Interdisciplinaridade e valorização da diversidade

Estado: São Paulo (SP)

Etapa de Ensino: Ensino Fundamental II

Modalidade:

Disciplina: Artes, Biologia, História, Língua Portuguesa

Formato: Híbrido

Formada em Pedagogia (2007) pela UFSCar. Mestre (2010) e Doutora (2014) em Educação pela UFSCar. Atuou como docente das séries iniciais e formadora de professores da educação básica no curso de Aperfeiçoamento em Educação para as Relações Étnico-Raciais. Atualmente está como coordenadora pedagógica na rede municipal de Ribeirão Preto.

Objetivos

Objetivo geral: articular as questões de gênero e raça a diferentes áreas dos componentes curriculares como possibilidade de respeito às diferenças e valorização da diversidade.

Objetivos específicos:

  • Compreender os conceitos de gênero e raça, dentre outros que perpassam as desigualdades de gênero, raça e classe;

  • Reconhecer as diferenças de raça, gênero, classe, idade, cultura e religiosidade como possibilidade de aprendizagem;

  • Compreender que as diferenças de gênero, raça, classe e cultura não podem ser razões de desigualdades;

  • Desenvolver o autoconhecimento e autocuidado a partir do diálogo entre os diferentes;

  • Promover a empatia para o convívio respeitoso entre todas as pessoas e a cooperação para a resolução de conflitos;

  • Estabelecer relações mais igualitárias para o respeito às diferenças;

  • Valorizar as diferentes formas de ser e estar no mundo e com os outros.

Conteúdo

Conceitos como: gênero, raça, preconceito, discriminação e equidade.

Diferentes gêneros textuais que versem sobre o papel das mulheres negras, indígenas e brancas na literatura, na arte, na ciência e na história da sociedade brasileira.

Dados estatísticos e informações que retratem as desigualdades sociais e raciais entre negros, indígenas e brancos na sociedade brasileira.

Metodologia

O projeto será desenvolvido ao longo do ano, partindo dos conhecimentos que o alunado já possui e com a articulação central entre os componentes curriculares de Língua Portuguesa, Ciências, História e Arte, mas não significa que professoras(es) de outros componentes estejam fora da proposta. As temáticas serão desenvolvidas concomitantemente nas diferentes áreas e sempre que possível articulando o mesmo texto, filme ou música proposta.

Por exemplo, a história de Dandara será trabalhada em Língua Portuguesa, versando sobre o conteúdo específico, pensando narrativa, gramática, reescrita; dialogando sobre o papel desta mulher na sua época e das mulheres atualmente, indagando e refletindo sobre o ser mulher negra, indígena e branca em nossa sociedade. Em História será feito o resgate histórico, como as pessoas daquele contexto viviam, como as mulheres eram tratadas, o que mudou de um contexto para o outro, quais foram os avanços. Em Ciências, os conceitos de gênero e raça, dentre outros serão trabalhados de forma dialogada e reflexiva por meio de pesquisas e debates. Na aula de Arte, será o momento do alunado expressar em desenhos livres, musicais, peças teatrais o que foi aprendido, sentido e vivenciado por meio da leitura, diálogo e descoberta de novos saberes.

Quinzenalmente o professorado se reunirá para planejar qual ou quais materiais serão trabalhados sempre pensando a articulação entre gênero e raça, portanto apresentando ao alunado personagens de diferentes etnias da nossa história, dados atuais sobre as desigualdades de gênero e raça em nossa sociedade. Será criado um grupo mensal de mulheres com as alunas que queiram para estudo e debate sobre temas que atingem diretamente as mulheres, como a violência. Este grupo terá como intuito o fortalecimento das alunas para a prevenção de violência. Além disso, será criado um jornal que mensalmente fará destaque a uma ou um personagem negra(o), indígena da nossa história. Também será realizada assembleia mensal com as turmas envolvidas no projeto para avaliar os temas estudados e debatidos, dificuldades encontradas e resultados.

Recursos Necessários

Livros da literatura clássica, textos e artigos científicos, filmes, músicas, rádio, data show, papel sulfite, computador, impressora, TV, internet.

Duração Prevista

A proposta será desenvolvida ao longo do ano, com aulas temáticas mensais, mais atividades específicas (grupo de mulheres, assembleia e jornal) também mensais.

Processo Avaliativo

O processo de avaliação será constante observando o envolvimento da turma e o seu desenvolvimento nos aspectos da aprendizagem linguística, estética e intercultural. Também será realizada bimestralmente uma autoavaliação na qual cada aluna(o) medirá o seu envolvimento com a proposta e no que participar do projeto a(o) ajudou.

Observações

Coloco aqui a justificativa para pensar uma proposta de trabalho com o alunado que verse sobre gênero e raça. Ao considerarmos as competências gerais propostas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), não podemos deixar de vislumbrar a formação do sujeito em sua completude, ou seja, é preciso olhar para os diferentes sujeitos, mulheres e homens nas suas especificidades. Como indicam autores como Gusmão (1999), Freire (1996), Mead (2010), nos formamos na relação com o outro e ao vivermos em sociedade precisamos também aprender a conviver com este outro diferente do que sou e do que penso.

Dentre as competências gerais a serem desenvolvidas ao longo da educação básica estão: autoconhecimento e autocuidado, empatia e cooperação, e autonomia. Estas competências dizem respeito tanto a constituição do sujeito quanto indivíduo quanto a sua relação com outros sujeitos que trazem consigo uma história e cultura que precisa ser respeitada e valorizada. Neste sentido, a escola como espaço de formação que visa o desenvolvimento integral do sujeito, como cidadãos críticos, criativos, participativos, autônomos, e responsáveis, deve possibilitar o diálogo sobre as diferenças raciais, de gênero, de classe, entre outras; assim como propiciar um ambiente de respeito às diferenças e de convívio respeitoso entre todas as pessoas.

Portanto, a articulação de diferentes componentes curriculares possibilita não só o diálogo e a continuidade das temáticas a serem desenvolvidas, mas também proporcionam a interdisciplinaridade e uma sequência de ações que podem contribuir não só para o conhecimento acadêmico, mas também para o autoconhecimento, o respeito às diferentes e a valorização da diversidade.

Referências Bibliográficas

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Educação é a Base. Brasília, MEC/CONSED/UNDIME, 2017.

_____. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino De História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília. DF. Outubro de 2004.

____. [Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996)] LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação: (Lei 9.394/96) e legislação correlata / Coordenação André Arruda. – Rio de Janeiro: Roma Victor, 2004.

_______. Retrato das desigualdades de gênero e raça / Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada... [et al.] - 4ª Ed. - Brasilia: Ipea, 2011, 39p. : il. Consulta: 20/12/2013. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/retrato/pdf/revista.pdf

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996 (Coleção Leitura).

GUSMÃO, Neusa M. M. de. Linguagem, cultura e alteridade: imagens do outro. Cadernos de Pesquisa, nº107, p.41-78, julo/1999.

MEAD, George H. Espíritu, persona y sociedad – desde el punto de vista del conductivismo social. Paidós. España. 4ª impressión, diciembre de 2010.

MUNANGA, Kabenguele; GOMES Nilma L. O negro no Brasil de hoje. São Paulo: Global, 2006. - (Coleção para entender).

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