Ação Educativa lança curso gratuito sobre ultraconservadorismo e educação em 2025

Iniciativa promoverá seis encontros gratuitos em São Paulo para refletir sobre ofensivas autoritárias no campo da educação

Ação Educativa abre inscrições para o curso “Gênero e Educação 2025: Mapeando o fenômeno ultraconservador”, que será realizado presencialmente em sua sede, em São Paulo, entre os dias 20 de outubro e 5 de novembro. Gratuita e com 40 vagas disponíveis, a formação busca aprofundar o debate sobre o avanço do ultraconservadorismo e seus diferentes “tentáculos”, como o anticomunismo, a criminalização de movimentos sociais, a violência estatal, a censura e as ofensivas antigênero.

Com aulas ministradas às segundas e quartas-feiras, das 19h às 21h30, o curso contará com educadoras convidadas e abordará temas como a relação entre ultraconservadorismo e neoliberalismo, o papel das plataformas digitais na difusão da extrema-direita e as possibilidades de resistência e construção de contra-narrativas no campo da educação.

Compreender os impactos do fenômeno ultraconservador na educação exige situá-lo no cenário político atual. Como organização da sociedade civil dedicada à formação de professores e educadores, a Ação Educativa propõe este curso para ampliar o olhar sobre o tema, explorando diferentes dimensões desse fenômeno. A iniciativa parte da compreensão de que a complexidade do ultraconservadorismo afeta a educação de maneira direta e indireta”, afirma Bárbara Lopes, coordenadora de Gênero e Educação da Ação Educativa.

Como funciona o fenômeno ultraconservador?

O curso busca oferecer ferramentas críticas para compreender como o ultraconservadorismo se enraizou no Brasil e no mundo, impactando a democracia, os direitos humanos e a própria educação. “Nosso objetivo é fortalecer as iniciativas de resistência e ampliar a participação popular nos debates públicos”, completa Bárbara.

A iniciativa é realizada pelo Centro de Formação e pelo projeto Gênero e Educação, ambos da Ação Educativa e terá como última aula uma reflexão coletiva sobre propostas e caminhos possíveis para a educação em tempos de crescimento de setores autoritários.

As inscrições são gratuitas e, caso o número de interessados(as) ultrapasse as vagas disponíveis, haverá processo seletivo que priorize a participação de pessoas negras, indígenas e LGBTQIAPN+, além de considerar a motivação apresentada no formulário de inscrição.

Inscreva-se


Encontro 1

Ultraconservadorismo no contexto político atual: diferentes desdobramentos

20/10, 19h às 21h30. Iniciaremos o curso com uma introdução sobre o caráter multifacetado do ultraconservadorismo, relacionando esse fenômeno com o avanço do autoritarismo e com a ampliação das desigualdades sociais, raciais e de gênero.

Com Chirley Pankará e Jacqueline Moraes Teixeira

Chirley Pankará: Pedagoga, mestra em Educação pela PUC-SP e doutora em Antropologia Social pela USP. Nascida em Pernambuco, migrou para São Paulo aos 25 anos em busca de oportunidades. Atuou por oito anos como gestora dos Centros de Educação e Cultura Indígena (CECIs) e foi coordenadora-geral de Promoção a Políticas Culturais no Ministério dos Povos Indígenas. Foi a primeira codeputada estadual pela Bancada Ativista (PSOL/SP) e também é escritora e contadora de memórias. Atualmente faz parte da assessoria política da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA)

Jacqueline Moraes Teixeira: Professora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP). Doutora em Antropologia Social pela USP, onde também obteve o título de mestre. Possui graduação em Ciências Sociais e em Teologia. É pesquisadora do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, realizando pesquisas na área de gênero, raça, sexualidade e religião. É também coordenadora do CRESPO - Cultura, Religião, Sujeitos e Políticas.

Encontro 2

Ultraconservadorismo, criminalização de movimentos sociais e violência de Estado

22/10, 19h às 21h30. De que forma o ultraconservadorismo se alimenta do autoritarismo – como se define seus alvos? No segundo encontro, daremos sequência à análise desse fenômeno e sua relação com a intensificação de processos de criminalização de movimentos sociais e da violência do Estado.

Com Ana Silva Rosa e Luana Pommé

Ana Silva Rosa: Doutora em ciência política pelo instituto de estudos sociais e políticos (iesp-uerj) e coordenadora do centro de análise da liberdade e do autoritarismo (LAUT).

Luana Pommé: Pedagoga, mestre em educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo e especialista em educação, trabalho e movimentos sociais pela Escola Nacional Florestan Fernandes (FIOCRUZ/ENFF). Membro da coordenação nacional do Setor de Educação do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST).

Encontro 3

Ultraconservadorismo e articulação anticomunista internacional

27/10, 19h às 21h30. O discurso anticomunista está intrinsecamente entrelaçado ao ultraconservadorismo em suas diferentes faces. Para compreender essa ligação, o terceiro encontro irá aprofundar sobre a formação da Liga Anticomunista Internacional e sua atuação no Brasil

Com Rodolfo Costa

Rodolfo Costa: Bacharel em Direito, mestre e doutor em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Pesquisador-visitante na Universidade de Columbia (Fulbright). Licenciado em História pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Pesquisador da Comissão Nacional da Verdade. Professor de História na PUC-SP e na Secretaria Municipal de Educação de São Paulo

Encontro 4

A extrema-direita na era das plataformas

29/10, 19h às 21h30. O viés político das big tech tem se tornado cada vez mais perceptível na propagação do autoritarismo. O encontro discutirá como essa infraestrutura opera no contexto político atual e quais são seus impactos no cotidiano.

Com Juliane Cintra

Juliane Cintra: Coordenadora de Projetos Especiais da Ação Educativa, é Mestra em Direitos Humanos pela Faculdade de Direito da USP. Integra a Diretoria Executiva da Abong. Possui experiência na área de Comunicação, com ênfase em Comunicação Popular, Relações Étnico-Raciais, Gênero e Direitos Humanos.

Encontro 5

Ofensivas antigênero: a hidra de muitas cabeças

3/11, 19h às 21h30. No penúltimo encontro, vamos analisar como a narrativa falaciosa da “ideologia de gênero” sustenta as estratégias e articulações transnacionais do ultraconservadorismo

Com Sonia Corrêa

Sonia Corrêa: É formada em arquitetura e tem uma pós-graduação em antropologia. Com Richard Parker, coordena o Observatório de Sexualidade e Política, sediado na Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS. Entre 2018 e 2020, coordenou dois ciclos de pesquisa sobre políticas antigênero na América Latina.

Encontro 6

Educação para liberdade: debatendo gênero e construindo resistência

5/11, 19h às 21h30. A partir das aulas anteriores, o último encontro finaliza o curso buscando refletir os desafios atuais de gênero na educação e mapear estratégias de resistências como possibilidades para ações coletivas.

Com Dayanna Louise

Dayanna Louise: Professora da rede pública de Pernambuco, Secretária de Educação da ANTRA e Doutoranda em Educação, atualmente coordena a Unidade de Educação para as Relações de Gênero e Sexualidades na Secretaria de Educação de Pernambuco.


Serviço

Curso: Gênero e Educação 2025: Mapeando o fenômeno ultraconservador
Período: 20/10, 22/10, 27/10, 29/10, 03/11 e 05/11 (segundas e quartas), das 19h às 21h30
Local: Ação Educativa – Rua General Jardim, 660, Vila Buarque, São Paulo/SP
Formato: presencial
Vagas: 40