Análise crítica da fábula “A cigarra e a formiga”

Estado: São Paulo (SP)

Etapa de Ensino: Ensino Fundamental I, Ensino Fundamental II

Modalidade: Educação de Jovens e Adultos, Educação do Campo

Disciplina: Língua Portuguesa

Formato: Híbrido

Sou mulher, negra, de origem periférica e militante pela educação pública de qualidade. Desde 2018, atuo como educadora popular na educação de pessoas jovens e adultas pelo Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos de São Carlos - MOVA São Carlos - SP.

Objetivos

Em diálogo com a proposta do Edital Público Igualdade de Gênero na Educação Básica, mobilizamos as contribuições de Rago (1985) que, em sua obra Do Cabaré ao lar: a Utopia da Cidade Disciplinar apresenta uma contextualização histórica das violências de gênero no país como fruto de uma sociedade machista, paternalista/patriarcal. Nesse sentindo, a pesquisadora aponta o papel da mulher associado ao âmbito doméstico e à devoção ao marido, aos filhos e ao lar como o resultado de uma moralização da classe dominante (burguesia) sobre a classe operária em formação no inicio da industrialização no Brasil – passagem do século XIX para o século XX. Assim, nesse contexto, enquanto o homem era progressivamente empurrado para o mundo do trabalho, a mulher passava a encarnar o modelo de “esposa-dona-de-casa-mãe-de-família”, que vivia ou deveria viver fora do espaço de trabalho capitalista (RAGO, 1985, p.62-64).

A perspectiva contextualizada anteriormente, sobre “a construção do lugar social das mulheres” será abordada nesta proposta de sequência didática de forma a colaborar para a desconstrução das ideologias e discursos machistas que ainda rondam o imaginário social - fortalecendo os discursos patriarcais - e, sobretudo, “dividindo” a luta das mulheres (cis e transgêneras) pela emancipação feminista.

Conteúdo

Esta sequência didática trabalhara com a leitura e análise critica de três gêneros textuais, sendo a fábula A cigarra e a formiga o texto central para a sequência de atividades que visam desconstruir as ideologias e discursos machistas que rondam o imaginário social.

O segundo texto a ser apresentado na sequência didática (um texto de apoio à proposta de intervenção contra as múltiplas faces da violência de gênero), será um excerto do texto web Mantenedoras da natureza, Disponível em: http://eurekabrasil.com/mantenedoras-da-natureza/. Acesso em: 29 nov. 2020.

Por fim, será apresentada a canção 100% Feminista produzida por MC Carol e Carol Conká, no sentido de reforçar a importância da união das mulheres e demais sujeitos na desconstrução do machismo estrutural da sociedade brasileira. Ainda sobre os conteúdos trabalhados, a/o profissional responsável pela aplicação da sequência didática deverá elaborar materiais autorais com as/os alunas/os – palavras, frases e texto (redação de uma carta individual contra o machismo - como atividade de finalização da sequência didática) que visam a desconstrução dos estereótipos do lugar social da mulher na sociedade brasileira.

Metodologia

A sequência didática será desenvolvida na disciplina de língua portuguesa em quatro encontros de 45 minutos cada de acordo com o seguinte cronograma:

1ª aula: apresentação e leitura da fábula A cigarra e a formiga seguido da leitura de um texto complementar (Mantenedoras da natureza) e de uma roda de conversa crítica sobre as primeiras impressões acerca dos textos apresentados;

2º aula: 1º momento - retomada dos diálogos acerca da fábula e o texto complementar seguido de apresentação e escrita de alguns verbetes, palavras e frases que rondam os discursos sociais e que podem contribuir para a união ou desavença entre as mulheres;

2º momento - construção coletiva (não estereotipada) do que significa ser uma pessoa feminista, independente do gênero;

3ª aula: 1º momento - retomada dos diálogos acerca dos discursos sociais que podem contribuir para a união ou desavença entre as mulheres, bem como da construção coletiva (não estereotipada) do que significa ser uma pessoa feminista, independente do gênero;

2º momento – audição da canção 100% feminista, seguida de uma roda de conversa sobre os diálogos feministas emancipatórios que aparecem na canção.

4ª aula: Redação individual de uma carta (elaborada pelos alunos para a formiga da fábula) com orientações que ajudem as formigas a desconstruir a desunião de gênero que foi imposta (na fábula) na relação com a cigarra.

Relacionado ao formato do desenvolvimento das atividades, elas poderão ser realizadas tanto no formato presencial (quando possível), quanto no formato remoto (encontros síncronos e assíncronos – em decorrência da pandemia da Covid-19) com a mobilização dos textos no formato impresso, PDF (no ensino remoto), elaboração e apresentação de palavras, verbetes e frases em projetor, apresentação de slides ou chat (no ensino remoto) audição da canção proposta no rádio ou via canal Youtube (no ensino remoto) e produção escrita da carta à mão ou digitada (no ensino remoto).

Recursos Necessários

Lousa, giz, pdf dos textos a serem trabalhados em sala de aula

Duração Prevista

A sequência didática será desenvolvida na disciplina de língua portuguesa em quatro encontros de 45 minutos cada

Processo Avaliativo

A avaliação será realizada por meio da redação individual de uma carta (elaborada pelos alunos para a formiga da fábula) com orientações que ajudem a formiga a desconstruir a desunião de pares que foi imposta na relação com a cigarra.

Referências Bibliográficas

“Exercício de compreensão ou copiação nos manuais de ensino de língua” (MARCUSCHI, 1996); Do Cabaré ao lar: a Utopia da Cidade Disciplinar” (RAGO, 1985).

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