Apaoká: mulheres negras nas aulas de história

Estado: Bahia (BA)

Etapa de Ensino: Ensino Médio

Modalidade: Educação de Jovens e Adultos, Educação Regular

Disciplina: História

Formato: Híbrido

Graduanda em licenciatura em história pela UFBA, fez parte dos projetos PIBID e Residência Pedagógica, onde começou a desenvolver o método Apaoká, que leva mulheres negras para as aulas de história junto com o conteúdo ministrado durante as unidades. A intenção é debater gênero, raça e classe com as/os escolares para que esses possam ajudar a formar uma sociedade mais igualitária. Também integro o grupo de pesquisa Milonga, que realizou pesquisa sobre o CEAO e uma ACCS para a UFBA chamada “Lugares de memória do povo negro”. Trabalha na na construção do método Apaoká e sua divulgação para que ajude a manter a história das ancestrais negras vivas nas nossas memórias de forma positiva.

Objetivos

O objetivo é levar mulheres negras que fizeram parte da história e não estão ou são desvalorizadas nos livros didáticos. Relacionar essas mulheres com conteúdos do cotidiano das aulas de história, mostrar suas ações naquele momento histórico e sua importância para resistência e conquista de direitos. Assim, nessas aulas, debater questões de gênero, raça e classe para que as/os estudantes compreendam melhor essas opressões e tenham exemplos de luta contra racismo, machismo e outras segregações. Buscar o protagonismo desses escolares nas aulas com produções e debates.

Conteúdo


  1. Península Ibérica - Falar da resistência no continente africano com a Rainha Njinga.

  2. Ações dos bandeirantes - Quilombo dos Palmares - Dandara e Zumbi dos Palmares.

  3. As resistências indígenas e negras - Quilombo de Quariterê com a liderança de Tereza de Benguela.

  4. Independência do Brasil - Independência da Bahia - Maria Felipa e a participação das negras e negros contra os portugueses na Bahia.

  5. Primeiro Reinado - Luta pela liberdade em 1826 no Quilombo do Orubu liderado por Zeferina. Quilombo do Orubu foi criado com a ajuda dos Indígenas Tupinambás na Bahia.

  6. Abolição da escravidão - Maria Firmina dos Reis e seus escritos pelo fim a da escravidão. O protagonismo da população negra para conquista de sua liberdade.

Metodologia

Apresentar ao menos duas mulheres negras por unidade do segundo ano do Ensino Médio. Usar imagens que ilustram essas pessoas de forma positiva, debater com as/os estudantes por quais razões elas estão ou não nos livros didáticos. Ligar as trajetórias dessas mulheres negras aos conteúdos ministrados para que as/os estudantes entendam que elas fazem parte daquele processo histórico e que essas aulas não fazem parte de um projeto deslocado da programação. Debater questões de gênero e raça, questionar como as lideranças femininas negras são tratadas.

I unidade - Debate em sala sobre a liderança de mulheres negras contra a escravização.
Escuta da fala das/dos estudantes.


I unidade - Pesquisar em grupo sobre outras resistências no continente africano.
Apresentação para a turma.


II unidade - Debater a importância da união dos povos indígenas e negros contra a escravidão. Escuta da fala das/dos estudantes.

II unidade - Quais quilombos e aldeias ainda resistem até hoje? E quais tem entre as suas lideranças mulheres? Pesquisa escrita ou apresentação em sala.


III unidade - Debate em sala quais outras mulheres negras lutaram pelo fim da escravização? E por que elas não são tão valorizadas quanto os abolicionistas brancos? Escuta da fala das/dos estudantes.

III unidade - Leitura de um trecho do livro Úrsula ou de outros livros/textos produzidos por mulheres negras. Ler e produzir algo que simbolize os sentimentos após a leitura. Exemplos: Poesia; música; desenho; dança.

Recursos Necessários

Datashow e livro didático.

Duração Prevista

Cada aula tem duração estimada em 50 minutos.

São duas aulas para cada unidade de ensino.

Processo Avaliativo

Participação nas atividades e materiais produzidos ao longo das aulas.

Referências Bibliográficas

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AKOTIRENE, Carla. Interseccionalidade. São Paulo, SP: Sueli Carneiro; Pólen, 2019. 152p.. Ensinando a transgredir: a educação como prática de liberdade. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2013. Linguagem: ensinar novas paisagens/novas linguagens. Estudos Feministas.
Florianópolis, 16(3): 424, setembro-dezembro/2008.


CARNEIRO, Aparecida Sueli; FISCHMANN, Roseli. A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.


CARNEIRO, Sueli. Mulheres em Movimento. Estudos Avançados 17 (49) 2003. DAVIS, Angela. Atravessando o Tempo e Construindo o Futuro da Luta Contra o
Racismo. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=h_t_2ExQyV8. Acesso em: 05 jul. 2020.


DAVIS, Angela. Mulheres, Cultura e Política. São Paulo, Boitempo, 2017. Publicado original.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005, 42.a edição.


GOMES, Nilma Lino. O Movimento Negro educador: saberes construídos nas lutas por emancipação. Petrópolis: RJ, Vozes, 2017.


Um olhar além das fronteiras: educação e relações raciais. Rio de Janeiro, Autêntica: 2007.

GONZALEZ, Lélia. Por um feminismo Afro-latino-Americano, 1988b. Disponível em:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/271077/mod_resource/content/1/Por%20um%20fem
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TROUILLOT, Michel-Rolph. Silenciando o passado: poder e produção da história.

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