Rainhas e Deusas: herança africana e resistência da mulher negra
Estado: Rio de Janeiro (RJ)
Etapa de Ensino: Ensino Médio
Modalidade: Educação de Jovens e Adultos, Educação Escolar Quilombola
Disciplina: Artes, Geografia, História, Sociologia
Formato: Presencial
Professor de Sociologia para turmas do ensino médio da SEEDUC-RJ e do curso de Pedagogia da FAETERJ - Três Rios. Tenho muito interesse nos estudos das religiões, as quais acredito que podem ajudar e não obstaculizar o convívio com a diversidade.
Objetivos
- Enfatizar e demonstrar o histórico papel da liderança feminina em muitos reinos africanos e tribos;
- Expor as deidades femininas e seus significados nas religiões de matriz africana no Brasil;
- Demonstrar o papel de resistência da mulher negra no Brasil desde os tempos coloniais;
- Identificar as personalidades femininas negras que foram marcantes em nossa história;
- Trabalhar a africanidade feminina em sala de aula como semântica para a compreensão de uma luta pela igualdade de gênero;
- Fomentar uma produção coletiva e reflexiva de reconhecimento local da resistências femininas.
Conteúdo
- História dos reinos e sociedade africanas;
- Mulheres negras na História do Brasil;
- Sagrado feminino nas religiões de matriz africana;
- Resistência feminina e desigualdade de gênero no Brasil;
- Produção de exposição fotográfica.
Metodologia
AULA1
Aula de averiguação do conhecimento prévio dos alunos sobre a história dos reinos e sociedade africanas, bem como do processo de colonização do Brasil. Isso pode ser feito com simples perguntas ou com a exposição de algumas curiosidades sobre esses reinos. Em seguida é feita uma apresentação em datashow de importantes reinos africanos que tiveram lideranças femininas. Dentre elas, a Rainha Njinga de Angola, as rainhas egípcias e sudanesas, a Rainha de Sabá e tantas outras que podem ficar a critério do docente, importa ressaltar na apresentação dessas lideranças e o papel de preponderância matricial e sua importância política.
AULA 2
Esta aula tem como mote central as mulheres negras no Brasil, com especial ênfase para os períodos colonial e imperial. É importante que o docente procure se distanciar de narrativas tradicionais que negligenciam o papel de resistência da mulher negra. A sugestão dessa segunda aula é procurar trabalhar em sala de aula que durante a escravidão a mulher negra, além de precisar trabalhar compulsoriamente, precisava cuidar dos seus filhos e dos filhos dos senhores. Isso demandava, portanto, uma dupla resistência como mãe e escrava. Sugere-se, ademais, apresentar aos alunos a história de Teresa de Benguela, líder quilombola, chamada também de Rainha Negra do Pantanal, onde se localizava o quilombo. Essa tematização personaliza as referências e ajuda na dinâmica da aula. Os alunos podem ser convidados a realizar pesquisas sobre outras personalidades e lideranças negras, trazendo para a sala de aula em seguida nomes, imagens e histórias.
AULA 3
Aula concernente à questão do sagrado feminino nas religiões de matriz africana no Brasil, com ênfase no candomblé. O professor deve ter a consciência que para muitos alunos é um tabu falar sobre as religiões de matriz africana, seja pela sua fé que encerra por demonizar essas religiões, seja pela criação que teve em que aprendeu a ver essas religiões de modo discriminatório. Cabe ao docente quebrar pré-noções iniciais, abordando o fenômeno religioso de modo geral num primeiro momento para em seguida inserir o tema das divindades femininas africanas. Sugere-se a apresentação do vídeo Diversidade religiosa e direitos humanos feito pela CRDHDR (Centro de Referência de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos para a Diversidade Religiosa. Disponível em https://youtu.be/g4mMruWwI8Y. Acesso em 31/10/2010). Em seguida, apresentar de modo sintético o que é o candomblé e quais as principais orixás femininas e seu simbolismo. Mostrar que elas representam a força da mulher africana e que estão diante de uma posição horizontal com os outros orixás, ou seja, não são orixás menores porque são mulheres. Deve-se dar ênfase à mitologia de cada uma, com especial atenção à Ewa, divindade de força e pureza, que se se apresenta apenas a filhos de santo femininos.
AULA 4
Essa aula é dedicada à exposição das dimensões da resistência feminina nos dias atuais no Brasil. A temática da africanidade e da mulher negra nos ajuda a fornecer a semântica para uma compreensão da desigualdade de gênero no Brasil. Pode-se aqui expor dados que mostram a condição desigual que a mulher negra ainda se encontra e a desigualdade de gênero como um todo, como reflexo também da nossa sociedade patriarcal e escravista. É mister ressaltar que o docente deve mostrar que a desigualdade atualmente toma novas dinâmicas, com novas expressões identitárias e novos tipos de dominação. O mote central da aula é considerar que velhos problemas permanecem, porém com novas roupagens. Pode ser apresentado o mapa da desigualdade no Brasil, traçando uma regionalização do problema e seus principais números. É importante, por fim, que o professor retome as temáticas abordadas nas aulas anteriores e faça a seguinte pergunta: onde podemos encontrar atualmente a força dessas mulheres que se mostraram rainhas e deusas? Em quem vocês podem ver essa energia vital? Deve-se permitir que os alunos identifiquem essa força em quem eles desejarem. Esta é a proposta de produção final.
AULA 5
Essa aula é o momento de apresentar o trabalho final que os alunos foram convidados a produzir. Aqui sugere-se que eles procurem em suas cidades mulheres que são “resistência” e símbolos de luta e façam uma exposição fotográfica. Os alunos podem criar um título para a exposição que consiga unir a temática da africanidade com a da resistência. Deve-se dar liberdade aos alunos para que eles escolham não apenas mulheres negras, podendo também ser suas mães, negras ou não, ou outras mulheres que eles admirem e que sejam símbolos e exemplos de luta. A intenção é perceber a herança africana como uma herança de autoestima, resistência e força feminina.
Recursos Necessários
- Datashow;
- Quadro branco;
- Câmera fotográfica (podendo ser do celular);
- Espaço para exposição das fotos.
Duração Prevista
Processo Avaliativo
Observações
Referências Bibliográficas
BRANDÃO, Ana Paula; TRINDADE, Azoilda Loretto. Modos de brincar: caderno de atividades, saberes e fazeres. Rio de Janeiro: Fundação Roberto Marinho, 2010.
FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala. Global Editora e Distribuidora Ltda, 2019.
GOMES, Flávio dos Santos. Mocambos e quilombos: uma história do campesinato negro no Brasil. Editora Companhia das Letras, 2015.
MEC. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017.