Ou Quem ganha mais?;
- Por que o homem branco e hétero ganha mais?;
Essas são algumas questões que podem ser realizadas no decorrer da explanação da questão racial e de gênero. Indicamos, como referência: PISCITELLI, Adriana. Gênero: a história de um conceito. In: ALMEIDA, H. B.; SZWAKO, J. E. (Org.). Diferenças, igualdade. São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2009. p. 118-146.
Além disso, outro ponto a ser evidenciado é que a professora já tenha trabalhado variação linguística.
AULAS 1 e 2 - Conhecendo a escritora Conceição Evaristo
Iniciar a aula, em roda de conversas, discutindo o conceito de identidade, sobre a importância de se conhecer e de entender quem somos a partir das relações de raça, gênero e classe. Pergunte para a turma se conhecem ou já ouviram falar do termo “Interseccionalidade”. Discuta o conceito, relacionando com as vivências de jovens e adultos que estão na EJA e como as dimensões de raça, gênero, sexualidade e classe perpassam o cotidiano de estudantes desta modalidade de ensino.
Após a discussão sobre identidade, apresentar a autora Conceição Evaristo e a leitura coletiva do conto “Maria”, disponível no livro Olhos d'água da escritora. Após a leitura, forme uma roda de conversa para discutirem sobre o conto, tendo como ponto de partida a reflexão sobre o que o conteúdo teria em comum com a vida de cada estudante. Pergunte para a turma se conhecem ou já ouviram alguma história similar à de Maria. Caso positivo: solicite que descrevam. Sugestão: questione com estudantes em roda se esses casos e histórias acontecem com pessoas de classes distintas e privilegiadas: mulheres brancas, por exemplo.
Solicitar que cada estudante escreva o sentimento sobre o conto.Durante a escrita, o professor pode auxiliar alunes que, porventura, tenham dúvidas com palavras, pontuação ou a estrutura do parágrafo.A aula será finalizada com a leitura da escrita de cada estudante, proporcionando um momento de compartilhamento de sentimentos. Durante a fala/exposição dos alunes, anote falas da turma, pois essas impressões serão retomadas na próxima aula.
AULA 3 e 4 - Reconhecendo a importância das vozes pretas na Literatura
Retomar o conto Maria, contudo, antes, o docente deve retomar a questão dos sentimentos expostos na última aula, em rodas de conversas:
- Por que Maria trabalhava em casa de família?
- Por que ela estava feliz com o que levava para casa?
- Será que Maria estava naquele trabalho por falta de estudo?
- Qual a cor de Maria?
Esse momento é o fio condutor para assistir ao vídeo e fazer as inferências, uso da discursividade. Logo depois, exibir o vídeo “Vida Maria” e, em seguida, abrir a roda de conversa com perguntas como, por exemplo:
- Qual o sentimento sobre o vídeo?
- Você conhece alguém que teve uma Vida Maria?
- O que é necessário para mudar essa vida?
- Qual a importância da educação escolar?
- O que há de similaridade e diferença entre o vídeo e o conto?
- Que tipo de variação linguística está presente?
Lembrando que essas são algumas perguntas norteadoras para continuação da aula. Sendo assim, a docente poderá ampliar os questionamentos. Identificar no vídeo a questão de gênero é fundamental:
- Por que Maria era obediente ao pai? Depois ao marido?
- Qual a função dos homens?
- Hoje, as mulheres continuam da mesma forma que as do vídeo?
- Será que Maria (do conto) é a mesma Maria do vídeo?
O professor ouvirá se as respostas são coerentes, fazendo sempre a mediação da roda de conversas. Depois, elucidar sobre a importância da educação escolar formal na vida das pessoas, principalmente da população negra – trazendo dados sobre a ausência de ocupação das pessoas negras em cargos de chefia, como também no executivo, no legislativo e no judiciário e em grandes empresas. Levante hipóteses do por que os cargos de chefia ainda são ocupados por uma pequena parcela dessa população. Aqui se pode enfatizar o direito à saúde pública, à moradia, por exemplo, que ainda são ofertadas de maneira insatisfatória e que não chega a todos.
- A identidade das Marias e dos homens presentes no vídeo e no conto são parecidas com as nossas? Se sim, em qual aspecto? Caso contrário, por que não?
Ao final da aula, estudantes deverão compartilhar histórias de pessoas pretas que lutaram contra as barreiras do machismo, racismo, assim como elas/es/us que estão dentro de um espaço de educação formal: a escola.
AULA 5 e 6 - Produzindo um conto
Como proposta, os estudantes poderão escrever um conto respondendo às seguintes perguntas: Como reafirmar a nossa identidade? Qual a importância da educação escolar para nós, população pobre, excluída e negra? Como combater o racismo e a discriminação de gênero?
Ainda como proposta, o aluno pode ser o autor da própria história: produção de um conto a partir das vivências e experiências sobre como a educação é ou pode ser um fator de ascensão social na vida de cada pessoa e como ela é uma ferramenta na luta contra o racismo, sexismo, machismo e outras formas de opressão e exclusão.
Nessas aulas, o professor deverá retomar a estrutura do conto, mediar a produção, sanar dúvidas da escrita, caso surjam e enfatizar a importância do rascunho e depois solicitar a reescrita para que, na aula de confraternização, os trabalhos sejam socializados.
Sugestão para aula 7: fazer um café coletivo de forma que cada discente contribua com algo, para compor o que será chamado de Roda Literária de Apreciação dos Trabalhos.
AULA 7
Socialização das produções (contos) com o Café e a Roda Literária de Apreciação dos Trabalhos. De maneira informal, a apreciação se dará durante uma roda de leitura dos contos para turma e, caso tenha, convidades – como uma forma de demonstrar e fortalecer o protagonismo da autoria de cada discente e dos seus textos.
Sugestão: caso os alunos se sintam confortáveis, outras turmas poderão também apreciar os trabalhos.
Recursos Necessários
- Xerox do conto “Maria”, de Conceição Evaristo
- Folha A4
- Caderno
- Lápis
- Caneta
- Borracha
- Lápis de cor
- Celular
- Sala de vídeo
Duração Prevista
Processo Avaliativo
- O aluno deverá elaborar os textos solicitados ao final de cada encontro, conforme planejamento;
- Participar das discussões: opinando ou relatando acontecimentos similares ou noticiados nos meios de comunicação (televisão, rádio, redes sociais...)
Instrumentos de avaliação: observação, análise das produções com base na temática proposta e nas discussões feitas durante as rodas de conversas.
Observações
EVARISTO, Conceição. Olhos d’água. Rio de Janeiro: Pallas, 2016.
BRASIL. Lei n. 10.639/03, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm. Acesso em: 2 dez. 2021.
PISCITELLI, Adriana. Gênero: a história de um conceito. In: ALMEIDA, H. B.; SZWAKO, J. E. (Org.). Diferenças, igualdade. São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2009. p. 118-146.
VIDA MARIA. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=yFpoG_htum4. Acesso em: 07 nov. 2021.
Referências Bibliográficas
O docente pode solicitar que o estudante pesquise história de pessoas que frequentaram a EJA para falar sobre a importância do estudo.