Projeto Desiderata

Estado: Distrito Federal (DF)

Etapa de Ensino: Ensino Fundamental II

Modalidade:

Disciplina: Artes, Educação Física, Geografia, História, Inglês, Língua Portuguesa

Formato: Presencial

Professora da SEEDF há 20 anos, graduada em Letras/Inglês e especialista em Gestão de Políticas Públicas em gênero e raça (UNB).

Objetivos


  • Ampliar o repertório de leitura;

  • Confrontar opiniões, expressar ideias, despertando a criticidade por meio de argumentos;

  • Desenvolver a reflexão crítica acerca da variados gêneros textuais por meio de leitura e análises sistematizadas, despertando a criticidade por meio de argumentos e estimulando a produção autoral a partir dessas reflexões;

  • Incentivar estudantes na aquisição de conhecimentos sobre Direitos Humanos, promovendo rodas de conversa para troca de vivências;

  • Compreender a diversidade de padrões de saúde, beleza e estética corporal, analisando criticamente os padrões divulgados pela mídia;

  • Analisar a relação histórica de dependência na formação, social, econômica, política e cultural da América e da África na construção do mundo globalizado;

  • Reconhecer o papel das mulheres na luta por direitos, em especial os trabalhistas e o direito ao voto na primeira metade do século XX;

  • Discutir as motivações que levaram à criação da Organização das Nações Unidas (ONU) no contexto do pós-guerra e os propósitos dessa organização.

Conteúdo


  • Argumentação e persuasão;

  • Elaboração de debate com ênfase em Direitos Humanos;

  • Relações étnico-raciais, de gênero, de orientação sexual, de idade e de cultura em países de língua estudada e no Brasil;

  • Diferentes formas de expressão artística e a integração entre elas;

  • Conhecimentos sobre o corpo e seu desenvolvimento (aspectos físicos, biológicos, culturais, históricos, políticos, religiosos e sociais);

  • Estatuto da criança e do adolescente: o Artigos 3º, 4º, 8º, 13, 15, 16, 17 e 18;

  • Localização, regionalização e características do espaço natural;

  • Aspectos demográficos, políticos, sociais e econômicos;

  • Diversidade étnica e social;

  • Segregação racial na África do Sul – Apartheid;

  • Diáspora e cultura africana - influências no Brasil;

  • A participação feminina na luta por direitos;

  • A Organização das Nações Unidas (ONU) e a questão dos Direitos Humanos.

Metodologia

ETAPA 1: O HÁBITO DE LEITURA

Aula expositiva sobre o Projeto de Leitura e as principais regras para uma boa convivência escolar e cultura de paz.

“Educar para a diversidade é uma questão de justiça e de respeito, de despojar-se de dogmas e mitos e abrir-se para o novo, para o diálogo, ou seja, é essencialmente, aprender sempre e oferecer novas oportunidades de inserção social.” (Caderno Orientador: Convivência Escolar e Cultura de Paz - pg.18)


Deixar claro para todos os estudantes a importância de um hábito de leitura para aquisição de conhecimento com o intuito de combater preconceitos e discriminações presentes na comunidade local. Apresentar a diversidade de gêneros textuais, os livros e os assuntos que serão abordados é uma boa maneira de motivá-los com a leitura.

A proposta inicial é começar apenas com 15 minutos diários de leitura de trechos, poesias e músicas. Sem nenhuma cobrança, sem trabalho, sem prova. Só leitura. Faz-se necessário esse pequeno passo para se criar um hábito de ler pelo simples prazer de ler.

Apresenta-se abaixo sugestões de livros para leitura de textos curtos, como contos e poesias. Clipes musicais abordando temáticas de Gênero e Raça também são uma boa maneira para incentivar debates.

Para que não haja uma sobrecarga de impressão dos textos, pois muitas vezes ocorre carência de matérias em escolas públicas, pode-se apresentar as poesias no datashow, imprimir uma cópia dos contos para cada dois estudantes e fazer o rodízio nas turmas ou a leitura oral pelo docente.

Vídeos curtos também são excelentes para variar e não tornar monótono o momento de aprendizagem.

LIVROS:

  • A Noite Escura e Mais Eu – Lygia Fagundes Telles;

  • Espelhos, Miradouros, Dialéticas da Percepção – Cristiane Sobral;

  • Mulheres Incriveis – Kate Schatz;
    Mulheres que mudaram o mundo – Gabriel Chalita;

  • Não vou mais lavar os pratos – Cristiane Sobral;

  • Um verso e mei – Meimei Bastos;

  • Diversos contos africanos disponíveis em: http://oincrivelze.com.br/2015/11/downloadarquivo-com-34-contos-africanos/


CANTORAS E/OU COMPOSITORAS:
Dona de mim - Iza (2018)
Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=FnGfgb_YNE8&list=PLmRCsoI6Iszefoe2T_gW3zTn0NzQ8ac3d.
Na música de 4’26”, Iza retrata como as mulheres negras sofrem com a intersecção de raça e gênero na sociedade brasileira. Essa visão é ampliada no videoclipe.

Gente de Toda Cor – Renato Luciano
Disponível em: https://youtu.be/FTU5NYUxZ14
A música retrata a diversidade das pessoas, ainda que seja em um grupo pequeno, fazendo-os imaginar como essa diferença pode ser amplificada quando pensamos em um total da população brasileira, ou do mundo.

A Roda Gira – Cris Costa
Disponível em: https://youtu.be/AE7kftw1N1w
Cris Costa é uma cantora local, Ceilândia DF, que retrata em suas músicas alegrias e decepções do cotidiano de uma maneira simples pois usa as palavras como se estivesse brincando com as rimas, sem deixar de lado a profundidade dos temas.

Respeita as Mina – Kell Smith
Disponível em: https://youtu.be/vjzKTYZMO_8
Música que exemplifica uma boa estratégia de conscientização de meninas para combater o assédio e tomar iniciativa para o enfrentamento à violência contra as mulheres.

VÍDEOS:

FILMES:

  • A sociedade do poetas mortos. Peter Weir – 1989/EUA;

  • Capitão Fantástico. Matt Ross – 2016/EUA;

  • O Guia. Peter Farrelly – 2019/EUA


AVALIAÇÃO DA ETAPA 1:
Iniciar a confecção de um Diário de Bordo ou Portifólio para registrar todas as emoções adquiridas com os textos, vídeos e músicas.

ETAPA 2: O HÁBITO DE LEITURA DE LIVROS

Fazer parceria com a biblioteca da escola é uma excelente estratégia para conhecer o acervo sobre todo assunto que abrange a temática Gênero e Raça. Enquanto há estudantes que só leem em sala de aula com a presença do docente, há aquelæs que adquiriram o hábito de frequentar a biblioteca e pegar livros emprestados para leitura. Essa parceria é essencial para que todos estejam envolvidos no projeto.

“Longe de culpar sua mãe, já que a lógica patriarcal sempre culpa as mulheres pelos erros dos homens – sem assumir que os homens podem ser culpados pelos erros das mulheres. É fato que ele aprendeu a confundir masculinidade com violência, como muita gente faz até hoje. Foi criado em um mundo de segregação, em que os sexos e os gêneros não ajudam uns aos outros com seus saberes. Embora não se possa tirar a responsabilidade de ninguém, a noção de respeito não poderia surgir no contexto em que ele vivia. Ora, o patriarcado não entende de respeito ao outro. Por isso, faz sentido dizer que todo feminismo se define na capacidade de lutar, até à morte se for o caso, por um outro desejo, que nos livre dos sistemas de opressão objetivos e subjetivos aos quais estamos assujeitados.” (Feminismo em Comum: para todas, todes e todos – Marcia Tiburi. Pág.38)

Conhecer a história de Mulheres Incríveis que de alguma forma são protagonistas da emancipação feminina, da luta pelos Direitos Humanos, da Equidade de Gênero dão esperança e propósito para todas a mulheres e meninas que desejam um futuro sem feminicídio.
Nessa etapa faz-se necessário um upgrade para a leitura de livros. Também pode deixar de 15 a 20 minutos de leitura diários ou em toda aula de uma determinada disciplina.

São apenas sugestões de experiências vividas em escolas públicas do Distrito Federal e claro que o acervo vai depender do quanto a equipe gestora e pedagógica estará envolvida. São várias obras para uso em diversas disciplinas. Se todos e todas estudantes alcançarem o objetivo de ler pelo menos duas obras, acredito que já valeu a pena.

LIVROS:

  • A mulher de pés descalços – Scholastique Mukasonga

  • A outra face – Deborah Ellis.

  • A Revolução do Bichos – George Orwell, 1945.

  • Becos da Memória – Conceição Evaristo.

  • Diário de Bitita – Corolina Maria de Jesus.

  • Eu sou Malala – Malala Yousafzai, 2013.

  • Metade Cara, Metade Máscara – Eliane Potiguara.

  • O Diário de Anne Frank, 1947.

  • O menino do Pijama Listrado – John Boyne.

  • Ponciá Vicêncio – Conceição Evaristo.

  • Quarto de Despejo: Diário de uma favelada – Carolina Maria de Jesus


VÍDEOS:

FILMES:

  • Estrelas além do tempo. Theodore Melfi – 2016/EUA.

  • O Jogo da imitação. Morten Tyldum – 2014/EUA.

  • As Sufragistas. Sarah Gavron – 2015/EUA.

  • Sem pena. Eugênio Puppo – 2014/Brasil.

  • O aluno. Justin Chadwick – 2014/UK.


AVALIAÇÃO DA ETAPA 2:
Roda de conversa e compartilhamento é um recurso importante e indispensável após a leitura de cada livro. Com mais leitura e aquisição de conhecimento por diversos vídeos faz-se uma base sólida para discussões e relatos de experiências. E, é claro, para continuar alimentando o Diário de Bordo ou Portifólio.

ETAPA 3: CULMINÂNCIA DO PROJETO DESIDERATA

Após tantas discussões, debates, compartilhamento de experiências, chega a hora de finalizar o Diário de Bordo ou Portifólio. A formação de grupos para elaborar trabalhos artísticos e autorais são fundamentais para a culminância do projeto.

O Projeto Desiderata culmina-se num grande evento organizado por toda equipe docente e gestora da escola com a finalidade de convidar professoræs de outras escolas, profissionais e artistas locais para fazer uma roda de conversa com estudantes que se identificam com os temas sugeridos. A ideia central e fazer com que estudantes sejam livres para escolher os temas que querem participar, sem obrigação de nota ou presença, mas simplesmente pelo desejo de participar do evento. Até porque leituras, debates e trabalhos já foram elaborados durante as aulas.

A objetivo é que esse movimento de aprender o que se deseja se torne tradição na comunidade escolar com o propósito de ressignificar a educação como transformação e ação.

Desiderata, do latim "coisas desejadas", projeto idealizado com o objetivo de incentivar estudantes na aquisição de conhecimentos sobre Direitos Humanos, Equidade de Gênero e Racismo promovendo rodas de conversa para troca de vivências.

Estudantes convidados para participar do evento são esclarecidos que não há vínculo algum a nota ou trabalhos escolares. São motivados a participar pelo simples prazer de aprender mais sobre temas específicos.

Os temas são apresentados e, por meio de uma pré-inscrição, os estudantes escolhem dois para participar de um diálogo, uma roda de conversa.

“A palavra DESIDERATA tem origem latina e significa "coisas desejadas". Um dos nossos desafios como educadores é tornar a escola, o conhecimento algo para o qual os estudantes se mobilizem pelo desejo e não pela mera obrigação, ou para obter notas. Boa parte da nossa tarefa é fazer da escola essa coisa desejada, onde os jovens sintam prazer em estar.” (Gina Vieira Pontes, Idealizadora do Programa Mulheres Inspiradoras no DF)

I Desiderata CEF 16 de Ceilândia
Os temas abaixo foram compartilhados no I Desiderata que ocorreu no CEF 16 de Ceilância -DF, em outubro de 2019. Projeto idealizado pela professora Celiana Mota, docente de Português e Inglês, que envolveu toda equipe gestora, docente e discente da escola.
Foi uma experiência fantástica pois vivenciamos o que é colocar em prática a cidadania e democracia na escola.

Desiderata 1: Direitos Humanos –Ruth Meyre (Professora Doutora SEEDF)
Desiderata 2: A Roda Gira – Cris Costa (Cantora e Compositora)
Desiderata 3: Corpo e Identidade – Glau Soares (Estudante de Artes Cênicas, UnB)
Desiderata 4: Tecidos de Afeto e Cura – Cristiane Sobral (Professora SEEDF, Escritora e Atriz)
Desiderata 5: Slam Poesia – Meimei Bastos (Professora SEEDF e Escritora)
Desiderata 6: Racismo e Direitos Humanos – Murilo Mangabeira (Professor Mestre SEEDF)
Desiderata 7: Empreendedorismo – Flávio Sanches (Empresário e Mentor de Negócios)
Desiderata 8: PAS/Vestibular – Eurípedes Braga (Professor do Ensino Médio SEEDF)
Desiderata 9: Cuidado com a Vida Humana – Vítor Ferreira (Enfermeiro e Músico DF)
Desiderata 10: RAPensando – Emerson Franco e Heitor Valente (Projeto RAPensando DF)
Desiderata 11: Bate Papo Adolescente sobre Relacionamento Abusivo – Cecília, Marcela, Samara e Vitória (estudantes de escolas públicas do DF)

Ficamos extremamente emocionad@s com o Projeto Desiderata pelo simples fato d@s estudantes pedirem para fazer de novo. A diversidade de temas se deu pelo trabalho de leitura em sala de aula e sugestões almejadas pel@s própri@s estudantes.

Vale a pena a experiência pela riqueza de conhecimento adquirido e por acreditar que esses temas passam a ser “coisas desejadas” pel@s estudantes.

Recursos Necessários


  • Data show;

  • Caixa de som;

  • Trechos de Textos Impressos;

  • Livros Literários de Mulheres Incríveis do Brasil e do Mundo.

  • Livros Literários que proporcionam debates sobre Gênero e Raça.

Duração Prevista

Três bimestres.

Processo Avaliativo

Exposição de Diários de Bordo, Portifólios, Produções Poéticas e Artísticas produzidas ao longo dos bimestres pel@s estudantes.

Observações

“Como educadora aprendi muito com os erros e a Pedagogia de Projetos é uma excelente oportunidade para entender que mediar nada mais é que direcionar a troca de conhecimento. Quando entendemos que @ estudante deve ser o foco em toda instituição de ensino aprendemos ser mais humanas e cidadãs. Projeto Desiderata marcou minha vida e a vida de centenas de estudantes.” (Professora Celiana)

Referências Bibliográficas

• Caderno Orientador: Convivência Escolar e Cultura de Paz. SEEDF. Brasília, 2020.

• Currículo em Movimento do Distrito Federal: Ensino Fundamental - Anos Iniciais - Anos Finais. 2ª Edição. Brasília, 2018.

• GALLO, Janaina Soares. Caderno Pedagógico Metodológico. Janaina Soares Gallo, Clara Ramírez Barat e Amanda Petraglia. São Paulo, fevereiro de 2019.

• SCHATZ, Kate. Mulheres incríveis: artistas e atletas, piratas e punks, militantes e outras revolucionárias que moldaram a história do mundo / Kate Schatz, ilustrações de Miriam Kleim Stahl; tradução de Regiane Winarski – Bauru, SP: AstralCultural, 2017.

• TIBURI, Márcia. Feminismo em comum: para todas, todes e todos? Marcia Tiburi. – 4ª ed. – Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2018.

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