Muitas cores formam uma família

Estado: Ceará (CE)

Etapa de Ensino: Ensino Fundamental I

Modalidade: Educação Regular

Disciplina: Artes, Língua Portuguesa

Formato: Presencial

Trajetória de vida envolvida com as temáticas de gênero e sexualidade. Comprometida com a luta antirracista, feminista e LGBTQIA+. Trabalha na rede pública municipal de Fortaleza-CE como professora de Ensino Fundamental I. Mestra em Antropologia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) com o trabalho “Travestilidades: incursões sobre o envelhecimento a partir das trajetórias de vida de travestis” (2014), cuja pesquisa de campo subsidiou análises para o trabalho de conclusão de curso (TCC) “Poéticas Visuais e Experiências Trans: um diálogo transversal” (2017) no Curso de Licenciatura em Artes Visuais do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE). Possui Graduação no Curso Superior de Tecnologia em Artes Plásticas com o TCC “Corpo (des)montado: editando poéticas visuais a partir da reflexão sobre padrões de beleza” (2010), também pelo IFCE. Graduada em Ciências Sociais pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) com a pesquisa intitulada “Entre o proibido e o permitido: sociabilidade homoerótica na praça da Gentilândia” (2006).

Objetivos

Objetivo geral

Refletir sobre as transformações que ocorreram na formação familiar na história do povo brasileiro, analisando criticamente as marcas profundas que ainda precisam ser confrontadas relacionadas a herança patriarcal, machista, sexista, racista e heteronormativa.

Objetivos específicos

  • Identificar a função social do gênero textual notícia.

  • Analisar criticamente o assunto presente na notícia.

  • Opinar e defender ponto de vista sobre temas polêmico, produzindo uma argumentação crítica.

  • Analisar acontecimentos históricos, as relações de poder e processos de transformação das estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais.

  • Apreciar e analisar criticamente produções artísticas produzidas ao longo do tempo, reconhecendo para que e para quem foram produzidas.

Conteúdo


  • Gênero textual: Notícia e biografia;

  • Produção textual;

  • A colonização do Brasil;

  • A sociedade colonial;

  • A escravidão no Brasil;

  • Apreciação, contextualização e criação artística.

Metodologia

LÍNGUA PORTUGUESA

Aula 1

1. Organizar a sala em círculo.

2. Apresentar imagens com várias constituições de grupos familiares:

• Duas mães, dois pais, um pai e uma mãe, avó e avô, casais idosos, mãe solteira, pai solteiro, etc.

OBS: Importante ressaltar o uso de fotografias que representem as etnias e classes presente na sociedade brasileira.

Essas imagens podem ter formato A4 e serem distribuídas no chão ou na lousa, se preferir podem ser apresentadas em um projetor.

3. Pedir a turma que observem as imagens. Perguntar sobre: o que as imagens representam? Observar cada resposta dada.

4. Refletir com a turma sobre o conceito de família. Pregar um cartaz na lousa contendo a seguinte frase para ser completada: Família é...

Anotar as respostas e estimular a turma com as perguntas:

  • O que precisa para ter uma família?

  • Como é sua família?

  • Com quem vivem?

  • Quem é a pessoa responsável por vocês?


5. Começar uma conversa informal sobre família e as diversas formas que ela pode ser constituída.

6. Pedir que façam a leitura do texto “Novos tipos de família já são maioria no Brasil”.

7. Perguntar sobre as características e finalidade do o gênero textual apresentado. Onde pode ser encontrado.

8. Apresentar gênero notícia:
É um texto jornalístico que trata de um assunto atual presente em diversos meios de comunicação. Geralmente apresenta uma estrutura básica:

• Manchete: título principal.
• Lide: introdução da notícia, nela pode conter as respostas para perguntas: Onde? Como? Quem? Quando?
• Corpo da notícia: onde será apresentada a notícia com mais detalhes.

9. Fazer uma discussão sobre as informações contidas na notícia. Perguntar a opinião sobre a matéria lida.

[Novos tipos de família já são maioria no Brasil
https://www.geledes.org.br/novos-tipos-de-familia-ja-sao-maioria-no-brasil/]

10. Pedir que produzam um texto argumentando sobre sua opinião a respeito das diversas configurações familiares.

AULA 2:

1. Em outro momento mostrar notícia a respeito de violência doméstica. É importante discutir sobre a realidade de muitas famílias brasileiras que convivem em um ambiente de violência doméstica. O intuito é criar uma rede de proteção. Leitura e interpretação das informações trazidas no texto.

2. Apresentar a manchete abaixo:

Covid 19 e Violência Doméstica: pandemia dupla para as mulheres

3. Iniciar um diálogo com a turma para identificar os conhecimentos prévios sobre violência doméstica. Neste momento pode se perguntar:

  • O que significa violência doméstica?

  • Conhecem algum caso de violência doméstica?

  • O que pensam sobre o assunto?

  • Por que acham que a manchete associa covid 19 e violência doméstica?


4. Perguntar se ouviram falar sobre a Lei Maria da penha. Apresentar a lei a sala destacando a necessidade de sua criação.

5. Relembrar as características e finalidade do gênero textual notícia.

6. Dividir a sala em grupos e entregar a notícia para cada participante.

[Covid 19 e Violência Doméstica: pandemia dupla para as mulheres - http://anesp.org.br/todas-as-noticias/2020/4/6/covid-19-e-violncia-domstica-pandemia-dupla-para-as-mulheres]

7. Pedir que façam uma leitura em grupo anotem as seguintes informações em um cartaz:

• Encontre um trecho que justifique a manchete da notícia.
• Quais as principais dificuldades enfrentadas pelas mulheres no contexto de pandemia?
• Discutam em grupo e apresentem possíveis soluções de combate a violência doméstica.

HISTÓRIA

AULA 1:
1. Apresentar imagens referente ao período colonial do Brasil, destacando as famílias presente no contexto social da época. Perguntar que época as imagens representam? Que aspectos as obras procuram ressaltar? O que a turma ver em cada obra?

Obs: as imagens podem ser impressas ou projetadas.

Imagem 1: Aldeia dos índios coroados, Martius C.F. Von, gravura século XIX.

Imagem 2: Um jantar brasileiro, Jean-Baptiste Debret, aquarela sobre papel, Rio de Janeiro,1827.

Imagem 3: Casa de negros, Johann Moritz Rugendas, pintura 1822-1825.

2. Chamar atenção para vestimentas, trabalho, objetos, posição social, condição de moradias, etc.

3. Pedir para pontuarem as semelhanças e diferenças nas obras.

4. Ressaltar que as obras não representam uma imagem real da época trata-se do olhar artístico para o mundo ao seu redor. Muitas dessas obras querem passar uma visão de mundo que não correspondia, e por vezes disfarça realidade.

5. Perguntar sobre os conhecimentos prévios de como era a vida das populações indígenas e africanas antes da interferência portuguesa. Anotar na lousa o que for dito. Destacar como o processo de escravidão separou famílias e como essa “tática” era importante para os interesses da coroa portuguesa no Brasil colônia.

6. Falar sobre como há formas diferentes de se instituir o que denominamos de famílias, enfatizando que cada cultura tem um conceito diferente que precisa ser respeitado. Em relação a isso: O que foi feito com a cultura indígena e afrodescendente?

7. Destacar questões sobre a escravidão, a desigualdade social, as condições de vida da época e as práticas de resistência dos povos indígenas e africanos.

8. Relacionar com o tempo de presente: O que mudou? O que permaneceu? Listar as respostar e pedir que debatam em grupo e opine sobre o que é preciso mudar.

9. Apresentar a opinião do grupo em cartazes.

10. No final da aula pedir que escolham uma das imagens e criem uma história baseado no cotidiano de cada grupo familiar da época.

ARTE

AULA 1:

1. Utilizar as mesmas imagens da aula de história. Contextualizar o estilo artístico e apresentar os autores das obras. Falar resumidamente sobre cada artista.

2. De volta as obras pedir que preste atenção como as mulheres estão representadas nas obras. O que estão fazendo? Como estão vestidas?

3. Pedir que responda: Que atividades homens e mulheres podem fazer em casa? E que brincadeiras são de meninos e meninas? Listar a respostas.

4. Entregar tarjetas com as palavras concordo e discordo para cada pessoa na sala. Na medida que for lendo o que foi listado peça para levantarem as tarjetas e expressando verbalmente suas opiniões. Anote quantas pessoas concordaram e discordaram.

AULA 2:

1. Retomar a última aula. Utilizar novamente as imagens expostas na lousa.

2. Realizar um debate com base em roteiro de questões (o debate pode seguir outras questões dependendo do envolvimento e interesse da turma).

  • Como era a divisão do trabalho nas sociedades indígenas antes da chegada dos portugueses ao Brasil?

  • O que modificou na divisão de trabalho com a chegada dos portugueses? (chamar atenção para a implementação da escravidão na economia da colônia).

  • Quais diferenças pode se observar entre homens e mulheres na sociedade colonial? Que atividades realizavam? (destacar sobre a divisão sexual do trabalho, o poder patriarcal da época, machismo e racismo)

  • Que mudanças referentes as condições de vida social e econômica das mulheres podemos elencar? Essas mudanças ocorreram da mesma forma para mulheres negras e brancas?

  • Listar as transformações. Como essas mudanças ocorreram? (enfatizar o processo de luta do movimento feminista)

  • Como a família pode ajudar no processo de transformação da sociedade?


3. Depois da discussão pedir que representem famílias diversas utilizando a técnica de pintura, desenho ou colagem. (escolha individual da turma).

Material de apoio: Informação de sobre cada artista:

A MISSÃO AUSTRÍACA
https://www.brasilianaiconografica.art.br/artigos/15636/a-missao-austriaca

JEAN-BAPTISTE DEBRET
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa18749/jean-baptiste-debret

JOHANN MORITZ RUGENDAS
https://www.historiadasartes.com/prazer-em-conhecer/johann-moritz-rugendas/

Recursos Necessários


  • Equipamento para reprodução de imagem (datashow, TV, notebook).

  • Cartolinas ou papel pardo.

  • Cópias impressas coloridas das imagens em tamanho A4 ou A3.

  • Cópias impressas da notícia.

  • Cópias impressas das biografias.

  • Revistas.

  • Tesouras.

  • Cola.

  • Lápis de cor.

  • Pincel para quadro.

Duração Prevista

5 encontros ou um mês.

Processo Avaliativo


  • Avaliação é processual e contínua observando a compreensão sobre a temática antes e depois do projeto.

  • Identificação da função social dos gêneros textuais notícia e biografia.

  • Produção textual.

  • Leitura de imagens.

  • Posicionamento frente a temas polêmicos e cotidianos.

  • Participação nas aulas e atividades propostas.

  • Produção de texto.

  • Uso de conceitos.

  • Observar o processo de criação artística.

Observações

O referencial bibliográfico serve para ampliar o arcabouço teórico de quem vai desenvolver as atividades.

Referências Bibliográficas

CAMARGO, Ana Maria Faccioli; RIBEIRO, Cláudia Maria; ARAÚJO, Ulisses F. Sexualidade (s) e infância (s): a sexualidade como um tema transversal. Editora da UNICAMP, 1999.

FEDERICI, Silvia. Calibã e a bruxa. Mulheres, corpo e acumulação primitiva. Trad. de Coletivo Sycorax, São Paulo: Elefante, 2017.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Ed. Graal, 1985.

______. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis: Ed. Vozes, 2002.

HOOKS, Bell. Ensinando a transgredir: a Educação como prática de liberdade. Tradução de Marcelo Brandão Cipolla- 2. ed. - São Paulo: Editora Martins Fontes, 2017.

JUNQUEIRA, Rogério Diniz. Heteronormatividade e vigilância de gênero no cotidiano escolar. In. RODRIGUES, Alexsandro; DALLAPICULA, Catarina; FERREIRA. Sérgio Rodrigo da Silva (orgs). Transposições: lugares e fronteiras em sexualidade e educação. Vitória: EDUFES, 2014.

LOURO, Guacira L. (Org) Pedagogias da Sexualidade. In: O corpo Educado: Pedagogias da Sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.

MARSIGLIA, Ana Carolina Galvão. A prática pedagógica histórica- crítica na educação infantil e ensino fundamental. Campinas, SP: Autores Associados, 2011.

MELLO, Luiz et al. Para além de um kit anti-homofobia: políticas públicas de educação para a população LGBT no Brasil. Bagoas: revista de Estudos Gays, v. 7, p. 99-122, 2012.

SANTOS, Dayana Brunetto. Para pensar sobre a experiência transsexual na escola: algumas cenas. Bagoas: revista de Estudos Gays, v. 7, p. 147-172, 2012.

WEEKS, Jeffrey. O corpo e a sexualidade. In: LOURO, Guacira Lopes (org). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Trad. dos artigos: Tomaz Tadeu da Silva. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.

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