Reescrevendo contos de fada: Preta de Ébano e Branca de Neve

Estado: Minas Gerais (MG)

Etapa de Ensino: Ensino Fundamental II

Modalidade: Educação Escolar Quilombola, Educação Regular

Disciplina: Artes, História

Formato: Presencial

Katharina Jahmile Rodrigues Araújo, de 15 anos, é uma jovem negra, filha de Alexandra Couto e Mestre Jahça (capoeirista). Apaixonada por literatura e ilustração, Katharina demonstra interesse nessas áreas e é reconhecida por suas habilidades artísticas.

Regina Célia do Couto é Professora Doutora em Educação e formadora de professoras na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e na Associação Margaridas Arte e Transformação (AMART). Desde 1992, atua nas áreas de currículo e educação das relações étnico-raciais.

Alexandra Eugênia Araújo é diretora artística da Associação Cultural “Gabirobas do Cerrado” e professora de teatro do Ponto de Cultura (CEAC) Centro de Acolhimento à Criança e Adolescente São Vicente de Paulo (Bom Despacho- MG). Além disso, é colaboradora e fundadora do Ponto de Cultura AMART. Mãe solo de duas meninas negras, Alexandra também atua como conselheira do Conselho Municipal da Promoção de Igualdade Racial (COMPIR) e como conselheira de Cultura no Conselho Municipal de Cultura de Bom Despacho.

Objetivos

Objetivo Geral:
Colaborar para o desenvolvimento integral do ser humano, buscando uma formação identitária multicultural e cidadã na interseccionalidade de raça e gênero; capaz de suscitar a empatia e coragem para colocar-se no lugar do outro, assim como o respeito mútuo e solidariedade.

Objetivos específicos:
Dar voz às referências de matriz africana a partir do universo dos contos fantásticos.
Empoderar as crianças negras através do mundo mágico dos contos.
Enaltecer a força feminina nas transformações sociais.
Construir com as crianças os valiosos frutos do respeito às diferenças.
Criar oportunidades para que as crianças possam agir com solidariedade para com todes, com intolerância ao racismo e à misoginia.
Promover experiências sociais e culturais que contribuam na formação identitária étnico-racial negra.
Fortalecer a implementação da Lei 10.639/2003, a Lei 11.645/2008

Conteúdo

Literatura para Exercício da Alteridade e Identidade cultural e social;
Artes Plásticas com História e Cultura Africana (Símbolos Adinkras).

Metodologia

Para atingir os objetivos de: dar visibilidade às referências de matriz africana dentro do universo dos contos fantásticos; empoderar as crianças negras; enaltecer a força feminina; mostrar os valiosos frutos do respeito às diferenças; optamos por criar um conto que diversifica o olhar sobre as princesas. A escolha pelo conto nos remete a nossa ancestralidade de matriz africana. Conforme a Bã (1973, p. 17) na maioria do continente africano, contar as histórias dos seus ancestrais é uma tradição cultural “o homem é a sua palavra e sua palavra dá testemunho do que ele é”. Contar histórias como que um elo nos liga ao passado e ressignifica o presente.
No primeiro momento, a docente fará uma leitura dramática, com entonações e pausas para a turma do conto "Preta de Ébano e Branca de Neve", disponível no link: https://drive.google.com/file/d/1XLp-Xym89fxApaoPIjXmBMEgYcmiE6q9/view?usp=sharing

Atividade 1
Após a leitura dialogar com a turma:
Na sua opinião, esse sonho de respeito e compreensão entre as diferenças e os diferentes se realiza na humanidade? Sim ou não? Por quê? Dê exemplos.
O que é possível fazer na sua casa, escola, comunidade para unir os corações das pessoas em paz e respeito com e nas diferenças?
Se você pudesse brincar nesses brinquedos banhados pela poção, o que você diria no microfone para os corações de todo o mundo?
O Educador precisa refletir antecipadamente sobre o conteúdo, identidade cultural e diferenças culturais disponíveis em: https://docplayer.com.br/11083593-As-culturas-silenciadas-e-marginalizadas-na-escola.html
Símbolos Adinkras: <https://youtu.be/4wQ1vuvjiac>
Ubuntu: < https://www.geledes.org.br/ubuntu-filosofia-africana-conceito-de-humanidade-em-sua-essencia/> Terra Sem Males: <http://www.jardimdeflores.com.br/floresefolhas/a03orapronobis.html>

No segundo momento, serão feitas vivências artísticas visando fortalecer a implementação da Lei 10.639/2003, a Lei 11.645/2008; promover experiências sociais e culturais que contribuam na formação identitária étnico-racial negra e criar oportunidades para que as crianças possam agir com solidariedade para com os outros, com intolerância ao racismo e à misoginia.

Atividade 2
Vamos conhecer alguns Adinkras? Adinkras são um conjunto de símbolos do povo Ashanti, que estão localizados principalmente nos países Gana, Burkina Faso e Togo, na África Ocidental.
O Adinkra “Aya” faz alusão à samambaia e indica resistência, perseverança e superação, com imagem que lembra uma samambaia que é capaz de crescer em lugares adversos. Disponível em:<https://ayeeko.africa/blogs/blog/adinkra-symbols-and-meaning>

Vamos fazer um Patch aplique, que é uma técnica que usa retalho para produzir uma peça exclusiva?
Como fazer:
Cortar um pedaço de algodão cru de 10x10 centímetros, ou outro tamanho.
Desenhar e/ou pintar com tinta de tecido o Adinkra “Aya” sobre o retalho de pano.
Costurar o retalho pintado sobre o tecido de uma roupa, bolsa ou outro utensílio de tecido.
Desfilar com sua nova peça exclusiva e significativa

Atividade 3
O Adinkra “Akoma Ntoso” significa corações interligados, que é um símbolo de união e acordo. Que tal fazermos um grande cartaz em grupo?
Uma ou mais pessoas desenham o símbolo “Akoma Ntoso” em cartolina de papel, ou outro suporte. Cada estudante deve recortar imagens, ou desenhar imagens que representam união entre as pessoas. Todos colam essas figuras, ou as desenham compondo o símbolo “Akoma Ntoso”. Com o cartaz pronto, todes fazem um diálogo com e a partir das diferenças.

Recursos Necessários

Atividade 2: 1 metro de algodão cru, tintas de cores variadas para tecido, linha e agulhas. Atividade 3: 5 cartolinas, régua, Lápis de cor; giz de cera, canetinhas, cola, revistas ou jornais.

Duração Prevista

Atividade 1: Leitura e diálogo (1h e 30 minutos), Atividade 2: pintura e colagem do Patch (2 horas), Atividade 3: (1hora e 30 minutos).

Processo Avaliativo

Entendemos a avaliação como um processo dialógico, visando o acompanhamento individual e coletivo. Será observada a participação e envolvimento de cada criança e do grupo e se estão respondendo aos estímulos propostos com produção de sentido e arte-ação criativa e interativa. Também será feita uma autoavaliação na qual cada estudante dirá as dificuldades que teve e o que aprendeu.

Referências Bibliográficas

ARAUJO, Jurandir; MOREIRA, Josinélia dos Santos; MORAIS, Rossival S. As Culturas Negadas e Marginalizadas na escola. In: III Encontro Baiano de Estudos em Cultura. Disponível em: http://docplayer.com.br. Acesso em: 29 de abril de 2023.

B , Hamadou. A palavra, memória viva da África. O Correio da UNESCO. Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, a. 1, 1973.

GLOSSÁRIO:
Akoma Ntoso: Símbolo do país africano Gana. Disponível em: https://ayeeko.africa/blogs/blog/adinkra-symbols-and-meaning. Acesso em: 29 de abril de 2023.
Ashanti: Povo que vive numa região de um país africano chamado Gana.
Aya: Símbolo do país africano Gana. Disponível em: https://ayeeko.africa/blogs/blog/adinkra-symbols-and-meaning. Acesso em: 29 de abril de 2023.
Ora pro nobis: Planta rica em ferro. Disponível em: http://www.jardimdeflores.com.br/floresefolhas/a03orapronobis.htm. Acesso em: 29 de abril de 2023.
Terra sem Males: Conceito da sabedoria tradicional de alguns povos tupi-guarani.
Ubuntu: Sabedoria da tradição africana. Disponível em: https://www.geledes.org.br/ubuntu-filosofia-africana-conceito-de-humanidade-em-sua-essencia/. Acesso em: 29 de abril de 2023.

IMAGENS:
Figura 1: Sonho na Floresta e novo Amanhecer. Ilustração de Katharina Jahmile Rodrigues Araújo.
Figura 2: Akomantoso AdinkraSymbols, 122 AfricanSimbolsandMeaning. Disponível em: https://ayeeko.africa/blogs/blog/adinkra-symbols-and-meaning. Acesso em: 29 de abril de 2023.
Figura 3: Aya Samambaia - AdinkraSymbols, 122 AfricanSimbolsandMeaning. Disponível em: https://ayeeko.africa/blogs/blog/adinkra-symbols-and-meaning. Acesso em: 29 de abril de 2023.

NASCIMENTO, Gabriel. Racismo Linguístico: os subterrâneos da linguagem e do racismo. Belo Horizonte: Letramento, 2019.

NASCIMENTO, Gabriel. Racismo linguístico é sobre palavras? Um prefácio. Revista Virtual Lingu@ Nostr@, v. 8, n. 1, p. 3–15, 2021. Disponível em: https://linguanostra.net/index.php/Linguanostra/article/view/253. Acesso em: 29 de abril de 2023.

O mito da terra sem males. Anuário Pesquisa E Extensão Unoesc Videira, v. 4, 2019. Disponível em: https://periodicos.unoesc.edu.br/apeuv/article/view/21759.

Pensar Africanamente – Adinkra: símbolos africanos no design brasileiro. TV 247, Youtube, 12 set. 2021. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Emu0Y1iuAtY. Acesso em: 29 de abril de 2023.

A rainha guerreira africana que enfrentou os colonialistas britânicos - e venceu. BBC, Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-44802550. Acesso em: 29 de abril de 2023.

Abdias do Nascimento: um artista Panamefricano. MASP, Disponível em: https://masp.org.br/exposicoes/abdias-nascimento. Acesso em: 29 de abril de 2023.

Símbolos Adinkra | MwanaAfrika Oficina Cultural, 20 abr. 2023. Disponível em: https://youtu.be/4wQ1vuvjiac. Acesso em: 29 de abril de 2023.

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