Carta aberta em defesa dos educadores e educadoras de Goiás

Carta aberta, assinada pelas entidades da Articulação e outras, denuncia que o estado tem sido vitrine da violência e da perseguição contra docentes. Utilizando a imagem de professores, deputados têm utilizado as redes sociais como um espaço para lucrar politicamente

A Articulação contra o Ultraconservadorismo na Educação e as associações, organizações, coletivos, sindicatos e mandatos abaixo assinados vêm por meio desta carta manifestar profunda preocupação com o que tem sido feito aos educadores e educadoras de Goiás em decorrência da ampla e sistemática  perseguição contra a categoria protagonizada pelo deputado Gustavo Gayer. As ações desta figura e suas consequências não deveriam ter lugar em um sistema educacional que realmente busca cumprir o direito fundamental à educação. 

A perseguição contra educadoras e educadores adoece uma sociedade inteira. Companheiros/as professores/as de Goiás têm relatado adoecimento psicológico, insegurança, medo, autocensura e abandono da profissão. Temos recebido repetidos relatos de demissões de professores desse estado, muito mais do que os que eventualmente chegam aos jornais e mobilizam a opinião pública. A todas e a todos que ficaram, justamente, horrorizados com o caso da professora de artes demitida por um motivo esdrúxulo diante desse contexto de perseguição, é preciso dizermos e divulgarmos: essa é a rotina de educadores/as do estado de Goiás! Para cada caso que  ganha publicidade, há muitos outros que são normalizados e que geram capital político ao referido deputado, autor das perseguições e dos assédios que censuram a educação.

Goiás tem se tornado a vitrine do que uma figura política pode fazer contra as liberdades de aprender e de ensinar uma vez que valores antidemocráticos começaram a usar a educação para se espalhar. Essas práticas persecutórias contra educadores/as também têm se dado em vários outros estados do país, como Santa Catarina, Paraná e São Paulo. É urgente que as instituições se manifestem em defesa de seus profissionais.  

Destacamos que as teses do “escola sem partido” e similares, que nos últimos anos aprovaram diversas leis de censura a questões de gênero  na educação, foram sumariamente desmontadas no Superior Tribunal Federal. Ficou garantido que educadoras e educadores têm liberdade de expressão no exercício do seu ofício, porque esta liberdade é condição para que o direito à educação se faça presente. As liberdades de aprender e de ensinar são condições uma da outra. O Superior Tribunal Federal entendeu a gravidade da situação que se apresentava e buscou impedir que a perseguição por via do legislativo continuasse.  A situação que se passa em Goiás é, portanto, uma provocação indevida e antidemocrática, que visa questionar decisões sólidas recentes do STF.

Nós manifestamos aqui toda nossa solidariedade e apoio aos educadores/as que têm sofrido perseguição pelo simples exercício da sua função, especialmente as companheiras e companheiros de Goiás. O que se passa nesse estado é uma manipulação da atenção capturada nas redes sociais para a perseguição de professores/as, e a sociedade brasileira está sendo obrigada a reconhecer o potencial violento muito real e concreto que o direcionamento dessa atenção tem. 

ASSINAM ESTA CARTA

Articulação contra o Ultraconservadorismo na Educação

Ação Educativa

Andes-SN – Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN)

Associação Nacional de Juristas pelos Direitos Humanos LGBTI (ANAJUDH)

Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA)

Campanha Nacional pelo Direito à Educação

Cidade Escola Aprendiz

Comitê Latino Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM BR)

Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE Brasil)

Grupo de Advogados pela Diversidade Sexual e de Gênero (GADvS)

Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT+ da Universidade Federal de Minas Gerais (NUH/UFMG)

Núcleo de Estudos e Pesquisas em Diversidade Sexual (NUDISEX)

Professores contra o Escola Sem Partido (PCESP)

Rede Escola Pública e Universidade (REPU)


Coletivo Ciata do Instituto de Química da Universidade Federal de Goiás

Grupo de Mulheres Negras Dandara no Cerrado 

Lixarte – Associação de Assistência Social, Reciclagem e Artesanato

Sindicato dos Professores do Estado de Goiás (Sinpro Goiás)



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