Fanzine como potência educativa no combate à violência doméstica

Estado: Paraná (PR)

Etapa de Ensino: Ensino Fundamental II

Modalidade: Educação de Jovens e Adultos

Disciplina: Artes, História, Língua Portuguesa, Matemática

Formato: Presencial

Realiza pós-doutorado em Educação pela UFPR. É doutora em Educação e Mestra em Comunicação também pela UFPR. É bacharela em Comunicação Social - habilitação em Relações Públicas pela UEL e licenciada em Pedagogia pela UCB. É professora da Educação Superior e pesquisadora do Laboratório de Investigação em Corpo, Gênero e Subjetividade na Educação (LABIN/UFPR).

Objetivos


  • Exercitar, de maneira tátil, artística e consciente, as temáticas referentes à violência doméstica, relacionando com os aspectos do cotidiano, articulando ideias, conceitos, criatividade e instigando questões sobre a realidade em que vivem;

  • Relacionar com os direitos humanos: direito à vida, à liberdade e à segurança; direito a não ser vítima de violência e tortura; direito à igualdade perante a lei;

  • Despertar senso crítico sobre as diferentes formas de violência de gênero e doméstica a partir da produção artística de fanzine.

Conteúdo


  • Pode-se trabalhar com o fanzine no Eixo Análise Linguística/Semiótica, com a alfabetização; 

  • No eixo Leitura/Escuta, com o letramento, assim como no eixo Produção de Textos, com a incorporação de estratégias de produção de textos de diferentes gêneros textuais, tal como o fanzine ou o e-zine (fanzine digital), ambos da esfera artístico-literária (BNCC, 2018).

  • Em Língua Portuguesa, pode-se trabalhar com a reconstrução e a reflexão sobre as condições de produção e recepção dos textos pertencentes a diferentes gêneros e que circulam nas diferentes mídias e esferas/campos de atividade humana (inclui-se o fanzine) (BNCC, 2018).

  • Em Matemática, pode-se trabalhar com a articulação de Aritmética, Álgebra, Geometria, Estatística e Probabilidade, relacionando com observações empíricas do mundo real a representações (tabelas, figuras e esquemas) sobre dados de violência doméstica no país (BNCC, 2018).

  • Em História e Geografia, pode-se promover a discussão e análise das causas da violência contra populações marginalizadas (pessoas negras, indígenas, mulheres, LGBT+ etc.) com vistas à tomada de consciência e à construção de uma cultura de paz, empatia e respeito às pessoas (BNCC, 2018).

  • Em História, pode-se trabalhar com a pluralidades e diversidades identitárias na atualidade, promovendo discussão e análise crítica sobre os tipos de violência doméstica na história antiga e recente (BNCC, 2018);

  • Em Artes, pode-se trabalhar com a confecção de fanzine como uma revista alternativa e didática com grande potência educativa e comunicativa. Confeccionada com colagens de jornais e revistas, textos impressos ou com sua própria letra, é uma mídia simples, de baixo custo e que possibilita ser facilmente distribuída, abordando qualquer conteúdo curricular e outra possibilidade é trabalhar em conjunto com as demais disciplinas.

Metodologia

A partir dos conteúdos sugeridos anteriormente, introduz-se o tema da violência doméstica por meio da coleta de informações sobre os diferentes tipos de violência, os centros e organizações que oferecem ajuda às vítimas e sobre a Lei Maria da Penha (Lei n.º 11.340/2006). Na sequência, escolhem-se os problemas que gostariam de abordar, considerando as formas mais comuns de violência, as causas sociais, raciais, sexuais e culturais associadas às violências, bem como as formas de prevenção. Cuidadosamente, ouvir e considerar as experiências pessoais dos/das participantes. É possível trabalhar com frases do senso comum muito escutadas na sociedade em relação à violência doméstica e desmistificar cada uma delas (por exemplo, "em briga de marido e mulher não se mete a colher” ou “tem mulher que gosta de apanhar").

 

O tema pode ser debatido com pesquisas no laboratório de informática da escola ou exposição da professora ou do professor, mostrando relatos de vítimas disponíveis nos meios de comunicação e distribuindo para cada estudante cartilhas informativas das campanhas de enfrentamento à violência doméstica (acessíveis gratuitamente nos órgãos públicos que tratam da temática). É possível também convidar alguém do movimento social ou da defensoria pública do estado para uma conversa sobre o tema.

 

Após o debate e exposição, é possível a exibição de trechos da série Moxie: Quando as Garotas Vão à Luta (Netflix, 2021, classificação 16 anos), que mostra a confecção de fanzines por estudantes para abordar temáticas semelhantes na escola. É possível também organizar um bate-papo com uma pessoa da comunidade escolar ou de movimentos sociais que já tenha feito fanzines para contar a história e mostrar a linguagem do material. O trecho da série pode ser substituído ou complementado pela exposição sobre a história dos fanzines pela própria professora ou pelo próprio professor na sala de aula, utilizando imagens projetadas e/ou modelos de fanzines disponíveis na internet. Oferecer diferentes modelos de dobraduras e montagens de fanzines. Diferentes dobraduras para fanzines disponíveis em: http://www.revistacapitolina.com.br/tutorial-de-zines-parte-ii/ ou https://pin.it/mxqQljt

 

O fanzine ficou reconhecido por sua distribuição independente e seu caráter informativo e crítico – sendo utilizado tanto como um forte instrumento de comunicação e disseminação de ideias, como também na ficção (em formato de quadrinhos, por exemplo). Além de estimular a expressão e reflexão crítica, a elaboração de fanzines pode ser internalizada nas práticas pedagógicas sem exigir uma grande quantidade de materiais para sua confecção. O fanzine pode ser feito de diversas formas: a partir de recortes, colagens, escritas, ilustrações, etc.

    

A próxima etapa é a confecção do fanzine pelas/pelos estudantes e, por último, estimular a exposição dos fanzines na escola (sugestão: prender os fanzines com prendedores de roupa no barbante em locais de passagem das pessoas para que elas leiam ou providenciar fotocópias e distribuir no horário do intervalo).

Recursos Necessários


  • Folhas A4;

  • Para recorte, pode-se usar revistas e jornais velhos, e materiais impressos comumente descartados no lixo (panfletos, cartões, embalagens de produtos secos, papel de presente usado, restos de EVA, restos de lantejoulas etc.), ou ainda imprimir imagens e frases relacionadas ao tema;

  • Tesouras (se possível; as imagens e palavras também pode ser rasgadas com a mão, não havendo a necessidade de tesoura);

  • Canetas coloridas;

  • Cola de papel;

  • Barbante e prendedor de roupa para fixá-los na exposição;

  • Grampeador (para grampear fanzines com mais de uma folha).

Duração Prevista

150 minutos ou 3 aulas

Processo Avaliativo


  • Participação da/do estudante na produção do fanzine com senso crítico em relação ao tema;

  • Profundidade da argumentação e dimensão criativa na produção, demonstrando compreensão e sensibilização com a temática.

Observações

É possível desenvolver a atividade com fanzine em mais aulas e de forma multidisciplinar. Também pode compor uma ação mais ampla no âmbito da Educação em Direitos Humanos na escola.

Referências Bibliográficas

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br.

 

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS. Rio de Janeiro: UNIC, 2009 [1948]. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos.

 

INSTITUTO MARIA DA PENHA. Cartilha de enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher. Projeto Contexto: Educação, Gênero, Emancipação. Plataforma Educação Marco Zero. Fortaleza, 2018.

 

MAGALHÃES, Henrique. O que é fanzine. São Paulo: Brasiliense, 1993.

 

MELO, Camila O. et al. DidáticaZine. Matinhos/PR: UFPR, 2015. Disponível em: http://www.litoral.ufpr.br/portal/wp-content/uploads/2015/03/DidaticaZine2015.pdf.

 

MUNIZ, Cellina. (Org.). Fanzines: autoria, subjetividade e invenção de si. Fortaleza: edições UFC, 2010.

 

PINTO, Renato Donisete. Fanzine na Educação: algumas experiências em sala de aula. João Pessoa: Marca da Fantasia, 2020.

 

TENTÁCULOS FEMINISTAS. Modelos de fanzines sobre a temática de gênero e sexualidades. Disponível em: https://issuu.com/zinetentaulos

 

VALLE, Lutiere Dalla; JÚNIOR, Jasson Luiz Monteiro Moreira. O fanzine e a potência educativa no ensino das artes visuais. Disponível em https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/778/o/CulturaVisual_L1_030.pdf Data do último acesso: 26 set. 2022

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