Capoeira é pra homem… criança, mulher e LGBTQIA+

Estado: Rio de Janeiro (RJ)

Etapa de Ensino: Educação Infantil - Pré-Escola, Ensino Fundamental I, Ensino Fundamental II, Ensino Médio

Modalidade: Educação de Jovens e Adultos, Educação Regular

Disciplina: Educação Física

Formato: Híbrido

Professor da rede pública de ensino desde 2008. Atua com Educação Física na Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro desde 2010. Realizou trabalhos na SUDERJ (com Capoeira, 2001-2003), na rede estadual de ensino (SEEDUC-RJ, 2008-2011), e como professor substituto do Departamento de Lutas da EEFD-UFRJ, no setor Capoeira (2019-2020). Praticante de Capoeira desde 1996, treinel de Capoeira Angola. Mestrado em Relações Etnicorraciais (CEFET-RJ, 2013); Especialização em História da África e da Diáspora Africana no Brasil (FIS, 2010) e em Gênero e Sexualidade (UERJ, 2011); Licenciatura Plena (2006) e Bacharelado (2003) em Educação Física, ambas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pesquisa entre outros temas: educação, racismo e relações étnico-raciais, de gênero e de sexualidade, Capoeira, cultura e diversidade cultural, tradições populares, escola, Educação Física, colonialidade, diversidade epistêmica, racismo acadêmico.

Objetivos


  • Conhecer e problematizar, através de personalidades da capoeira, as desigualdades de gênero, a diversidade sexual, assim como as relações étnico-raciais;

  • Reconhecer e valorizar pessoas da capoeira que viveram e vivem as diversas discriminações e ameaças geradas por essas desigualdades.

Conteúdo


  • Personalidades históricas da capoeira

  • Mulheres na capoeira

  • LGBTQIA+ na capoeira

  • Racismo, discriminação e preconceito

  • Desigualdades de gênero e diversidade sexual

  • Criação de cantos empoderadores

Metodologia

1º Momento


Depois de previamente recolher e avaliar o conhecimento que a turma possui acerca da capoeira, questionar o perfil do senso comum em torno do tipo estereotipado de uma pessoa praticante de capoeira – um tipo atlético e excessivamente masculinizado, mesmo considerando o corpo das mulheres. Um corpo forte, musculoso, rápido, ágil, competitivo e violento.

 

2º Momento


Após isso, inserir o tema das violências estruturais (como a discriminação racial, e a violência direcionada a mulheres e LGBTQIA+), como as hierarquias de poder relacionadas a essas violências, que também são comumente reproduzidas na capoeira.

 

3º Momento


Em seguida, relacionar os estereótipos e as violências num sistema de exclusão social, que marginaliza e mata pessoas pela cor da pele, por serem mulheres e por terem orientações sexuais diversas da heteronormatividade.

 

4º Momento


Exemplificar com histórias de praticantes que possam demonstrar como essa exclusão e essas violências acontecem ou aconteceram:

  • Madame Satã

  • Maria 12 homens

  • Puma Camilê

  • Rainha Nzinga Mbandi

  • Mestra Cigana

  • Maria Felipa


 

5º Momento


Exemplificar o racismo, o machismo e a LGBTQIA+fobia com cantos tradicionais da capoeira.

 

6º Momento


Criar cantos que possam neutralizar e combater essas violências enraizadas na capoeira, coletivamente com a turma.

Recursos Necessários


  • Livro construído com fotos e gravuras dessas personalidades

  • Música de capoeira (preferencialmente através de instrumentos ao vivo)

  • Vídeos sobre o tema e as personalidades

Duração Prevista

Cada item enumerado pode durar dois tempos de aula (ou mais), conforme o desenvolvimento dos encontros. O último pode durar mais tempo, já que se trata de um processo criativo e reflexivo em torno do tema.

Processo Avaliativo

A avaliação será processual, especialmente pela observação da turma, que demonstrará ao longo dos encontros a compreensão alcançada em torno do tema.

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Vídeos:

Filme: Mulheres da pá virada

Lives do projeto “Outra roda é possível”, do coletivo Marias Felipas

Live: Roda de Debates 11 (UFPI/UNILAB)

Live: Capoeira, ancestralidade e gênero (FORPOP-UFBA)

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